TRATANDO AS FERIDAS! (VIAGEM NECESSÁRIA).

Manuel Ricardo, quando criança, ouvia sempre de seu pai Eduardo, a expressão: -“Quanto mais verdadeiro você for, menos amigos terá”! Manuel, tão criança, não compreendia muito bem o que ele queria dizer com isso. Como também não entendia tantas outras atitudes repressoras vindas dele, tolhendo sua forma espontânea de ser. ” Menino não chora”! ” Cala a boca, retardado”! “Você não presta pra nada”! No entanto, intercalando com essas absurdas formas de se tratar um filho, também tinha  gestos de carinho e atenção, levando-o muitas vezes a cinemas, parques e viagens curtas à praia. Naqueles momentos eram felizes!  Outro aspecto importante era o orgulho que  Manuel Ricardo sentia pelo pai. Isso fortalecia a imagem do pai diante dele.  Adorava observá-lo moldando esculturas e diversos objetos de madeira, como competente marceneiro que era. Um verdadeiro artista. (Seu herói e seu tirano). Manuel, como acontece com a maioria das  crianças, queria ser marceneiro quando crescesse. Ficava todo orgulhoso quando ouvia elogios sobre o seu genitor! (Não fosse o lado patológico do caráter desse pai, que, provavelmente, também foi vítima de intensa repressão, tudo poderia ter sido tão diferente)! Sua rigidez e desestrutura psicológica, bloqueou a capacidade de expressão saudável de Manuel Ricardo. Estabeleceu intenso desequilíbrio emocional que gerou muita dor ! Mulher e filho foram as vítimas mais próximas. Manuel  conviveu com esse pai “doente” até seus onze anos de idade. Enfarte fulminante levou-o dessa vida! Manuel Ricardo sofreu muito com a perda abrupta. “Ficou transtornado sem o seu espelho. Perdeu a única referência”. Mesmo sendo aquele modelo doente! Mais ou menos na mesma época, sua mãe Clarice, foi internada com Alzheimer. Mãe ausente. Sem identidade. Mulher frágil e confusa, com muitos problemas de saúde. Nunca conseguiu amar e cuidar do filho. Nem mesmo dela! “Família funcionando num intenso desequilíbrio psicoemocional”! Sequestrador e sequestrados unidos! O tirano, enquanto vivo, não os poupou de sua profunda neurose. Vítimas ideais! Sem pai e mãe, Manuel foi morar com a avó materna. Mulher simples, sensível e amorosa. Dentro de sua simplicidade acolheu o neto com carinho. (Esse menino sofreu um bocado com toda essa essa história familiar)! Marcou profundamente seu emocional. Na adolescência, problemas emocionais começaram a se intensificar. Não conseguia ocupar seu espaço de forma saudável na escola, ou em nenhum outro lugar. Grandes dificuldades em estabelecer vínculos e se expressar verbal e emocionalmente de forma estruturada. Desenvolveu gagueira, fato que o deixou mais inseguro ainda. (Baixa auto estima)! Não conseguia ser ele mesmo. Buscava responder às expectativas do outro, numa tentativa desesperada em ser aceito.  Como é natural, não percebia que esse comportamento o afastava cada vez mais de seu objetivo. (Péssima auto imagem). Na escola, alguns meninos da turma tiravam sarro de seu jeito. Outros aproveitavam de sua condição psíquica fragilizada, manipulando-o. Tirando proveitos. Ganhou o apelido de Zé Mané! “Maria vai com as outras”. O adolescente foi ficando cada vez mais inseguro e fechado nele mesmo. Desenvolveu asma. Intensas crises! (Fundo emocional). Não bastasse todo esse sofrimento, sua ansiedade evoluiu para sintomas de pânico. (Taquicardia, falta de ar, formigamento na face esquerda, claustrofobia, entre outros). A psicóloga da escola percebendo esse quadro, convocou uma reunião com a avó materna de Manuel e a coordenadora. Expôs a situação que o menino vinha enfrentando e a necessidade de urgente tratamento psicológico. Encaminhou-o a uma profissional especializada. Tereza Monjardin, psicóloga experiente e sensível está realizando um trabalho sutil e delicado. O objetivo é trazer à luz  a criança sufocada no peito de Manuel e reconstruir modelos internos, como referências positivas para um novo caminho. (Recuperá-los e integrá-los em seu momento de vida). Cuidar muito do eixo emocional e comportamental! Muito trabalho no contato com a realidade, em  identificar o lado bom de sua vida. Aceitar o que não dá pra ser mudado. Resgatar a capacidade de expressão. “MANUEL RICARDO ESTÁ APRENDENDO A TOCAR EM SEU PROPRIO CORAÇÃO COM O CARINHO E RESPEITO QUE LHE FOI NEGADO”!