Pedro, como pude me submeter a seus caprichos e vaidades por tanto tempo? Quando o conheci, não tinha ideia do quanto você era neurótico. Construí um castelo cor de rosa e você cabia lá direitinho. Preenchia todos o espaços dos sonhos e fantasias. Partimos juntos numa estrada com muitos percalços e incríveis construções. Construímos vidas lindas. Perfeitas! Loira. Ruiva. morena. Quadros pintados por Deus enfeitando a vida. Raízes fincadas em minhas vísceras pontuando sentimentos de todos tipos. Alguns devastadores outros tão suaves! Além dos momentos intensos em que me sentia uma verdadeira fada. Para mim eles eram perfeitos. Pedro, como o amei! Pobre ingênua que fui. Confesso que eu era carente demais e envolvida com muito trabalho. Não restava tempo pra auto questionamento. Nunca o trabalho me assustou! Assim construí um mundo idealizado. Cuidar do ninho fazia parte do meu projeto de vida. Se não fosse seu jeito tóxico, camuflado, tudo estaria perfeito hoje. Mas seu comportamento não era tão evidente assim. Vinha em doses homeopáticas. Atitudes corrosivas devagarzinho minando o amor e admiração que sentia. Você só competia comigo o tempo todo. Disputa constante. Queria ser o melhor em tudo. Sempre uma crítica ácida em relação a mim. “ATITUDES DEFINEM UMA PESSOA”. São determinantes. Palavras ficam jogadas ao vento! Custei a compreender isso. Acordei tarde demais. Quem sabe, lá atrás, no início de nossa relação eu pudesse ter mudado rumos. Neguei a minha percepção. Talvez tenha sido uma defesa. Paciência! Eu me perdoo. Só busquei acertar! Sua atitude doente teve efeito cumulativo. Cansei de ser sufocada e engolida por você. Hoje, mais amadurecida e centrada admito que não dá mais. Acabou. Chega! O que é isso? Sufocar minha identidade, fraquejar minhas pernas? Sem nenhuma cumplicidade ou respeito. Se eu me submetesse às suas vaidades, você era a melhor pessoa do mundo. Confesso que muitas vezes me sentia uma criança assustada, admitindo seu poder sobre mim. Que loucura! Decisões importantes ou banais tudo era só com você. O soberano! Lá fora, no social, ninguém imaginava esse seu comportamento doentio na intimidade. Lá, você usava máscaras. Lindas máscaras! Não foram poucas as vezes que o perdoei ao logo de tantos anos. Tampouco não foram poucas as vezes que chorei me prometendo abandoná-lo. A sua ambivalência confundia a minha cabeça. Se eu fosse “boazinha”, nosso lar tinha paz. Você fazia comidinha e sexo gostoso. Só o que importava era alimentar seu corpo e ego. Você era cego cara! Nunca viu minha alma. Muito menos meu coração. Onde já se viu tratar uma companheira assim! No fundo você tem raiva de mulher. Desequilibrado é o que você é. Narcísico! Ego inflado que acoberta fragilidade e Insegurança. Precisa de admiração o tempo todo. Dentro e fora de casa. Isso o enche de poder. Só assim suas pernas ficam fortes para cavalgar na vida.. Inconscientemente sua alma pede socorro. Seu pedido está sendo atendido. Eu o liberto! Me liberto também. Se quiser você já pode caçar outras vítimas ou então buscar entender o menino mal resolvido, mesquinho, que existe em seu coração. Você quem decide. Quanto a mim? Tenho só uma certeza:- NÃO TEREI MAIS TORCICOLOS!