DIVÓRCIO! (AMIGO IMAGINÁRIO).

Ana Marta, sete anos de idade, acordava sobressaltada todas as noites. De repente, no meio da madrugada, com muito medo, sentava na cama com os olhos meio vidrados chamando pela mãe. Essa situação estava recorrente. Tudo começou a partir do momento em que seus pais se separaram, há seis meses. Separação litigiosa. Muitas brigas e exposições emocionais violentas em  que seus genitores não tomaram o devido cuidado de poupar essa criança. Ana Marta adorava o pai. Era o seu ídolo. Falava que “quando crescesse queria namorar com ele”! Na verdade Cláudio foi um ótimo pai enquanto esteve presente na vida da criança. Depois que se apaixonou pela garçonete da faculdade onde dava aulas tudo mudou. Esse homem enlouqueceu. Só cometeu desatinos. Abandonou a família sem olhar para trás. Era uma sexta feira quente de verão. Aquele deveria ser um dia especial para a sensível Ana Marta. Aniversário de sua melhor amiguinha da escola. Estava ansiosa esperando pelo pai naquele fim de tarde. Ele havia prometido levá-la à festa. Ficou ansiosa o dia todo. Numa expectativa danada. À tarde, depois do lanche, já quis vestir a roupa da festa. Vestido vermelho com bolas brancas, cheio de laços. Lindo, lindo! A babá arrumou seus cabelos louros dourados, num rabo de cavalo que realçava seu rostinho delicado. Calçou os sapatinhos brancos  que sua mãe havia comprado para esse dia especial. Ana Marta parecia uma princesa. Sentadinha na sala, brincando com Lia, sua boneca preferida. Ficou  distraída por um longo tempo esperando o pai chegar. Na casa só se encontrava ela e a babá. A mãe estava viajando a trabalho. Chegaria no dia seguinte pela manhã. Foi a um congresso da área em que trabalhava. As horas foram passando. Ana Marta começou a reclamar com a babá da demora do pai. Tinha medo de perder a festa. A babá a acalmava e dizia que logo ele chegaria, e, calmamente, continuava entretida no romance que estava lendo, desconectada do estado emocional em que a menina se encontrava. Assim o tempo foi passando e nada do pai da pequena chegar. Ana Marta agarrada à sua boneca, começou a chorar quando olhou os ponteiros do relógio. Lembrou que a velinha iria ser assoprada as nove e meia da noite. “Festa de criança tem horário”! O desespero da menina fez com que a babá tentasse falar com o seu pai, Cláudio. Deu caixa postal. Tentou contato com a mãe, Maria; também não conseguiu. Estranhou! Ana Marta, extremamente frustrada quis ir para o seu quarto. Ainda vestida de festa. Adormeceu abraçada à Lia… Naquela noite a babá dormiu no emprego. Logo cedinho, Maria, a mãe da menina chegou. Quando soube do ocorrido, furiosa, tentou falar com o marido. Caixa postal! Não podia acreditar. Onde aquele idiota teria se metido? Que ele andava estranho há algum tempo, ela já sentia. Frio. Evitando intimidade. Mas isso não era novidade no casamento deles. Muitas brigas e reconciliações já era um padrão conhecido. Maria atribuía muitas dessas brigas ao stresses dos últimos tempos. Ela não se preocupava tanto assim! Na verdade não o admirava muito como homem! Mas ainda algo a prendia naquele casamento, talvez a filha, concebida com tanto amor.  Quando sentia ímpetos de se separar imediatamente emergia a vontade de tentar novamente. Pensava que talvez tudo pudesse melhorar. Stress e conflitos de temperamentos existem em qualquer relacionamento. Agora, a atitude dele com Ana Marta foi imperdoável, a não ser que tivesse um motivo muito grave! Apenas! Fora isso, não tinha o direito de ter feito o que fez! Maria era uma mulher bem racional. Procurava organizar os pensamentos antes de tomar uma atitude séria. Mas, mesmo com toda a sua  racionalidade, não suportou saber da dor sentida pela filha. Chorou de tristeza também! Imediatamente se desfocou da dor e transferiu o seu pensamento para o seu marido Cláudio. Onde andaria aquele sem vergonha? Nem dormiu em casa! Como teve coragem de sumir sem dar notícias? Insensível! Resolveu tomar um banho pra aliviar a cabeça e esperar pelo canalha. “Será que tinha acontecido algo”? Não. Más notícias chegam rápido! Não precisou nem começar a pensar nisso! Assim que entrou em seu quarto, bem em cima da escrivaninha, ao lado da cama, havia uma carta fechada. Antes não tivesse lido. Impressionante! Como fora capaz? Desde então, Ana Marta se transformou numa menina triste e solitária. O brilho de seu olhar ofuscou. Expressão  triste. Na escola se afastou das amigas. Ficou apática e problemática. Nem a Lia, sua boneca preferida, ela queria por perto. Desenvolveu em seu mundo imaginário amigos leais, como compensação. Estão com ela sempre que precisa. Eles não a abandonam nunca. Tem até cachorrinhos coloridos. Com nomes escolhidos por ela.  Sua única diversão desde então, é ficar trancada em seu quarto  brincado com esses amiguinhos. Ultimamente seu quadro de ansiedade havia piorado muito. Muitas noites acordava chamando pelo pai. Diante do agravamento de seu quadro emocional, mesmo tendo pouco tempo disponível para a filha, Maria, resolveu tomar uma atitude já que o pai foi morar em outra cidade. Ana Marta ficou muito arredia com ele. Passou a vê-lo pouco. Parece que ele nem sente falta da filha! Também, apaixonado como ele está pela nova mulher! “É UM MOLEQUE MESMO”! Maria, usando sua racionalidade, entendeu que Ana Marta precisa de tratamento psicológico infantil. Ela sabe muito bem o que é depressão. Quase foi fisgada. Não é justo que minha inocente menina seja vítima dessa fera. Não! ” ELA NÃO ROUBARÁ O  BRILHO DE SEU OLHAR!

47 comentários em “DIVÓRCIO! (AMIGO IMAGINÁRIO).”

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