Estava num bosque. Era noite de verão. Lua cheia clareava as árvores e todo o ambiente ao redor. Mariposas voavam livremente, como dançarinas ao luar. Encantavam com seus movimentos suaves e ritmados. Comecei a caminhar empurrando os galhos que cruzavam o caminho. Suspense. Um certo medo vinha das entranhas. Fantasias misturadas com realidade tornando o momento fascinante e assustador. Isso não impedia de continuar a me embrenhar cada vez mais no desconhecido. Buscava mistérios e emoções! Fui andando. Passos vacilantes. Insistentes. Depois de algum tempo percebi que a claridade tinha diminuído muito. Frio na barriga repentino. Parei! Ouvi um ruído, como se fosse passos de algum animal grande. Paralisei! Pernas tremeram. Suor frio no rosto. Mãos geladas. Respiração contida, pra não emitir som algum. Não podia chamar atenção. Fiquei assim, instintivamente, por alguns instantes. Coração queria saltar pela boca! Na mente, pensamentos de auto sobrevivência. Aqueles minutos pareciam intermináveis! Ansiedade intensa se apoderou de mim. “Ansiosa e aflita”! Num repente senti uma dor ardida no pé esquerdo. Aquela dor funcionou como uma “chamada para a realidade”. Consegui organizar minimamente os pensamentos. Foi aí que percebi que estava descalça. Meu pé começou a sangrar. Doía muito! Percebi que algum espinho pontudo o tinha espetado. Como uma criança, comecei a chorar. Chorei muito. Sangrava, sangue vermelho! Sentimentos misturados. Ambivalentes. Decidi interromper a caminhada. Comecei a retornar com passos lentos. Firmes! Protegendo o calcanhar esquerdo que doía muito se o colocasse no chão. Apoiava-me em alguns galhos quando a perna vacilava. Conforme fui retornando, a luz da lua foi retomando e clareando o bosque. Isso me energizou. Diminuiu o medo. Fui ficando mais tranquila, não fosse a dor no pé. O coração se aliviando. Peito se abrindo. Finalmente reconheci onde me encontrava. Incrível como fiquei mais segura. Não me sentia mais perdida. Uf! Caminhei mais um pouco e encontrei o ponto de partida. Lá se encontravam os meus sapatos. “A luz da lua iluminava os meus sapatos vermelhos”! Estavam lá me esperando. Apressei os passos em direção a eles. Por alguns segundos até me esqueci do espinho no pé. Só fui lembrar quando apoiei o calcanhar no chão. Sentei-me numa pedra cinza, e, sob a luz do luar, arranquei o espinho dolorido. Doeu um bocado. Aliviou também. Dei uns passos e fui lavar o machucado numa fonte ali pertinho. Assim que fui tentar colocar os sapatos, percebi um vulto se aproximando. Fiquei apreensiva. Estava tudo tão deserto! Meio alerta e muito atenta. Qual nada! Quando o vulto se aproximou, revelou-se a figura com que mais sonhei. Parecia a história da Cinderela. Tinha a delicadeza própria dos príncipes de meus sonhos. Com um sorriso lindo em seu olhar, colocou os sapatos vermelhos em meus pés! DEU-SE O ENCANTO… (ACORDEI COM O TELEFONE TOCANDO).
SONHO/Trazido por Lina Maria. Moça jovem, inteligente e sensível, necessitando auto conhecimento e ampliação de consciência. Terapeuticamente será desenvolvido fortalecimento de sua relação com a realidade, integrando-a aos seus sonhos e desejos, respeitando os seus limites.