Nasci assim: questionadora e rebelde. Faço as coisas do meu jeito. Não preciso de sua opinião. Nem da opinião de ninguém! Sou lá do interior da Bahia. Quando pequena dei muito trabalho. Minha mãe, que Deus a tenha, só não endoideceu porque já tinha um bocado de loucura própria. Até quiseram interná-la. Coitada. Também não era pra isso! Hoje eu entendo minha mãe. Suportar tanta amargura! Vida miserável. Tão sufocada pelo senhor meu pai. Cabra insensível. Casca de crocodilo é o que ele era. A válvula de escape dela foi o desequilíbrio mesmo! Daí, quando eu fazia as minhas traquinagens danadas, era a gota d’agua. É isso. Hoje compreendo minha mãe. De vez em quando eu mesma achava que tinha extrapolado. Até apanhar de chinelo, já apanhei. Com nove anos de idade queria entender coisas que os adultos não me contavam. Ouvia “quando crescer vai entender. Você ainda é uma criança.”. Eu ficava muito brava. Pensava que, se tinha brotado esse interesse em mim, é porque já era hora de saber, ué! Muitas vezes, queria entender porque a vida num dia parece maravilhosa e noutro tão chata! Porque existimos? Respostas vazias me deixavam mais questionadora ainda. Isso aborrecia os adultos, principalmente minha mãe. Ela não tinha muita paciência, não! Por muito pouco já gritava. Mandava eu calar a boca. Eu não desistia. Sempre arranjava um jeito de satisfazer o meu espírito curioso. Na escola fui uma aluna rebelde. Não gostava de estudar. Buscava só o prazer imediato. Queria viver os aspectos fantasiados dos meus sonhos criativos. Não sossegava. Fui Princesa. Rainha. Algumas vezes fui bruxa! Fui Deus colorido. Fui até borboleta em cima de uma cerejeira. Voava pelos canteiros ensolarados. As flores? Eram minhas amiguinhas. Crescendo, troquei essas fantasias pelo doce sabor do mel. Beijos, abraços e muito sexo. Nossa! Ficou sendo o meu ponto forte. Maluquice. Os hormônios enlouquecem! Só vivia isso. Só queria o doce sabor do mel! Fiquei compulsiva. “Compulsiva sexual”. Pode? Com o transcorrer dos anos fui piorando. Eu me degradando! Qualquer um servia. Não queria o mesmo homem. Precisava variar. Diversos temperos! Chegou num momento da vida que comecei a sentir auto repulsa. Mesmo assim continuei com esse comportamento compulsivo. Essa briga interna tomou tamanho gigante. “Conflito desaba a gente”. Já não tinha energia pra bancar os outros lados necessários da vida. Auto imagem zerada. Me sentia um lixo; no entanto, ainda assim, não controlava os impulsos sexuais e continuava com as atitudes de auto destruição! Era gozada pelos homens que me conheciam. Perdi amigas. Me sentia usada. Sem identidade saudável. “Galinha amarela”, era o meu apelido. Acho que porque virei loira. Numa tarde, sozinha em meu quarto, infeliz, passeando pela internet, não sei porque, resolvi entrar num blog de psicologia pra entender que força estranha me compelia a ter atitudes que não conseguia controlar. Lendo sobre compulsão, fiquei intrigada! “Será que eu tinha aquilo”? Fiquei perplexa ao ler um caso lá relatado, idêntico ao meu quadro. Lá era classificado como ” transtorno mental”. Descrevia como um padrão persistente de falha no controle de impulsos sexuais repetitivos e intensos. Identificado como distúrbio compulsivo sexual. Identifiquei- me com todos os sintomas emocionais e psíquicos que lá estavam expostos. (Muito polêmico esse tema!). Compreendi que precisava de tratamento. Fui buscar ajuda terapêutica. Não quero mais me auto sabotar. Quero alinhavar pontos importantes de meu jeito de ser e me auto resgatar. “Preciso conhecer quais caminhos internos me levam onde não quero ir”. Saber dos abismos ameaçadores e desviar-me deles. Comandar o meu equilíbrio psíquico sem me sentir um fantoche do prazer vazio. Lição nova: Orgasmo? SÓ SE FOR COM MUITO AMOR!