Mês: outubro 2018
INFIDELIDADE (expectativa de mim)
Muito sonhadora, romântica e solitária. Quem sabe uma fantasia me faria bem? Meu casamento anda num tédio! Quase nem vejo Eduardo. Sai de casa cedinho para trabalhar, e a noitinha, todos os dias, happy hour. Quer me enrolar dizendo ser importante ele reforçar relações profissionais. Toda turma do escritório costuma ir, diz ele. Enquanto isso fico eu e minha solidão, caladas. Esperando Eduardo voltar. Deve pensar que sou idiota. Não é possível. Cansei! Eduardo merece um chifrão bem no meio da testa. Na melhor das hipóteses! Outro dia chegou, alta madrugada, cheirando um perfume de mulher. Descarado negou. Veementemente. Disse que eu estava louca. Que agora dei para imaginar cheiros. Fiquei muito puta da vida! Quebrei o maior pau, espatifei louças no chão da cozinha. A vontade era jogar na cabeça dele. Controlei minha raiva. Não seria desiquilibrada a esse ponto. Não seria a louca que ele me chamava. O malandro do Eduardo, como sempre, com seu jeito, cínico, único, seduziu novamente meu bom senso. Acabei, novamente, na cama com ele. Depois daquele orgasmo incrível, a raiva amenizou, mas, sinto que não o perdoei. Já conclui que ele é um sem vergonha inveterado. Não tem atitude de homem casado. Seu caráter não vai mudar. Tenho muita vontade de me vingar. Confesso que tenho dificuldade em ser infiel. Fui criada numa família com valores morais. Trair em minha família era pecado e crime! Evito pensar em vingança, por isso. Porém, está acontecendo algo estranho em minha cabeça. De uns tempos para cá, anda rolando em meus pensamentos, fantasias sexuais com o Bruno da quitanda. Viril e forte. Não tem muita beleza física, mas, e daí? Tem charme e está me trazendo vida. Bruno é danado, vive me seduzindo com olhares e morangos. Nunca comi tantos morangos! Toda tarde dou um jeito, me arrumo toda cheirosa e vou buscar verdura fresca e alguma fruta para o meu jantar solitário. Bruno já percebeu minha carência e como macho alfa que se acha, não desiste, tenta aquecer meus sentimentos de mulher com olhares sedutores e pacotinhos de morangos. Noutro dia, audacioso, colocou um morango enorme em minha boca. Confesso que estava uma delícia. Adorei aquele imenso morango doce! Porém, confesso que a noite em meu travesseiro, só quero Eduardo. Na verdade Eduardo é minha paixão! Os pensamentos fantasiosos tem vindo como uma brincadeira nutrindo minha carência. Não pode haver pecado! Imagens se afloram coloridas em minha mente, repletas do Bruno. Cenas pegando fogo entre quatro paredes. Como num filme. Sinto que acendem meu lado adormecido de mulher. Saio da cova emocional em que me meti. Não estou feliz! – Na última segunda feira, atormentada e angustiada, chegou em meu consultório, Ana Lúcia. Precisava se entender! Sair dessa cilada emocional em que se colocou. Queria obter respostas viscerais de seu coração contraditório. Sentir. Expressar. Ter atitudes assertivas. Lidar com sentimentos bloqueados que a estavam sabotando. Rever valores e culpas. Sentiu que estava sendo infiel a si mesma! Precisava colocar no paredão de seu coração, Eduardo e Bruno. Que mistério a prendia nessa situação energeticamente desgastante, alimentando tanta insegurança e fragilidade? Precisava desvencilhar as tramas de seu coração!
DINHEIRO: QUAL SEU VALOR? (auto-sabotagem)
Ando pensando muito neste tema! Olho a dimensão que ” Ele” ocupa no mundo! Preocupa como será o futuro da humanidade! Parece que o homem ficou pequeno demais perto dele! A força que ele atingiu supera os valores naturais da vida. Os crimes, traições e mortes que dele decorrem, mostram como ficou o psiquismo humano! Com o transcorrer do tempo, está ficando potencialmente pior. O dinheiro está ligado a morte e a vida! É um paradoxo! Sem dinheiro na nossa sociedade não se vive! Essa é uma realidade! Estamos ficando cada vez mais submissos a importância que ele ocupa e o seu significado! Socialmente seu valor dá o status de “PODER”! E os outros aspectos da vida? Como fazer os nossos sentidos se aflorarem e conseguir perceber no meio desse caós , a importância de um sorriso, de um olhar carinhoso, de um gesto de amor? Como identificar a alegria e a felicidade em coisas simples do dia/dia? Sensações que não custam nada e podem trazer à vida sabores tão essenciais? Que você diria de um simples vento acariciando sua pele numa tarde de outono? O som das ondas do mar? Uma noite enluarada, cheia de estrelas? O nascer do sol? Essas podem ser algumas das formas naturais de sentir a vida sem a presença do vilão! Ninguém pode roubar isso de alguém. Esse poder não tem preço! Só você pode se roubar!!!
MORCEGO COLORIDO ( IMATURIDADE EMOCIONAL)
Como é gostoso aquele chamego! Aquele beijo no pescoço! Aquele abraço quente! Nossa!!! A sensação é tão intensa que chega a amolecer as pernas! Naquele momento a gente esquece de tudo! Fica nas nuvens! Quando esse carinho vem desintegrado de cumplicidade e respeito à identidade do outro, resulta num grande desgaste dessa relação! Há relações que funcionam com esse padrão, por um tempo ou por longo tempo. Vão depender de como foram construídas e o “jeitão”, de cada casal! Um tempinho atrás, recebi em meu consultório uma linda moça com o nome de “FLOR”! Era uma pessoa delicada e muito cheirosa. Fazia jus ao nome! Tinha uma pele macia, lembrando “pêssego”, e um sorriso encantador! FLOR estava com vinte e oito anos, mal vividos no amor! Tinha uma sensibilidade muito aguçada e timidez respeitável. ” UM FOGO INTERNO” queimando suas entranhas! Ouvia elogios sobre sua beleza, mas na verdade, não se sentia assim. Suas histórias nos relacionamentos era assustadora de,” auto- anulação”! Com seu jeitinho delicado e indefeso, era facilmente seduzida com palavras sedutoras, esvaziados de amor! Havia algo nela que a impossibilitava de atrair pessoas equilibradas e disponíveis à amar! Estava quase desistindo de ser feliz! Dessa forma ela relatou sua queixa no nosso primeiro encontro. Estava tão desencantada pela vida, pelos homens, como se eles tivessem tido o poder de lhe causar tanto desencanto! Não sabia onde estava o erro! Segundo o seu relato, no início de seus envolvimentos, era tratada como uma rainha. Cheia de mimos e carinhos. Soberana! Com o passar do tempo percebia sua energia sugada e não entendia muito o porque! Sentia-se esmorecida e de certa forma perdia a vontade de estar naquele envolvimento.! Havia um vazio interno que não compreendia! Terminou várias relações por se sentir assim! Esse padrão emocional já não dava mais pra ela bancar. Na verdade nunca se sentia amada! Começou a ter crise de depressão! Numa dessas fases, quase deu um fim a vida! Sentia-se vítima do destino. Sem saída! Por ter muito medo de perder o pouco de vitalidade que ainda sobrava, buscou ajuda na terapia. Depois de algum tempo de tratamento, pode identificar que seu próprio comportamento alimentava esse tipo de situação, que tanto lhe fazia mal! Percebeu que em suas relações, havia da parte dela escolhas inadequadas. Ela estava afastada de seu coração! Tinha uma necessidade muito grande de agradar o outro, muitas vezes em detrimento de si própria. Se entregava de tal maneira sem entrar em contato com seus sentimentos! Identificou também que só atraia pessoas desajustadas, com dificuldades de relacionamento adulto e equilibrado. Essas pessoas, assim como ela, estavam afastadas de seus corações. O “MEDO “, de rejeição e abandono fazia com que” FLÔR” aceitasse tudo do outro. Sem nenhuma discriminação. Se anulava como pessoa! Em terapia pode ir assumindo as rédeas profundas de sua vida e buscar a mulher perdida dentro de si! Ainda está buscando conhecer seu jardim e semear suas flores! Desta vez com escolhas conscientes!
O DROGADO! (ALMA VAZIA)
Alma preenchida, sinônimo de vida plena! A plenitude é um estado energético de profundo equilíbrio emocional! Não é necessário buscar outras fontes! A vida parece leve e com ritmo próprio. É pra poucos! Tive um paciente, Rafael, jovem de vinte e seis anos, num quadro emocional muito difícil pra ele administrar! Estava ancorado num núcleo confusional muito acentuado, com grandes dificuldades de focar objetivos e metas. A vida pra ele não tinha sentido algum! Se perdia nos fatos, sem a menor importância no dia/dia! Tinha momentos em que o vazio era tanto, que sentindo que iria entrar em depressão, se drogava muito! Depois de um tempo fumando maconha, ela já não satisfazia suas necessidades. Precisava de drogas mais pesadas! Foi desta forma que acostumou a se preencher! Assim foi se enganando! Ficou por muito tempo!!! Normalmente entrava numa enorme depressão após o efeito da droga e, quando isso acontecia, consumia mais droga ainda, tentando parar de sofrer! Esse quadro emocional virou um ciclo vicioso! Rafael vinha de uma família desestruturada, com um pai extremamente austero e rígido! Tinha uma mãe com identidade fragilizada e uma irmã que tentava driblar os grandes conflitos e angústias gerado por seus pais. Ela buscava seu próprio equilíbrio, fazendo terapia, tentando organizar a cabeça! O pai sempre exigiu de RAFAEL, o reflexo de si próprio, em todos os níveis! Por ele não responder as suas expectativas, esse pai o desqualificava e o criticava, exaustivamente! Essa rejeição tornou a vida do moço insuportável! Ele tentou fugir desse sofrimento entrando nas drogas! No início era só maconha, depois, quando isso já não abastecia sua enorme carência, foi entrando em drogas mais pesadas! Foi se transformando numa caricatura de si próprio. Extremamente magro, não queria mais se alimentar entrando num caminho com poucas chances de volta. Analisando seu caráter, notava-se uma enorme imaturidade emocional. Ele se expressava como um menino assustado diante da vida! A relação emocional vivida no campo familiar inviabilizou seu amadurecimento, tornando-o um adulto-criança! Não houve chances desenvolver autonomia e auto- confiança! Teve muito medo de crescer e se expressar nas diversas fases da vida! Não houve acolhimento! Com um tratamento prolongado, no seu ritmo, foi enfrentando as dores caladas e as frustrações mal resolvidas de sua vida! Depois de um bom tempo percebeu que podia ser ele mesmo, com qualidades e defeitos! Foi buscando o seu melhor! Se aceitando! Reconhecendo sua força, percebeu que era mais forte do que as drogas que o dominavam! LIBERTOU-SE!