Guilherme é figura que inspira os fracos. Sessenta e seis anos cronológicos e quinze mentais. Casado e pai de dois filhos adultos. Seu comportamento inadequado foi suportado pela esposa durante os trinta anos de convívio. No início do relacionamento Marina achava até graça quando o marido falava ou fazia coisas fora do contexto. Pensava que fazia parte da carência emocional dele. Ele tinha tido uma infância difícil, pouco contato amoroso. Família numerosa e desestruturada. Ficava jogado nas ruas, cabulava aulas, sem direção e acompanhamento. Aprendeu a mentir pra se proteger de possíveis punições quando era indagado sobre alguma falha que cometera. Pais ausentes emocionalmente, porém, violentos. Sorte que na adolescência, um tio paterno se preocupou com o futuro dele e resolveu investir em seus estudos. Guilherme foi obrigado a duras penas, entrar nos eixos e nos valores sociais. Teve que estudar muito. Foi muito cobrado pelo tio Jonas. Se deu bem profissionalmente. Formou-se em direito. Abriu um escritório na área trabalhista, ganhou um bom dinheiro. Só o seu caráter imaturo que não mudou, pelo contrário, ficou mais crápula ainda. Esse traço era mais evidente na intimidade. Sabia usar máscaras no social! Quando Marina o conheceu na faculdade, ficou encantada. Nem imaginava que aquele bonitão brincalhão tinha caráter fraco. Era um sedutor inveterado e disfarçado. Com o passar dos tempos ela conheceu o marido infiel que lhe causou muitas lágrimas. Mulher forte. Segurou a onda! Conseguiu conservar a família unida, engolindo raivas e dissabores ao ponto de desenvolver intensa gastrite. Apaixonada pelas suas crianças. Deu duro na formação do caráter deles. Não pensava em si. Doou-se inteira. Agora, depois de tanto tempo, filhos independentes e bem direcionados na vida, não quer mais auto sabotar-se. -“Guilherme potencializou seus defeitos. Transformou-se numa imagem piegas do sessentão com cabeça de adolescente. Sua linguagem, atitudes e interesses são fúteis e escrachados. Pornografia e cachaça são seus vícios. Aposentado, boa situação financeira, gasta tudo nos bares da vida. É um imbecil, sentindo-se um jovenzinho sedutor. Adora menininhas! Desprezível como ser humano”! – Essa foi a fala de Marina. “CIC”. Ela o enxotou de sua vida. Marina veio buscar ajuda terapêutica. Juntar destroços internos e se perdoar. Está gostando do novo sabor de sua vida (jardins de girassóis). Descobriu-se corajosa, bonita e inteligente. Vai retomar os estudos. Desta vez quer fazer psicologia. Diz brincando: “Quero ajudar outras Marinas em tempo hábil”. Estamos trabalhando nessa questão. Será desejo genuíno ou transferência terapêutica? Sua viagem interna lhe dará a resposta. Está atenta. Vida nova. “MARINA NÃO PODE SE ENGANAR DESTA VEZ”!