O MUNDO COLORIDO DE RENAN! (DISLEXIA)

Renan, nove anos, é uma criança singular. Inteligência colorida e muito criativa. Desconhecida dos medíocres. Estão acostumados com o modelo tradicional que a sociedade aprova! Esse garoto desde pequenino já denotava um comportamento diferente do irmão mais velho. Sua mãe, mulher simples, afetuosa e preocupada, sempre esteve por perto. Coração gigante. Alma frágil. Cérebro ambivalente. Ora o protegia, ora o punia. Uma coisa é certa: ela o amava profundamente! Algumas vezes até se traia sendo rude e severa. Depois sentia muita culpa por atitudes agressivas e rejeitadoras que eventualmente tomava em relação a ele. “Renan era como um Anjo”. Doce e sensível! Vivia num mundo imaginário sustentando fantasias e sonhos. Natural que Joana, sua mãe, tivesse preocupação com o futuro do filho. Ela era sozinha. Separou-se do pai de Renan, ainda grávida. Um homem troglodita! Insensível e egoísta. Trabalhadora e determinada, Joana seguiu a vida. Conseguiu o cargo de gerência num grande supermercado, próximo à sua casa. Dona Lourdes, sua mãe, dava um bom suporte enquanto ela não voltava do trabalho. Preparava comidas caseiras saborosas, muitas verduras e grãos. Um tempero delicioso. Renan adorava a comida da avó, que o mimava demais. Era o seu xodó. Mulher da roça, que, em sua simplicidade, não entendia porque o  neto amado tinha tantas dificuldades na escola. Ela adorava o jeito amoroso dele. Para ela, Renan era o máximo principalmente quando mostrava pinturas  expressivas e coloridas! No entanto, acompanhava a rotina dele e sabia que algo estava errado em sua vida escolar. Não foram poucas as vezes que Joana foi chamada à escola em função das dificuldades de seu filho em ler e escrever. Em decorrência disso Renan sofria muitas gozações e humilhações. Quando chegava em casa amuado, Joana já sabia que algo ruim tinha acontecido na escola. Ela era uma mulher  esclarecida, porém não conseguia entender o que havia com seu filho. Porque tanta dificuldade  em aprender? Sempre o achou inteligente e criativo. Em sua cabeça, às vezes, surgiam perguntas sem respostas, mas logo pensava que era incompetência dos professores. Trocou Renan de escola algumas vezes, tentando resolver o problema que tanto a angustiava. A última transferência de Renan foi para uma escola com métodos e disciplina mais rígidos. Joana pensou que talvez fosse o que estava faltando pra Renan se enquadrar. Sentia um aperto no coração só em pensar que ele poderia sofrer. Nesses instantes buscava apoio em seu lado racional pra não fraquejar. Precisava se manter firme. “Não queria repetir o erro”. Em cada mudança de escola sempre houve uma expectativa imensa e muitas frustrações. Desta última vez não foi diferente. Logo no primeiro  mês, a coordenação convocou uma reunião com Joana e a comunicou que seu filho não tinha condições de frequentar uma escola normal. Indicou-lhe uma instituição para crianças especiais. Joana descabelou-se. Filho especial? Não!  “Eles não conheciam o seu Renan!”. Ele foi encaminhado para uma avaliação neuropsicológica para fechar um diagnóstico. Havia uma suspeita de dislexia. Quando Joana recebeu o diagnóstico positivo entendeu todo o sofrimento que seu filho sentia. A partir dai, desarmou-se. Buscou informações precisas sobre dislexia. Ampliou a consciência sobre os sintomas do quadro e formas de abordagens. Incrível, mas sentiu- se mais segura para buscar caminhos.  Entendeu que existem tipos e graus diferentes de dislexia e que tem origem genética. A de Renan era do tipo mista, num grau médio. Isto é, auditiva e visual dificultando a aprendizagem e a aquisição das habilidades na escrita, fala e orientação espacial, entre outros. Renan começou a frequentar uma psicóloga especializada e uma fonoaudióloga. Ao mesmo tempo foi matriculado numa instituição que tinha classes especializadas para crianças com dislexias. Com o passar do tempo a inteligência acima da média de Renan veio à tona, transbordando de alegria os corações que o amavam e principalmente a ele mesmo. Foi ficando seguro e integrado. Professores com a magia do conhecimento e da sensibilidade, fizeram desabrochar a criação e a vida que estavam reprimidas dentro de seu mundo. Seus olhos brilhantes expressam agora a alegria de viver. Sorriem como uma criança feliz. Hoje Renan já sabe que é capaz! VOVÓ LOURDES QUE O DIGA!