FANTASIAS DE MULHER CARENTE! (CONTATO COM A REALIDADE)

Sou Carla! Quem se atreve a me julgar? Sou casada e traio “emocionalmente” o meu marido. Tenho fantasias com outros homens.  Acho que  entrei na idade da “loba”! De uns tempos para cá, me surpreendo com pensamentos em cenas íntimas e românticas com personagens criados em minha imaginação. A primeira vez em que isso aconteceu, foi após uma briga feia que houve entre eu e o Ricardo, meu marido. Ele foi tão grosseiro que tive ímpetos de pular no pescoço dele! Claro que não cometeria esse ato insano. Não sou louca e nem burra! Um metro e noventa de puros músculos! A rotina, a falta de criatividade e contas a pagar, foram amortecendo os meus sentimentos por ele. Acho que eu esperava muito desse casamento! De certa forma eu consegui. Tenho a “LUNA”, uma filha maravilhosa, a cara do pai. Ao mesmo tempo em que ilumina as nossas vidas, também representa um obstáculo a realizar os meus sonhos de mulher. E olha que são muitos! Mas Luna está acima de tudo para mim! Por ela eu morro! Quando aprendi a me refugiar em minhas fantasias, o  mundo ficou mais colorido. Em minha cabeça, encontrei uma forma secreta de me manter feliz e não destruir a minha família. Era tão engraçado. Muitas vezes me peguei provocando o Ricardo só para ele ser agressivo e eu poder criar em minha mente um personagem capaz de satisfazer meus desejos de mulher e eu não sentir culpa. Sei que atrás desse comportamento desequilibrado, que surge em nossas brigas, existe um homem tentando se fortalecer para se sentir mais admirado e com uma melhor auto-estima. Acho que por isso sinto culpa. Nem sei se ainda o amo. Só sei que preciso sonhar e realizar desejos enquanto me sinto “VIVA”! Muitas vezes me critico e me acho imatura. Nesses momentos volto à minha lucidez. Enxergo a realidade. Valorizo mais o meu marido e consigo até sentir tesão por ele. Assim passamos curtos períodos de “felicidade”! Dali a pouco todo o inferno se repete. Num desses períodos de guerra fui ao supermercado. Estava numa banca de produtos naturais, distraída; ouço uma voz rouca e máscula me perguntando sobre os morangos incríveis que ali estavam expostos. Levantei os olhos e vi a personificação de meus sonhos. Tremi. Gaguejei! Nem me lembro o que falei, só sei que Fábio, esse era o seu nome, passou a ocupar o meus pensamentos, perigosamente. Alimentei esse perigo por seis meses. Foram momentos platônicos! Quando nossa “amizade” foi ficando muito ameaçadora, resolvi dar um basta. Eu não poderia destruir meu casamento por uma fantasia. Acho que foi o contato com a realidade mais sofrido que vivi. Tive que fazer uma escolha. Sentia que aquela sonho não tinha bases  na realidade. Fábio era quase um adolescente! Eu uma mulher de quarenta. Me afastei! Fiquei mais exigente e adulta com o meu marido. Ele com medo de me perder mudou muito! Se conscientizou e se assustou com minhas mudanças de atitudes. O meu casamento foi se tornando mais feliz. Menos brigas. Mais respeito! Acho que estamos amadurecendo. Vejo minha filha mais segura. Vivendo mais alegre os seus nove anos de idade. Acho que me ancorei numa fase de crescimento e auto realização. Voltei a estudar jornalismo.  Estava noutro dia na lanchonete da faculdade, senti um tocar leve em meu ombro. Reconheci aquela voz rouca e máscula. DESTA VEZ EU NÃO TREMI!!!

BONECA DE CERA! ( DESPERTAR DO CORAÇÃO).

Desde criança sempre fui muito independente. Cresci buscando viver a vida do meu jeito. Me tornei um tanto individualista. Aprendi com minha mãe que isso era saudável e me facilitaria buscar caminhos desejados. Assim, eu fui dando muito certo nos estudos, na minha profissão de engenheira agrônoma e na vida social. Sempre estudei muito. Dei o sangue no meu doutorado. Recebi o conceito máximo! Procurava não me envolver com problemas que não fossem meus. Nunca desviar o foco. Egocêntrica mesmo! Só pensava no meu desenvolvimento profissional e social. Namoros, relacionamentos? Não cabiam em minha agenda.  Nunca me apaixonei. Fiz sexo esporádico, sem envolvimentos. Me tornei um ” robô humano”! Dificilmente chorava. Aprendi que chorar era dos fracos. Nem mesmo quando a minha mãe morreu. Afinal eu não podia desconcertá-la! Desse jeito fui desenvolvendo uma atitude de negação emocional e muita rigidez de caráter. Se eu falasse “não” à uma determinada situação, jamais mudaria de opinião. O modelo materno se encaixou como uma luva no meu jeito de ser. Tinha uma amiga, Maria,  que me apelidou de ” BONECA DE CERA”! Dizia que eu era bonita e insensível. Eu achava graça e dizia que não era bem assim. Confesso que as vezes isso me incomodava. Ela vivia paixões, sofria, sorria, chorava…  De certa forma eu achava aquilo muito estranho. Alguém ficar sofrendo por alguém! Não via necessidade nisso. Fui ensinada a ser prática e deletar tudo que podia me tornar emocionalmente dependente. Também aprendi com minha mãe a nunca prejudicar ninguém.  Ter muita responsabilidade sobre os meus atos. Com essa consciência, tirei minha carta de motorista aos dezoito anos de idade. Nunca bati o carro. Estou com vinte e nove anos  e considero que dirijo muito bem. Segunda feira passada, indo à academia para fazer os meus alongamentos costumeiros, dirigindo o meu carro, meio distraída no celular, de repente  escutei um forte barulho. Como se tivesse passado em cima de algo pesado e grande. Parei imediatamente para ver o que havia acontecido. Fiquei chocada! Estirado no chão, um belo “labrador dourado” tremia, evidentemente em choque. Senti um aperto no peito! Naquele momento, não pensei em nada. Só queria salvá-lo. Sorte que bem em frente ao acidente, havia uma clínica veterinária. Corri pra pedir socorro. Nesse momento chegou um homem forte, alto, moreno,  de cabelos negros e encaracolados. Estava visivelmente preocupado e tenso. Começou a acariciar o focinho de seu amigo “FRED”. Tudo foi muito rápido. Nisso o veterinário chegou e com muito cuidado transportou o cão para a clínica. Em seguida entramos eu e o dono do labrador.  Para alívio, o diagnóstico foi o de apenas uma leve lesão nas patas traseiras. Ficaria imobilizado por um curto espaço de tempo. Poderia ter sido muito pior! João, o dono do labrador, ouviu com calma as minhas desculpas e a intenção de assumir todos os gastos.  Ele foi tão delicado e sensível. Tocou em algo dentro de mim! Foi uma sensação muito boa e nova! Assim que o cão, Fred, foi liberado, quando fui acertar os gastos do tratamento, tive outra surpresa. João, seu dono, já havia pago a conta. Fiquei brava, disse que não era justo. Essa conta era minha! Insisti, mas não teve jeito. Meio sorrindo e desconversando, sutilmente, ele quis saber mais de mim. Trocamos telefones e olhares. Pela primeira vez na vida, senti um frio na barriga por um homem! Foi gostoso e esquisito. Fiquei assustada e pensando muito nesse homem. Tudo isso aconteceu na segunda feira passada. Passei a semana com muita vontade de vê-lo novamente e quem sabe, tomar um sorvete na “Parque das Árvores”, pertinho aqui de casa. Fiquei curiosa e intrigada com a sua delicadeza e sensibilidade.. Queria saber mais dele. Comentei sobre João com minha amiga Maria. Ela não acreditou. Disse meio gozando: “Acho que você foi fisgada, boneca de cera!!! Nunca vi você se empolgar por ninguém!”.  Foi a primeira vez que eu não fiquei brava, quando ouvia esse comentário. Na verdade estou ansiosa. Comendo muito chocolate amargo!!! Hoje já é sexta-feira e nada dele me ligar. Me peguei pensando: será que já se esqueceu de mim? Será que devo ligar pra ele? E se ele nem quiser falar comigo???  Meu coração está disparado. Parece que vai sair pela boca! Busco meu lado racional pra me socorrer. Pego o meu celular. Mãos tremendo! Decido ligar e acabar com esse conflito! ALÔ! QUEM FALA? É O FRED OU O JOÃO?!!! Muitos risos do outro lado da linha!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

não ficaria bem. É o homem quem tem que ligar! Na natureza dele é de caça. Fiquei confusa, instável e de certa forma me detestando, por estar fragilizada por alguém que nem conhecia. Ao mesmo tempo, me sentia mais viva, pulsante e com vontade de sair dançando pela vida afora, só de imaginar um encontro com ele!

ESCOLHAS! (ESTOU ONDE ME COLOCO).

Desde pequena sempre ouvia a minha mãe falar da importância de comer saudavelmente. Naquela época, eu não entendia bem o que isso significava. Lembro-me, com quatro anos de idade, sentada numa cadeirinha de madeira, pintada de amarelo com a mesinha azul, presente de meu avô, minha mãe insistindo pra eu experimentar um prato de salada muito colorido.  Achei bonitas aquelas cores enfeitando a minha mesa. Lembro de pegar minha boneca “Liza” e lhe dar, com a mão, pedacinhos da salada. “Come, filhinha, comidinha boa!”. Quando fui provar o gosto daquele alimento, estranhei e não queria comer. Minha mãe, depois de insistir muito e perceber que eu não aceitava, com muita paciência e criatividade, pegou minha bonequinha em seu colo e, juntas, limparam o prato. Aquilo me intrigou. Quis imitar minha mãe; afinal, eu já estava ficando mocinha! Tudo o que ouvia, repetia pra minha “filhinha”. Dessa forma, fui aprendendo a me alimentar com mais qualidade e entendendo os “porquês”. Claro que, muitas vezes, como qualquer criança, eu ficava emburrada e infeliz por querer o que a televisão mostrava com tanta atratividade. Minha mãe adorava cozinhar e isso foi um dos motivos dela estudar os alimentos e suas consequências em nosso organismo. Assim , fui crescendo com muita saúde e energia. Já na escola, tive uma amiguinha que sempre levava de lanche pães, bolachas e muitos doces. Nunca uma fruta ou legumes, como eu fazia. Em pequenas doses, eu também comia doces e pães, mas era a minha mãe quem fazia, de forma natural. Ela colocava mel, era uma delícia! O tempo passou, mudei de escolas. Nunca mais vi a minha amiguinha de infância. Fiquei moça, entrei na universidade. Me formei em psicologia. Me especializei na importância dos alimentos do corpo e os da alma. Estou feliz com as escolhas que fiz na vida!  Neste último fim de semana resolvi ir ao cinema, assistir a uma comédia e rir um pouco; estava uma noite tão linda! Tive uma surpresa incrível. Estava também na fila de entrada, a amiguinha que foi tão querida por mim. Na verdade, ela quem me reconheceu. Eu tinha reparado numa mulher muito acima do peso, em minha frente. Como a vida traz algumas coincidências, só o destino explica! Caiu da mão dela um chaveiro, bem pertinho de meus pés.  Percebendo sua dificuldade em se abaixar, pra resgatar suas chaves, rapidamente me abaixei para ajuda-la. Assim que me levantei, encontrei o mesmo sorriso e par de olhos de Laura, a antiga amiguinha, dos tempos da escola. Fiquei confusa e só fui identificar quem ela era, quando, num gesto de alegria e saudades, ouvi dela: “não acredito no que está acontecendo! Quanto tempo!”. Num abraço choramos como duas crianças. Depois de todas as sensações gostosas que esse encontro provocou, decidimos, em vez de entrar no cinema, ir a um barzinho próximo, colocar a conversa em dia. Foi maravilhoso sentir tantas emoções e resgatar uma amiga. Percebi nesse nosso encontro o quanto ela ainda se alimenta muito mal. Entendi a causa provável de sua obesidade mórbida. Minha amiga não está feliz! Acho que tenho uma missão. Nosso reencontro não foi por acaso. Laura precisa de ajuda!!!