VIZINHO DO LADO! (FANTASIA)!

Tenho andado muito excitada com alguns encontros casuais que tenho vivido, nos últimos dois meses! Também pudera, não deve ser fácil pra qualquer mortal! Trata-se de um homem que tem uma sensualidade incrível, seus olhos emitem uma luz, que paralisa os meus sentidos! Ontem, distraída no elevador, quando parou no quinto andar, essa tentação, subitamente entrou! Gelei! Fiquei transtornada! Frio na barriga! Rubor no rosto! Pernas tremendo! Uf! Muito lindo! Uma camisa verde, igual a seus olhos, que refletia aquela energia mágica e um convite proibido! Pensei, não posso ceder! Não devo! Não é justo! Pensei no meu casamento! Pensei em meu marido! Resolvi, naquele segundo, não alimentar essa fantasia que poderia destruir minha vida. Tudo foi tão rápido! De repente o elevador parou na garagem! Desci apressadamente, nem consegui falar ” tchau”! Fui andando sem olhar para trás, quase correndo, ofegante, até chegar ao meu carro estacionado! Assim que entrei e dei a partida, escuto alguém me chamando com insistência. Olhei pelo retrovisor, não acreditei! “A tentação de olhos verdes estava com minha blusa vermelha nas mãos, que em meio à correria, nem percebi que tinha deixado cair. Desta vez, não tive como evitar seu olhar! Foi incrível o que senti! Ele, assim como eu, também estava visivelmente alterado e trêmulo! Não sei bem o que aconteceu, só sei que desci do carro e num impulso acalentado, nos entregamos e  nos beijamos ardentemente! Foi o beijo derradeiro!

ENTREGA (DESCONTRAÇÃO)

De vez em quando fico pensando como somos invadidos, quase que o tempo todo! Tem sempre um “atrevido”, querendo entrar sem ser convidado! Muitas vezes são pessoas negativas, interferindo em nosso campo energético ! Meu Deus, como tenho vivido essas situações! Eu que sempre fui muito generosa, dá uma vontade danada de não ser mais! Sim, sempre tive um olhar empático com meus semelhantes! O egoísmo sempre foi um sentimento estranho pra mim! Hoje estou me questionando em muitos valores que me norteiam. Fico muitas vezes confusa e isso tem me feito muito mal! Estou precisando de ajuda! Essa foi a fala de Helena quando chegou em meu consultório.  Fiquei atenta ouvindo tudo o que verbalizava, observando sua expressão corporal. Queria entender o que estava por trás de toda essa queixa, o que de verdade estava lhe causando tanta angústia! Ela estava visivelmente defendida, com dificuldades de falar o que realmente estava acontecendo. Respeitei o seu momento e estimulei a continuar seu “desabafo” e, esvaziar a “pressão” de seu peito! Em dado momento, num repente, ela se calou! Ficou muito quieta e triste! Olhando em seus olhos, busquei conexão com seu coração. Nesse instante surgiu um pranto tão intenso, tão profundo! A alma veio junto, com dores reprimidas, perdidas ao longo do tempo! Confusão de sentimentos! Peguei sua mão e a levei até o divã. Lá ela pode finalmente respirar, respirar, respirar… Assim foi adentrando no paraíso perdido , lá no fundo de seu ser!

A HISTÓRIA DE ROBERTO! (BUSCA DA IDENTIDADE)

Cada paciente que chega me traz um grande aprendizado! Penso que essa troca faz parte da construção que nos permitimos nesse mundo! Quero focar aqui a importância de nossos afetos, de como recebemos e expressamos esses afetos! Muitas vezes temos dificuldades na capacidade de expressão! Podemos desenvolver bloqueios  na formação de nosso caráter, dependendo da educação que recebemos e de nossa história de vida! Essas defesas podem impedir a manifestação dos conteúdos, em maior ou menor grau. O caso que descreverei é um bom exemplo. Há algum tempo recebi o telefonema de um homem que chamarei de ‘ROBERTO”! Dizia estar desesperado, precisava ser ouvido! Se sentia muito mal e sozinho! Tinha sido encaminhado por uma antiga paciente. Marcamos a entrevista! Quando o recebi, estava visivelmente alterado, nervoso, tentando ser simpático! No decorrer da conversa foi se acalmando e tentando verbalizar o conflito que vivia. Fui entendendo seus dramas e aflições! Em seu relato falou da difícil relação que viveu com seu pai, um homem austero, rígido e centralizador que não sabia respeitar o outro! Isso foi uma constante na relação de ambos. Roberto não se sentia amado e nem respeitado por esse pai. A relação tinha sido insustentável! O pai repetidamente o desqualificava! Exigia que respondesse à sua expectativa e como isso não acontecia não perdia a chance de o humilhar! Roberto se sentia impotente! Toda essa situação vivida desestabilizou intensamente seu emocional. Desesperado não teve outra saída senão romper a relação! “FERIDA  ABERTA”! Longe desse pai,” ROBERTO” ficou ainda mais fragilizado! Sentia-se anulado, sem identidade! Não conseguia trabalhar e nem namorar! Esse pai se tornou um tirano dentro do seu peito! Durante o processo terapêutico precisou se olhar pelo avesso. Teve que reconhecer carências e frustrações que tinham se formado em seu mundo interno. Encarou de frente! Na medida em que foi se sentindo mais fortalecido foi desconstruindo esse pai internalizado. Pode até encontrar alguns aspectos de amor na relação vivida e reconhecer que poderiam fazer parte  da nova construção! Uma nova imagem de pai surgia e concomitantemente um novo ROBERTO! O perdão pediu licença! Finalmente havia uma semente à ser geminada! Depois de algum tempo, já fortalecido, partiu em busca do pai real! Foi acolhido com certa timidez! Nesse novo contato soube, que assim como ele, seu pai tinha também vítima de seu avô! O pai de Roberto também tinha sido vítima de seu avô paterno. Ele inconscientemente, repetia com ele, o modelo vivido. O perdão trouxe transformações maravilhosas! As situações mal resolvidas foram renegociadas no silêncio do coração! Uma nova identidade começou a nascer!

NO LIMIAR DA CONSCIÊNCIA ( AUTO-CONTROLE)

Fogo no coração! Como ardia! A mente sem conexão alguma com o bom senso! Caminhava descalça pela rua escura, iluminada apenas pela luz da lua. Pedrinhas pequenas e pontiagudas, espetavam os meus pés como espinhos venenosos. Os pés sangravam! Eu nem me importava. A dor do peito era muito maior! Nesse estado quase letárgico,  passou por mim um bêbado que, apesar de sua embriaguez, passos vacilantes, mesmo assim, conseguiu me enxergar e buscou conversa. O abrupto contato daquele instante, me trouxe pra realidade enlouquecedora da qual estava fugindo! Ele segurou meu braço num gesto quase violento me obrigando a reagir, mas, num ” tranco”, me livrei de suas mãos! Num surto quase louco comecei a gritar, o grito profundo das entranhas, até sentir minha garganta sem voz! Doía, doía!  O embriagado, falando enrolado, meio baixo, gritou no meu ouvido: -ACHO QUE BEBEMOS DEMAIS! QUER TOMAR UM CAFÉZINHO? Olhei para ele e tive pena de nós!