RECOMEÇO! (ARREPENDIMENTO).

Coração apertado, rubor no rosto e faíscas no olhar, Madalena não conseguiu disfarçar a raiva que sentiu de João Pedro naquela noite em que renasceu. Aquele hipócrita articulado, disfarçado de bom moço, sabia muito bem ser gentil e delicado no círculo social. Lá ele representava o sensível e educado.  Sabia usar palavras bonitas de se ouvir. Usava como armas sedução gestual e verbal, atraindo muitos admiradores. Seu fã clube era de pessoas interesseiras e desestruturadas, tanto quanto ele. Tinha um bom público para alimentar  seu ego doente. Quando Madalena o conheceu, era uma carente sonhadora. Foi numa festa de fim de ano na casa de sua amiga Betina. Imatura e sem identidade, passou a fazer parte daquele público, também. Caiu na sedução dele como um patinho. Foi naquele momento, sem ter a menor consciência, que começou o seu caso de paixão auto-destrutiva. Período desgastante de sua vida como mulher. Auto-destruição embalada em papel dourado!  No início do relacionamento, sentia-se como uma mortal privilegiada que conquistou o paraíso. João Pedro gostava disso. Sentir-se um Deus! Tinha um núcleo bem psicopata. Poderoso e admirado. Enquanto ela cumpria as regras do jogo dele, conseguiu segurar a relação, mesmo que doendo ou sagrando repetidas vezes. Sofria. Engolia a seco e perdoava. Houve momentos em que sentiu vontade de jogar a toalha e dar seu grito de liberdade. Mas logo recaia nas garras envolventes daquele homem, reprimindo mágoas e ofensas. Dessa forma, novamente, dava uma chance a ele. Assim o tempo foi passando. Com o aumento da intimidade, não teve jeito, foram caindo as máscaras de João Pedro revelando-se um homem frio e sem empatia. A falta de respeito e a desqualificação que sentia pelas mulheres que se envolviam com ele foi ficando cada vez mais explícita. A relação foi entrando num ciclo constante de brigas, ofensas e reconciliações. A rotina do dia-dia foi ficando pesada… Ele não perdia uma chance de se auto-afirmar através de sua atitude grosseira e pequena. Desrecalcava sobre Madalena toda a sua baixa auto estima e raiva que sentia das mulheres. Após cada crise, João Pedro fazia igual ao morcego: chupava o sangue e depois lambia! Suas lambidas eram doces o suficiente para Madalena não fugir. Crise e perdão! Isso tornou-se constante no relacionamento deles. Depois de um certo tempo, lá, bem no fundo do coração de Madalena, começou a surgir um certo desconforto com aquela situação neurótica. Foi sendo gestada uma vontade enorme de se reinventar como mulher. Ela continuou por uns tempos calada com aquela consciência libertadora crescendo dentro de si. Já não conseguia dormir direito. Começou a incomodar muito a situação de ter que se esconder na sombra de João Pedro para manter a relação. Homem que tentava anular a sua identidade o tempo todo, querendo-a submissa e frágil. Em algum ponto de seu interior já tinha tomado a decisão de não querer mais se submeter à neurose de João Pedro, em troca de uns carinhos baratos que ele chamava de amor. “Na verdade ele era apenas um homem insensível e fraco, digno de pena”. Madalena começou a ouvir os sinais de seu coração. Foram se intensificando! Culminou naquela noite em que vermelha de raiva com os olhos faiscando de tantas mágoas e ressentimentos cultivados por João Pedro ao longo da relação. Naquela noite do famoso baile à fantasia que acontecia todos os anos no clube, Madalena tinha se preparado da melhor forma que conseguiu. Iria fantasiada de “Princesa das Estrelas”. Ela mesma tinha confeccionado o modelo. Parecia mais com uma fada. Sentia-se linda. Cheia de lantejoulas. Brilhava mais que uma constelação! Quando João Pedro chegou em casa naquela noite, ela já estava maquiada e vestida para a festa. Mal entrou no quarto, irônico, criticou a fantasia e o penteado de Madalena. Foi como um balde de água fria em cima dela. Ela sabia que ele era grosseiro e insensível, mas agora estava disposta a assumir seus próprios desejos. Tinha levado a tarde toda se arrumando com esmero. Não se permitiria mais ouvir críticas ácidas. Destruidoras. Ele, nessas críticas, costumava usar um tom de brincadeira para expressar o seu recalque. Na verdade, ele queria que ela fosse vestida de “madame rica”! Não tolerava não ser obedecido em seus desejos. Ela não gostou da sugestão. Resolveu fazer uma surpresa. Para ele isso era imperdoável. Um desacato. Achava mulher um instrumento de exibição! Não podia ter personalidade própria. A vontade dele tinha que prevalecer sempre! Depois dessa cena de desrespeito e emocionalmente agressiva, Madalena se  desmontou internamente.  Em outros tempos ela até engoliria a raiva e a imagem da moça compreensiva e acatada prevaleceria. Agora não! Trancou- se no banheiro e chorou. Chorou muito! Choro decidido. Lágrimas, direto do coração! Mágoas antigas, somadas às atuais, lhe deram a dimensão exata do abismo entre eles. Ficou trancada por quase duas horas. Foi parando de chorar e concomitantemente foi tomando a decisão de ser leal a ela mesma. Dirigiu-se até o espelho e se olhou profundamente. Enxugou os olhos delicadamente. Com um carinho e cuidado nunca sentido. Retocou a maquiagem borrada até ficar perfeita. Construiu mentalmente um novo caminho a seguir. Sentiu-se forte e bonita. Cheia de vida! Foi até o sofá da sala,  onde o seu algoz se divertia vendo futebol e tomando  cerveja. Deu o seu grito primal! Gritou tão forte que ele, assustado, derrubou o copo de cerveja das mãos. Ficou mudo! Madalena vociferou tudo o que estava travado na garganta, há tempos. Finalmente a sua libertação! Ali começou a sua mudança. Pegou seus pertences principais e colocou numa maleta. Respirou fundo numa sensação de alívio como há muito tempo não sentia. Iria satisfazer seus desejos e sonhos, sem ter que passar pelo julgamento de ninguém. Assumir a sua vida integralmente. Foi até a garagem, ligou o seu carro sentindo-se poderosa como nunca. Partiu em busca da felicidade. Soube-se depois que o baile foi incrível. Animado e colorido. Teve até concurso de fantasia. Adivinhem quem ganhou? Parece que o  destino conspirou a favor. Lá na festa estava o “Astro Rei”que se apaixonou pela “Princesa das Estrelas”. Desde então não se desgrudam. ILUMINAM OS CAMINHOS COM O SEU AMOR!

ESTRADA DA VIDA! (LIVRE ARBÍTRIO).

Saúde integral é um papo muito sério. Um útero quente  e com bom contato é um ótimo começo de vida. “Útero quente, energia pulsante”! A criança, logo de cara, recebe uma carga saudável de energia. Isso é suficiente, mas não basta para ser um adulto integrado. É preciso haver continuidade saudável nos  sequentes ciclos da vida. Para se pensar em integração, precisamos entender os diferentes níveis de desenvolvimento que compõem a formação do nosso ser. Cada nível está ligado a determinada fase. Somos o saldo das somas dessas fases. Podemos não ter tido uma soma satisfatória, porém, sempre haverá a chance de melhorar pela expansão da consciência. Recuperar o que for possível e crescer. Escolher e selecionar tudo que estiver ao alcance, são atitudes fundamentais que vão interferir  nessa trajetória. Não dá para escolher a nossa genética. Não podemos escolher a família em que nascemos. Nem escolhemos nossa mãe ou pai. Isso talvez represente uma escolha de alma. Não temos acesso consciente nesse nível de escolha. Para quem acredita, faz parte de um outro momento da evolução! Tampouco podemos escolher as nossas características físicas ou mentais. A genética é responsável por boa parte daquilo que somos. Ainda bem que não é responsável por tudo! Tem um porém: independentemente  da genética que herdamos, poderemos escolher o saldo humano em que vamos nos tornar. Livre arbítrio tem essa finalidade. Na liberdade de escolha se inicia a  responsabilidade sobre nós mesmos. Não há precisão sobre esse exato momento. Talvez seja quando já tivermos aprendido a diferença entre o “joio e o trigo”. Talvez não! Nem sempre a lucidez acompanha os atos. O emocional muitas vezes nos confunde e nos trai. Atitudes e escolhas podem depender muito da educação e do meio em  que  crescemos. Da nossa estrutura psíquica. Nesse quadro, a família tem um peso fundamental nessa estruturação. A escola paralelamente pode dar um reforço. “A família forma. A escola informa.” Quando essas funções não são vivenciadas plenamente, muitas vezes, abre-se um espaço, em que boa parte da mídia atua de forma tóxica. Estimula  valores fúteis e supérfluos nos aspectos alimentar, psicológico e social. “Isso pode nos afastar da nossa primeira natureza”! Intoxicação emocional e física. Ambas estão intimamente interligadas. A família mais estruturada, que atua com princípios saudáveis e equilibrados, pode ser o divisor de águas para o desenvolvimento de um ser humano singular. Tão necessário nesse mundo. Quando essa pessoa tiver condição de exercer o seu livre arbítrio, terá bases mais firmes e equilibradas.  Essa é a melhor herança que alguém pode receber! Gravidez consciente implica saber que a  alimentação materna atua de forma direta na saúde do bebê. Sentimentos e sensações durante a gestação também refletem no bebê. O desenvolvimento integrado está diretamente ligado ao equilíbrio psicoemocional. A ampliação da consciência é uma forte aliada ao crescimento biopsíquico. Compreender os princípios básicos do desenvolvimento humano e conhecer os ciclos da vida é essencial para a nossa evolução. Amplia a consciência e nos torna responsáveis pelos nossos atos e escolhas. “Estamos onde nos colocamos”. Independentemente da genética ter sido favorável ou não, o expandir da consciência é um instrumento valioso para sermos livres e responsáveis. É a parte que nos cabe.  ESSA É A SENTENÇA!

SALVE-ME! ( MENSAGEM DO INCONSCIENTE).

Nosso caso começou num encontro casual na biblioteca do centro universitário em que estudávamos. Foi um encontro de quatro pupilas. Cintilaram! inesquecível. Naquele dia eu estava muito preocupada em ler os textos de neurologia. Teria prova logo à noite. Tinha dificuldades com essa matéria e estava precisando de nota alta para conseguir ser aprovada. Sempre fui ansiosa. Nessas circunstâncias, eu simplesmente perdia todo e qualquer charme. Lembro que tinha cortado os meus longos cabelos; bem curtinhos. Ficaria mais prático, além de renovar a minha imagem. Fazia parte também de uma estratégia emocional. Queria me sentir diferente diante do espelho, já que eu não estava conseguindo mudar o meu interior. É hilário! Como se isso fosse me adiantar! Ainda bem que o corte combinou com o meu rosto. Precisava esquecer o meu ex-amor a qualquer custo. Aquela pessoa que me sugava viva. “Relacionamentos vampirescos devem ser deletados dos corações”. Estava fazendo medicina. Quando entrei na biblioteca, naquele dia, nem olhei para os lados. Fui direto pegar os livros e artigos que  precisava estudar. Sentei-me numa mesa bem de canto. Estava vazia. Preferia ficar isolada. Entretida, lendo um artigo sobre os sistemas simpático e parassimpático, tentando entender como ambos funcionam no organismo humano, escuto alguém pedindo licença e sentando-se na cadeira bem em frente a minha. O som daquela voz  interrompeu o meu raciocínio abruptamente. Não me deu tempo nem de esboçar uma palavra. Aquele par de olhos sorridentes, expressando uma simpatia fascinante bloqueou o meu raciocínio lógico. Não sei bem o que aconteceu em meu coração. Disparou! Parecia querer saltar pela boca. Senti um frio na barriga! Disfarcei. Meio sem jeito, sorri para ele. O ex-amor foi enterrado bem naquele encontro de olhares! Logo de cara ele se interessou pelo assunto do meu estudo. Disse que fazia medicina e adorava os temas que eu estava estudando. Estava em fim de curso. Iria começar residência no próximo ano. Tentou explicar as minhas dúvidas me obrigando a estimular o meu racional que tinha se desconectado com a sua presença. Senti uma sensação de felicidade incrível. Meus hormônios novamente, muito presentes, mostrando o quanto era maravilhoso estar viva. Nossas vidas mudaram daquele dia em diante. Muitos anos juntos. Vivíamos grudados em todos os momentos possíveis. Passeios.  Viagens com a festa de uma” lua de mel”. Duas almas enamoradas cuidando dos corações das pessoas.  Trabalhando muito. Os dois optamos ser cardiologistas. Um motivo a mais para sermos unidos profissionalmente. O tempo passou.  Congressos constantes. Ganhamos prestígio e dinheiro suficiente para manter cursos e especializações. Também uma boa vida.  Tudo era tão perfeito que parecia um sonho. Discutíamos casos de pacientes e muitas vezes trabalhávamos juntos. Tesão e amor nunca faltaram durante doze anos de união. Nesse tempo todo não pensamos em ter filhos. Estávamos parindo o nosso desenvolvimento profissional. Tudo muito preenchido. Tão perfeito. Parecia que não faltava nada. Foi no casamento  de minha amiga Gabriela, em que fomos padrinhos, que surgiu o desejo de ter um filho. Ela estava grávida de seis meses. Uma barriguinha pronunciada e um brilho no olhar incrível. Esperava um garoto. Exalava uma felicidade que eu não conhecia. O noivo babando de alegria. Fiquei muito feliz por ela e estranhamente mexida. A festa foi até altas horas. Quando fomos embora, resolvemos dar uma andada na praia que era bem pertinho dali. Tiramos os sapatos. A gente queria sentir o contato da areia úmida embaixo dos pés. Enquanto caminhávamos, como duas crianças felizes, surgiu o assunto de termos um bebê. Alimentamos a conversa. O desejo foi crescendo tanto, que mal chegamos em casa, fomos direto fazer amor. Foi tão intenso! Diferente das outras vezes. Já havia uma criança em nossas fantasias. Uma expectativa nova para o futuro. “TER UM FILHO”! Sei que isso mudaria toda a nossa vida para sempre. Com perdas e ganhos. Mas só de imaginar a carinha, qualquer preocupação desaparecia. Daquele momento em diante começou a minha via sacra. Quase dois anos de tentativas e frustrações. Foi então que resolvemos fazer inseminação artificial. Até que enfim deu certo. Resultado: gêmeos! Muita alegria e sonhos. O início da gravidez foi complicado. Enjoo e ansiedade. Barriga aumentando rapidamente. Cansaço próprio do estado. Fantasias animadas intercalavam com um medo absurdo que a gestação não desse certo. Quando soube que estava com um leve descolamento de placenta, senti um verdadeiro pânico de perder os meus bebes. Repouso necessário. Barriga pesada. Dormir foi ficando cada vez mais difícil. Procurei  fazer meditação como forma de alívio. Assim fui administrando toda a situação. No oitavo mês de gravidez, numa noite quente de verão, estourou a bolsa. Que susto! Ainda não estava na hora. Corremos para a maternidade. Entre risos e prantos chegaram – Rodrigo e Ana. Meu garoto nasceu forte e saudável, com uma fome de leão. Já a minha princesa, mal chorou. Fragilizada e com riscos sérios. O meu mundo desabou.  Não podia ter minha filha em meus braços. Angústia aflitiva. A ansiedade voltou com tudo. Desenvolvi um núcleo compulsivo: medo de Ana morrer. Esse pensamento se transformou num padrão mental atormentador. Sentia-me impotente. Precisava cuidar do Rodrigo. Precisava de Ana! No meio desse caos emocional, tive um pesadelo, em que minha filha me pedia para salvá-la. Fiquei mais transtornada ainda. Nesse tormento, entre impotência e culpa, desesperada, resolvi que ficaria com a minha menina em tempo integral. Deixei Rodrigo bem cuidado, pelo pai e avó. Essa decisão foi transformadora. O pensamento obsessivo abriu espaço para um sentimento de doação total. Ficamos juntas diuturnamente por  quinze dias. Lá, eu cantarolava sons de amor. Balbuciava  palavras das entranhas. Constante contato físico e emocional. Adormecia conversando com ela. Numa certa manhã, enquanto eu acarinhava a sua pequena mão de porcelana, recebi um suave aperto em minha mão. Entendi isso como a expressão da sintonia entre nós. Chorei de felicidade. Naquele instante eu soube que iríamos brincar muito pela vida! Entendi, também, que a mensagem do pesadelo foi reveladora para o meu coração. A partir dali foi descongelando o padrão mental doentio em que eu estava ancorada, com medo de perder minha filha. Esse pesadelo fez com que eu tentasse encontrar dentro de mim atitudes novas que transformaram aquele padrão mental, de tanta angústia e culpa, que estava congelado em minha mente. Fez-me sair do desespero em que me encontrava. Nossa casa hoje é festa e bagunça. Cansaço e excesso de afetos é o que há mais por lá. Dentre todas as situações que vivenciei como cardiologista, Ana me ensinou o inusitado. O MELHOR DOS REMÉDIOS É O CONTATO DE AMOR!

O SEGUNDO CORAÇÃO! (PULSAÇÃO).

A minha alma andou perdida nesses últimos anos. Acho que andei roubando a mim mesma. Me meti em confusões emocionais, compulsivamente, sem ter a exata percepção do que estava acontecendo comigo. Só o meu coração devia ter essa noção. Traiçoeiramente não me avisou. Ele se envolveu com sentimentos intensos e conflitantes e resolveu fazer uma viagem emocionante pelo mundo das paixões. Escolheu nesse percurso, como instrumento estimulador desse estado delirante a “pessoa errada”. Fantasiei sonhos  pintados de um vermelho intenso. Tudo começava num fogo morno. Aquecedor. Gostoso! Intensificando-se lentamente num fogo ardente, de queimar, tomando conta de todas as minhas entranhas. Prazer e dor se misturavam, tão harmoniosamente, confundindo a minha cabeça. Foram vezes repetidas. Eu me nutrindo daqueles alimentos deliciosamente envenenados. Fora do chão, me sentindo plena! Eram tantos os sabores! Quando eu sentia alguma indigestão emocional mais aguda,  pensava que tudo logo passaria. Nesses momentos o que prevalecia era o medo de entrar na dor. Assim fui desenvolvendo o vício de me enganar pela vida. Hoje sei que essa atitude funcionava como um placebo. Não conseguia cuidar da minha dor e nem das sequelas. Meu coração se protegia nos escombros dos sentimentos destrutivos. Buscava um novo olhar no mesmo espelho. Como se isso fosse transformar essa forma de funcionar diante da vida. Esse acúmulo de angústias e conflitos, sem que eu me dessa conta, foi desenvolvendo sintomas orgânicos importantes, abalando a minha saúde. Ficou corriqueiro. Sempre que eu vivia um stress mais intenso, concomitante, acontecia um empachamento abdominal. Havia um silêncio contínuo e dolorido em meu ventre. Muita ansiedade e medo. É como se meus intestinos não tivessem mais movimento algum. Uma angústia inquietante teimando em me acompanhar, roubando a sensação do bem estar físico. Eu ficava duplamente infeliz, tanto orgânica como emocionalmente. Um caos! Esse padrão só terminava com a resolução do stress. A calmaria durava pouco. Recomeçava com um novo e intenso stress, sem eu ter controle algum sobre esse quadro. Foi assustador viver essas somatizações por um tempo tão prolongado. Ao mesmo tempo, eu continuava cega emocionalmente, persistindo na “escolha errada”. Como se fosse o ar que eu respirava. Achava que não resistiria viver sem aquela pessoa. Minha identidade ficou comprometida. Nessa gangorra louca a que eu me entreguei, um grito de socorro. Algo dentro de mim sinalizou um basta! Não tive dúvidas: procurei psicoterapia, buscando ajuda. Decisão mais importante que consegui me permitir. A escolha responsável pelo meu auto-conhecimento. Entender o que acontecia comigo naquele quadro de dependência emocional doentia foi a possibilidade que encontrei de me integrar saudavelmente. Resgatar minha autonomia emocional e lucidez de possibilidades de escolhas. Sair da gangorra de sentimentos destrutivos e sensações enlouquecidas que me transformavam num fantoche. Compreendi que fui vítima de mim mesma. Saldo: fiz as pazes com o meu segundo coração.  Aprendi como o seu silêncio é revelador! Aprendi também que ele é amigo íntimo do meu outro coração. Responde a todos os seus queixumes e pulsações. Os movimentos peristálticos gostam do sabor dos alimentos saudáveis que colocamos em nosso interior! Brinca e dança gostoso quando está feliz! Alimentos e emoções saudáveis são o seu fraco. Detesta excesso de ansiedade e sentimentos amargos. Assim que o conheci mais intimamente, me apaixonei. Sua lealdade me fascinou. Percebi que dentro de mim há um mundo novo pra conquistar. Quanto à pessoa errada? Sei lá! Deve estar perdida procurando novas vítimas. Já sei me defender. Entendi que a vitalidade dos meus corações depende de mim. Precisam da minha escolha para serem felizes! Na última sessão pude ouvir os seus ritmos. ” ADOREI A MENSAGEM QUE RECEBI”!