NÃO DEIXE O SEU JANTAR PARA DEPOIS! (AUTO-SABOTAGEM).).

Carlos Henrique, empresário, sessenta anos. Trouxe um sonho: -Numa sala ampla de um casarão antigo, estava havendo uma festa. No centro da sala uma mesa grande, retangular, com imensas travessas repletas de alimentos. Variados e saborosos. A maioria das pessoas já estavam se servindo à vontade. Carlos Henrique chegou acompanhado de sua mulher, Carla. Percebeu que as comidas já estavam escasseando, porém, mesmo assim, ainda havia muitas iguarias. Ele e a esposa começaram a montar seus pratos. Carlos Henrique foi logo nos pratos preferidos. Assim que avistou abóbora recheada, salivou! Colocou no prato duas porções bem servidas e foi pegar o seu indispensável arroz integral e alguns refogados verdes. (Anda evitando carnes). Tem considerado a condição de se tornar vegetariano, por ser  mais saudável para o organismo! Além disso, principalmente, existe a questão de não se alimentar através da dor dos animais! Influência de Carla, vegetariana há mais de vinte e cinco anos. “Mulher cheia de saúde e energia”! Enquanto ele montava o prato, surge uma das gerentes de sua empresa e comunica que haveria uma comemoração formal aos casados, no andar de cima. Carla, logo de cara, disse que não iria. Foi sentar-se para almoçar. Carlos  Henrique ficou em conflito. Tem muita dificuldades em dizer “Não”, socialmente. Suas prioridades pessoais sempre estão em segundo plano.  Essa atitude  irrita Carla,  profundamente. Depois de considerar a opinião de sua mulher, Carlos Henrique decidiu que não iria.  Foi então que  voltou para pegar o prato que havia deixado  sobre a mesa, porém, já não estava mais lá. O garçom  havia retirado. Carlos Henrique, com fome, disfarçadamente, pegou um novo prato e se contentou com alguns restos que sobraram nas travessas. (Acordou).

ANAMNESE: Carlos Henrique construiu com muito empenho e determinação a empresa que hoje lhe dá conforto financeiro. Não seria sua melhor escolha na juventude (tinha fortes dons artísticos). Adorava cinema. Entendeu, porém, que para ganhar dinheiro tinha que ser empresário. Precisava garantir a vida. Muito inteligente! Espírito empreendedor. Deu tudo de si. Construiu o seu sucesso financeiro e social. Por outro lado, porém, lhe custou um preço alto. “Dinheiro e sucesso não compram felicidade”! Reprimiu muitos sonhos e um jeito natural de ser.  Viveu longos anos no automático. Respondendo muito às expectativas que os outros tinham dele. Mesmo fora do trabalho esse comportamento se repetia.  Carla, sua mulher, muitas vezes enfrentou o comportamento desajustado do marido entre muitas discussões e conflitos. Quantos aniversários sozinha! Quantas noites solitárias. Ele simplesmente não conseguia valorizar afetos mais do que trabalho. Mesmo um trabalho sem importância, ele achava fundamental sua presença. Não se permitia!  Agia como se fosse um funcionário com receio de ser demitido! Não conseguia agir como proprietário e usufruir os momentos emocionais tão deliciosos em família. Era muito pobre esses aspectos de sua vida.  Foram trinta anos de ausências! Sempre havia um bom motivo como justificativa. Não se dava conta que ficava infeliz com suas atitudes tão rígidas, bloqueando sua sensibilidade e sonhos. Durante esse período começou a surgir muitas alterações energéticas. Sintomas psicológicos e físico. Carlos Henrique, não entendia o porque desses quadros. Não sabia que sua primeira natureza ficou aprisionada neste percurso. “Afetos essenciais  não vivenciados”. Relatou em sua história de vida, ter sido obrigado a ficar distante da mãe e da família, num colégio interno, por longos anos. Estudou muito. Sofreu também! Revoltado, calado. Seu foco mental fixou somente em crescer socialmente. Desenvolveu racionalidade extrema. Comportamento político e cordial. Todos gostavam dele., só que internamente ficou vazio emocional. O não saber dizer não,  facilitou entradas de pessoas fúteis e artificiais em seu núcleo de amigos. Divertido e articulado, vivia muito de aparência. Com trinta anos se envolveu com Carla, sua secretária. Na verdade ficou atraído por sua beleza. Jeitosa, sensível e feminina! “Sorte grande”! Inteligente e tolerante, soube ser companheira. Ela conseguiu enxergar a alma carente de Carlos Henrique! Soube ter calma e compreensão acima do que se pode esperar de uma mulher. Carlos Henrique de algum jeito  desenvolveu algumas atitudes saudáveis na relação com Carla, para compensar intensas neuroses trazidas em sua bagagem. Carla nunca perdeu a esperança de ver seu marido mais humano e menos máquina!

QUEIXA: Sonhos recorrentes, como o citado acima, tem bagunçado muito a forma mental extremamente organizada de Carlos Henrique. Anda ansioso e angustiado. Dia destes, acordou no meio da noite sufocado, coração disparado. Suor frio. “PRECISA LIVRAR-SE DAS TEIAS E CUIDAR DE SUAS IGUARIAS”!