História de Samira:- mulher livre e determinada, às vezes sonhadora demais, ficou distante de Estevão por sete longos anos. Durante esse tempo, evitou com todas as forças pensar nele. Saudades de vez em quando desbancavam suas defesas. Algumas vezes vinham pontiagudas, machucando mesmo! Samira se protegia para não sofrer, “Fugir das mágoas e sentimentos ruins, desviava o mental para focos externos”. Dessa forma, tinha a falsa impressão que aliviaria seu estresse. Ignorar o coração choroso, se fazer linda e correr ao shopping, era o remédio fácil e conhecido. Lá, ela se transformava. Olhava vitrine, fazia suas compras. Comprava tudo o que podia. Compulsivamente, fugindo da depressão! Procurava, desesperadamente, se apaixonar pela vida, fugir das dores da alma. Buscou mudanças emocionais, da forma errada. (Mudanças consistentes acontecem de dentro para fora). Por força da dor, buscou conversar com seu coração. Está num começo de aprendizagem. Tem aprendido a valorizar o momento, e, coisas desse momento. Talvez, tenha sido o aspecto mais saudável do que viveu! A ausência de Estevão foi o motivo que descoloriu grande parte de seu mundo. Sua história com esse homem foi construída numa base de muita amizade, carinho e paixão. Evoluindo para paixão brava! Muito sexo. Muita posse! Samira enfrentou sérias dificuldades em lidar com aquelas emoções. Ficou sem condições psicológicas para administrar o relacionamento conturbado com o difícil Estevão. Numa de suas crises agudas, não aguentou. Rompeu a relação. O casamento acabou ali. Excesso de ciúmes e brigas transformou a convivência num inferno! Após esse terremoto, solteira e desiludida, continuou vivendo por viver. Não se reestruturou emocionalmente. Agia apenas pelo racional, desvinculando -se o quanto conseguia das emoções que sentia (negação). Depois de quatro anos da separação, carente, buscando companhia, casou-se com o bonachão do João. Ele surgiu de repente em sua vida. ” Encontro no caixa do super mercado”. Casou-se rapidamente na tentativa de fugir do buraco interno do peito. Decisão impensada. Engano imperdoável! Casamento sem sabor. Sem tesão. Dificuldade de entrega. Por absoluto medo da solidão, deu sequência à fracassada união. Já, no quarto mês de casada, infeliz e sem sonhos, fugindo da depressão, novamente, começou a desenvolver fantasias com o charmoso professor Hélio, recente colega da escola onde trabalhava. Galinha como ele só! Essas fantasias secretas deram um novo estímulo à sua vida cinza. Abasteceu parcialmente, carências de seu coração sonhador. Assim, como louca, em suas fantasias, transava com o professor em sua cama de casal, enquanto dormia com João. Nas cenas criadas, ficava no meio, entre os dois. O pobre do João nunca percebeu. Roncava, enquanto Samira fazia sexo com Hélio. Isso tudo abasteceu seu casamento morno, fazendo com que ela ficasse mais tolerante e terna com o seu bonachão! Tudo funcionava como uma brincadeira. Era uma forma para se sentir viva. Não estava apaixonada por Hélio. Absolutamente. Ele representava apenas um brinquedo em suas noites vazias. Enquanto isso, Estevão continuava adormecido em seu coração, como se estivesse preso! Em meio à essa confusão emocional, o destino caprichoso trouxe o inusitado. Surpreendeu Samira. Num repente, naquela tarde de setembro, o ressurgimento de Estevão! Tarde linda. Ensolarada. Flores enfeitando alamedas. Samira saiu somente com a intenção de caminhar um pouco sob o sol da primavera. Caminhando, imersa em pensamentos, o celular vibrou. Sinal de mensagem. Samira deu uma espiada. Tremeu! Não acreditou! Estremeceu inteira. Palpitação no coração. Até se beliscou. Seria ele mesmo? Estevão! Propunha um café e um abraço. Estava na cidade por uns dias. Queria vê-la! Samira ficou transtornada. Deixou para responder só no dia seguinte. Foi se entregando lentamente aos sentimentos repletos de conflitos que emergiram. Discriminando-os! A partir dai, foi revendo seus desejos. Saudáveis e os insanos. O desejo de vê-lo foi crescendo. Ocupando espaço, bem dentro do coração. Nesse estado energético, foi liberando pensamentos que ousavam subornar suas vontades. Encheu-se de coragem. Pousou nas nuvens. OI, TUDO BEM?