VIOLÊNCIA DOMÉSTICA! ( MACHISMO/COVARDIA)

Sou Cláudia, psicóloga. Exerço a função de psicoterapeuta num grupo de trabalho social que cuida de mulheres, vítimas de violência masculina, dentro de suas casas. Os casos de agressões absurdas que chegam até mim revelam uma enorme falta de equilíbrio, amor e respeito. A grande maioria desses “machistas” foi também vítima de pais também machistas. Eles ensinaram, pelas próprias atitudes, que esse modelo fortalece um homem! Esses filhos também sofreram muito! De algum jeito, cada um deles teve a sua primeira natureza bloqueada.Tiveram que desenvolver padrões de caráter alterados e doentios, acreditando que, assim, seriam fortes e admirados. Os valores primordiais do ser humano que correspondem à sensibilidade, empatia e generosidade ficaram recalcados em algum ponto de seu interior. Semana passada chegou até mim a jovem BETH, trinta e dois anos, mãe de um bebê de nove meses, casada com LUIZ, homem socialmente gentil, muito simpático e brincalhão. Na intimidade, “um monstro”! Ela relatou que, simplesmente, era submetida a torturas psicológicas e físicas, sempre que ousava não concordar com ele, em qualquer situação. Beth, durante a sessão, enquanto falava de seu sofrimento, ergueu a blusa e expôs marcas da mais recente violência de que foi vítima. Motivo banal: ousou atrasar o almoço do MACHÃO! Ele nem quis saber o motivo. Nem deixou ela explicar que o bebê deles tinha ficado a manhã inteira enfebrado, por causa de uma infecção na garganta. Ele tinha chorado muito. Só se tranquilizava sendo embalado no colo, com canções de ninar! Na hora em que seu marido chegou para almoçar, o neném tinha acabado de ser medicado e adormecera. Beth nem teve tempo de colocá-lo no berço. Luiz, descontrolado, não vendo a mesa posta, começou a vociferar palavrões, de baixo calão, ofendendo-a de todas as formas. Mal Beth tentou se explicar, ainda com o bebê no colo, recebeu um bofetão no rosto e caiu no chão com a criança. Teve o cuidado instintivo de o proteger com os seus braços! O bebê acordou super assustado, chorando muito. Nem essa cena abalou o desequilibrado marido. Estava como num surto. Não conseguia ouvir nada. Só sabia agredir, verbal e fisicamente. Como um monstro, pegou o filho do colo da mulher e o jogou no berço. Em seguida, despejou todo o ódio de uma vida em cima de Beth. Empurrou-a contra a parede, arrastando-a pelo cabelo, até o fogão. Dizia que ali era o lugar dela. Nem o ” TOTÓ”, o cãozinho que presenciava tudo, foi poupado. Num gesto brutal, o “machão” deu-lhe um pontapé no traseiro. O pobre cachorrinho correu dali, chorando muito. Depois deste filme de terror, o insano LUIZ saiu de casa deixando dores, choros e gemidos, como se nada tivesse acontecido. Sempre contou com o silêncio e o medo de Beth.  Desta vez foi diferente. Decidida a não passar nunca mais por essa situação criminosa, enfrentou seus medos e foi direto buscar ajuda na justiça. Foi assim que a conheci. Saindo da nossa consulta, ela  prestou queixa na delegacia da mulher. Não iria mais se submeter ao seu algoz. Ele não sequestraria mais a sua identidade! Jurou nunca mais ser prisioneira dele e nem de ninguém. Emergiu uma nova mulher no momento em que ela reconheceu que “estamos onde nos colocamos”! A ampliação da consciência é o único canal saudável, que dá chance de buscar e desenvolver integração entre auto-imagem e auto-estima. Na verdade, a fragilidade de um machão troglodita emerge diante de uma mulher forte, que se ama e sabe o que deseja para si.    

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