MENINO OU MENINA? ( ESCOLHA EMOCIONAL).

Patrícia ficou grávida! Não cabia em si de tanta felicidade. Quase já havia perdido as esperanças. Tentou por um bom tempo e, agora, aos quarenta e quatro anos, finalmente recebeu a notícia que mais esperou na vida. Sua relação com João, seu marido, não estava bem; aliás, desde o casamento há cinco anos. Ele revelou-se  uma pessoa grosseira, sem sensibilidade suficiente para dividir a vida com uma mulher delicada e sensível como Patrícia. Ela queria muito mais. Alimentava alguma esperança na recuperação de seu casamento. Talvez o nascimento de um filho pudesse despertar em seu marido um jeito mais carinhoso de levar a relação. “Sentiam muita atração física, um pelo outro”. Na cama pegavam fogo! Mas, para uma relação estável e saudável, isso não é suficiente. Patrícia queria respeito, cumplicidade e companheirismo,  talvez, com a vinda do bebê, o casamento melhorasse. Patrícia, mulher sonhadora, dificuldades de lidar com a realidade,  grávida, “engavetou” os problemas da relação com o marido. Começou a focar só em sua gestação e em todas as sensações que uma mulher sente nesse período. Não não ousaria auto -sabotar esse momento tão único.  É como se voasse nas nuvens! Sonhava acordada. Ficava horas imaginando como seria o seu lar com um bebê, fazendo bagunças,  emanando energia por todos os cantos da casa. Patrícia, não revelava a ninguém sua preferência por menina, embora, se  menino, seria recebido com todo amor. João, ao contrário, em altos brados, dizia que só aceitaria um filho “macho”. Até por isso ela não quis saber o sexo do bebê antes de nascer.  Organizou um enxoval “arco- ires”. Muito colorido. Nada, só azul ou cor de rosa. O início da gravidez foi complicado. Muito enjoo, náuseas e  anemia. Sorte que ela tinha uma médica obstetra dedicada, a quem chamava de “Anjo da Guarda”. Cuidava dela com eficiência e muito carinho. A doutora Ana, além de ser ótima profissional, tinha uma capacidade de empatia muito grande. Isso  auxiliou muito o processo de gestação de Patrícia. Carente como era, teve muitos altos e baixos emocionais. Precisou de acolhimento e muitas orientações de sua médica. Essas variações emocionais, no caso de Patrícia, não teve só a ver com mudanças hormonais, próprias desse período, mas, também, pela atitude egocêntrica e egoísta de João. Não estava nem aí com ela. Seus defeitos de caráter se intensificaram durante a gravidez de Patrícia. No final da gravidez, João saia quase todas as noites com seus amigos de bar. Até altas horas na farra. Muitas vezes voltava embriagado, exigindo sexo com ela. Contrariando ordens médicas, por conta de um pequeno sangramento que havia acontecido, ela se negava. Patrícia jamais iria correr esse risco! Nunca cedeu. Daí, mais um motivo para discussões e clima pesado. Patrícia ficava, aflita e ansiosa. Chorava muito!  Numa dessas noitadas de João, já no final da gravidez, “rompeu a bolsa”. Patrícia correu  às pressas para a maternidade. Glória, sua grande amiga a acompanhou. Maria Angélica nasceu!  Parto normal. Robusta e encantadora. A cara do pai. “A vida é caprichosa!”. Só os olhos “sorridentes e rasgadinhos” pareciam com os da mãe. O  coração de Patrícia queria que ia explodir de tanta felicidade. Nem sentiu a ausência do safado, João! Naquele momento mágico, reconheceu sentimentos novos dentro de si. Percebeu o imenso amor que seu bebê despertou. Quanto isso era transformador. Bem ali, na maternidade, decidiu desfazer o casamento. Não iria mais se deixar torturar com humilhações e falta de respeito. Maria Angélica iria ter um lar feliz. Ela veio para construir amor! Isto aconteceu há uns dois anos. Feliz, Patrícia retomou o seu ofício de artesã. Dedicada e criativa voltou a dar aulas e  nutrir sonhos. Ensina e elabora artes.  Adora as gargalhadas de Maria Angélica. Brinca muito com sua princesa. Seu dom profissional se enquadra muito com sua delicadeza, sensibilidade e forma de sentir a vida.  Dia destes soube que ela Patrícia voltou a namorar. SIM! O SEU CORAÇÃO ESCOLHEU UMA MENINA!

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