Festa entre amigos. Algumas pessoas muito acolhedoras. Outras, nem tanto. Animação geral. Cumprimentos, sorrisos, exclamações! Surpresas repentinas. Música. Muita música rolando pelo ambiente. Todos os ritmos! Clima descontraído. Cada convidado chegando era uma algazarra só. Brincadeiras, risos fáceis. Muito, muito papo! Foi encarregado da caipirinha, Artur, o mais velho da turma. “Namarido” de Vitória. Todos gostavam de dar palpites na vida deles. Rotulavam o casal! Achavam que viviam num conto de fadas. Uma coisa era verdade, formavam um casal esteticamente bonito, detalhe que fazia um rebuliço nas fantasias dos invejosos de plantão. Entre os amigos do grupo rolava a maior gozação porque Artur foi eleito o tio da turma, com seus cinquenta e quatro anos. Virou tio dos trintões! A turma de Vitória, da faculdade, quem batizou e aderiu Artur no grupo, logo no início do namoro. Ela mais jovem que ele, dezessete anos, parecia uma menininha. Aparentava vinte. Motivo de “infelicidade” para Artur e seu narcisismo doentio. Existiam nos bastidores, comentários maldosos que o casal já tinha sido mais colorido, mais feliz. Na verdade, as coisas mudaram após resolverem morar juntos há dois anos. Artur começou a revelar o lado doente de sua personalidade. (Transtorno da personalidade narcísica que manifesta um lado destrutivo, compulsivo na atitude de caráter. Transparece, normalmente, na intimidade da convivência). No social, são pessoas extremamente prestativas, comunicativas, vaidosas. Valorizam exageradamente o corpo. Sedutoras. Necessitam de admiração e elogios. Lutam para ser o centro de atenção, compulsivamente. Dentro de casa, são corrosivos, manipuladores, falsos e invejosos. Distorcem situações, para vantagem própria. ‘Baixa auto estima”. Não tem empatia e desconhece o que é respeito. Precisam ser bajulados para se sentirem valorizados. Vitória, não tinha essa informação, moça sonhadora, foi pega de surpresa pelo ácido Artur. Não imaginava essa metamorfose destrutiva vinda do homem que amava. Ele simbolizou por um bom tempo, o príncipe idealizado com o qual construiu sonhos de uma vida. A violência emocional em seu relacionamento, foi ficando insuportável. Vitória assustou-se. Muito ansiosa, pensou que fosse só um período de estresse, um mal passageiro. Enganou-se! Tudo que desse, era motivo para o desiquilíbrio de Artur emergir. Pequenos detalhes no comportamento dela, acionavam a fúria dele, transformando a vida num inferno. Ela percebia o tamanho do problema, mas, não conseguia lidar com ele. Tornou-se vítima de si mesma, em nome do amor que achava que sentia. Evitava falar de si com Artur para não instigar brigas. Com tudo ele implicava. Vitória entrou na loucura de começar selecionar assuntos que massageassem o ego Artur, sabia que dessa forma teria um ótimo ouvinte e parceiro. Acontecia uma transformação gigante! Todo esse panorama confundia a cabeça de Vitória. Na verdade ela negava a realidade que vivia, tentando preservar a relação. Enquanto se auto enganava, abafava mágoas. Desesperadamente tentava resgatar dentro de si o Artur sorridente, brincalhão que conquistou seu coração, um dia. Essa memória servia como combustível para nutrir a relação. Só que a alegria durava pouco. O lado desiquilibrado do rapaz estava lá. Prestes a emergir a qualquer momento. Gangorra emocional. Não dava mais para sustentar. Num dia em que estava muito angustiada, fazendo meditação, Vitória refletiu profundamente :- Aguentar um companheiro? Não! Não é essa a proposta saudável de uma relação. Desde então, o desdém e falta de interesse de Artur, foi minando, lentamente, sonhos e desejos dessa moça simples que só queria ser feliz! Violência recorrente e crescente, levou Vitória a amadurecer e pensar em si. Queria sua vida de volta. Chegou ao fundo do poço. Decidiu! Descontruir um grande amor idealizado se fazia necessário. Não sofreria mais nas mãos daquele louco. Em meio à essa crise, surgiu o convite para um churrasco da turma da faculdade e de algumas outras pessoas, também. Vitória não titubeou. Queria ir. Respirar novos ares. Há algum tempo não sabia o que era estar alegre e descontraída. Seria no sábado próximo, dia dos namorados. Foi preparada psicologicamente a resgatar, daquela data em diante, sua alegria de viver. Seria um momento divisor de água! Se naquela noite houvesse mágoas, comportamento abusivo, que normalmente acontecia em situações assim, não iria mais se auto sabotar. Finalmente, chegou o sábado esperado! Noite da festa, Vitória, se fez linda. Vestiu seu jeans preferido. Camisa vermelha combinando com o azul desbotado da calça jeans. Cabelos rebeldes, bagunçados, bem sexy. Cachos dourados, brilhando sob as luzes. Sandálias rasteirinhas, rústicas. Queria dançar muito naquela noite! Olhou-se no espelho antes de sair. Adorou o que viu! Enquanto isso, o broxante Artur, mal percebeu a musa. Estava muito ocupado consigo mesmo. Queria apenas se admirar no espelho em todos os ângulos. Vestindo camisa branca, de marca, finíssimo algodão e a calça importada, acabada de comprar. O coitado nem desconfiava o perigo que corria naquela noite! Como de praxe, foram no carro de Vitória. Chegando a festa, depois de buscar aplausos e admirações de todos, Artur se propôs fazer as caipirinhas da noite. Nisso o infeliz era bom! Muitos sabores! Deliciosas. Agradou a todos os gostos. A noite inteira. Menos o da mal amada, Vitória. Ele simplesmente a ignorou. Queria atrair aplausos de fora. Agradar era sua arte de conquista. Conversava com um. Com outro. Bebia uns goles. De cá pra lá. De lá pra cá. Nesse meio tempo, Vitória engolia sua raiva crescente, enquanto ele exercia seu lado narcísico. Num dado instante da festa, chegou uma mulher, Estela, desconhecida da turma. Foi levada pelo grupo de estudantes que também estava lá. O grupo dispersou-se. Estela ficou abandonada num canto da mesa nos fundos. Ela era aquele tipo chato que não para de falar. Carente. Junto de Estela havia um casal meio deslocado no ambiente, também. Eram pais do churrasqueiro. Convidados de última hora. Estela única avulsa. “Lei de atração entre neuróticos”, Artur imediatamente se encaixou no vazio da Estela! Ele fez caras e bocas, o tempo todo. Responsabilizou-se pela solidão daquela mulher! Exagerado. Tentou preencher expectativas e desejos da desconhecida nos mínimos detalhes. Essa atitude exagerada, foi mobilizando em Vitoria sentimentos intensos, prestes a explodir. Vitória, até então, tinha conseguido disfarçar o que estava sentindo. Foi então que Artur passou por ela, direto, nem percebeu a sua presença. O sangue subiu! Com o rabo dos olhos ela acompanhou a ultima cena que suportaria vinda dele. Foi patético! Carregava uma bandeja cheia de legumes assados, indo direto oferecer a desconhecida, Estela. Sangue subiu mais ainda! Enlouquecida de raiva, Vitória buscou sair da situação. Foi dançar à exaustão! Descontraiu-se. Ficou até mais solta. Dançou como uma louca umas quatro músicas. Soltou um pouco dos demônios que jogavam fogo em sua alma! Seus amigos achavam que ela estava bêbada. Só riam e dançavam na mesma cadência. Artur nem notou sua mulher na pista. (Estela, naquela noite, serviu como um divisor de águas na vida do casal)! Gota d’agua que transbordou no copo! Numa pausa da dança, Vitória se recompôs. Aparente calma, nem esperou a mulher alvo de sua raiva saborear o seu prato preferido. Simplesmente, não conseguiu postergar a explosão contida no peito. Dissimulada, buscou forças no mental. Fingiu estar tudo bem. Queria sair da festa, assim como chegou: – linda e resoluta. Humilhação? Nunca mais. Com aparente calma, chegou bem pertinho de Artur, e, num tom baixo, firme e ameaçador, disse-lhe ao pé do ouvido:- Vamos embora, agora! Ele surpreendeu-se com a desconhecida postura de Vitória. Arregalou os olhos, como um cachorro assustado, colocou o rabo entre as pernas e obedeceu. Chegaram calados no estacionamento. Vitória ao abrir a porta do carro, parou. Olhou fundo nos olhos de Artur. Ficou por uns instantes focando seu olhar. Artur, numa expressão estranha perguntou se estava tudo bem. Vitória esboçou um sorriso amargo, e, num ímpeto, repentino, deu seu grito primal:- Estou me libertando de sua loucura. Canalha, doente! Estou me libertando de você. Some! Fechou a porta do carro e deu partida. Artur, calado. desnorteado, foi andando. Passos lentos na noite escura… HOJE, VITÓRIA FAZ JUS AO SEU NOME. REINVENTOU-SE!
Autor: Leila Tereza
NOITE ESCURA, CISNE OLHANDO O MAR! ( SOLIDÃO).
Tão só! Observador solitário. Indiferente aos humanos que por lá passavam. Grandes ondas quebravam na areia. Praia escura. Lua trazia luz tênue, prateando negras águas. Solidão do cisne colidiu com a minha. Doeu nas entranhas o meu vazio. Me identifiquei com aquele cisne na noite escura, olhando as águas do mar. Fui me aproximando. Silenciosamente. Sentei na areia úmida da praia. Bem atrás do cisne. Ele nem percebeu minha presença. Tão compenetrado. Estava de costas para mim. Intrigada com a cena, decidi observá-lo. Procurei não fazer ruído para não assustá-lo. Andava me sentindo apática de uns tempos para cá. Questionando o sentido da vida, sem encontrar resposta! Subitamente a cena do cisne me tirou daquele estado emocional apático. Despertou minha curiosidade. Foi muito rápido! Quis entender o que se passava em sua cabeça. Estava triste? Ou seria apenas fome? Sei que aves adoram peixes. Na calada da noite, grandes cardumes brincam nas ondas do mar onde algumas aves buscam seu jantar. (A natureza sabe equilibrar-se melhor que o homem)! A umidade da areia molhou meu short. Resolvi não dar bola pra isso. Na penumbra, continuei observando o cisne. Algo mágico aconteceu em mim. Sai daquele estado meio letárgico em que andava me sentindo. Sem interesse por nada. Num repente, sintonizei sentimentos infantis passeando lá no fundo, inundando minha alma. Tantas foram as imagens e registros emocionais que emergiram! Fiquei nessas sensações por um tempo. Lembranças de uma vida. Como num filme louco viajei entre nuvens escuras e abismos perigosos, no entanto, estava, milagrosamente, sentindo vida! Suada e com certo frio na barriga, abri os olhos. Só então percebi que o cisne tinha voado por cima das ondas prateadas. Já estava lá longe. VOOU SILENCIOSAMENTE, NA NOITE ESCURA!
MÃOS E O TEMPO! ( HISTÓRIA EMOCIONAL).
Ontem, antes do jantar, casa de minha mãe, quando saboreava um ” Tawny Port,” que Mariela, minha prima, trouxe de sua recente viagem a Portugal, fui sentindo intensa sensação de leveza e prazer. Cada micro gole preenchia minhas papilas gustativas, numa sensação de “quero mais”. Foram despertando lembranças emocionais de tantas historias vividas, cheias de afetos, da minha infância. Inebriada, na medida em que tomava mais goles, me ajeitei melhor na confortável cadeira de vime, muito antiga, na qual estava sentada. Dei uma espiada pela janela. Respirei fundo. Quintal de terra batida, continuava o mesmo. Quase nada mudou. Cozinha ensolarada, toda energética. A casa é do tipo casarão. Acolhedora! Tudo rústico. Muita madeira maciça. Espaços amplos. Lá fora, ao lado do quintal de terra batida, pessegueiros floreando deixando uma lindeza todo o lugar. Um encantamento! Nesse processo de lembranças intensas, muitos afetos, sensações inesquecíveis, emergiram na memória. Cada canto, lembranças Impregnadas me envolviam, falando de uma história de vida. Especialmente na cozinha. Quantas histórias! Ali rolavam longas conversas, até discussões inflamadas enquanto se cozinhavam comidas deliciosas. Sabores e cheiros despertavam os sentidos num convite urgente a saciar a vontade. Água na boca! Emoções foram emergindo num crescer. Lembranças que sorriam. Também machucavam! Bateu saudades da tia Zinha. Doeu! Costureira de mão cheia. Irmã de meu pai. Mulher forte, determinada. Amorosa como ela só! Sempre me protegendo contra castigos merecidos, das muitas traquinagens. Lembrei do vestido de linho vermelho, com bolas brancas. Tia Zinha confeccionou pra mim em sua antiga máquina de costura. Presente de aniversário dos meus sete anos. Simplesmente, adorava aquele vestido! Tinha um bolero, tão lindo, mangas fofas. Preferido nos fins de semana quando ia passear. Só queria ele. ” Tempo bom”! Tia Zinha partiu tão cedo. De repente. Doeu muito. Chorei, sem entender o porque do abandono, nem doente ela estava. “Tias amadas não deveriam morrer”! A vida é injusta. Envolvida nessas emoções, ambivalentes, prazer e tristeza misturados, distraída, olhei a linda toalha branca de renda que cobria a mesa. Num repente, fui chamada à realidade. Surgiram, diante de meus olhos, duas mãos cansadas, marcadas pelo tempo. Percebi que trêmulas, com movimento lento, delicado e cuidadoso, colocando sobre a mesa um prato de petiscos especiais. Pela primeira vez, depois de uma vida, tive um olhar especial para as mãos de minha mãe! Sensibilizada, percebi marcas escuras deixadas pelo tempo, denunciando cansaço e longo caminho trilhado. Alguma marcas mais profundas que outras, no entanto, não perderam a delicadeza! Mãos expressivas. Quantas histórias naquelas mãos! Quantos carinhos. Afagos. Mãos que algumas vezes precisaram mostrar limites necessários. Elas também curavam! Secavam lágrimas. Ensinaram a viver! Como num filme em minha mente, tudo foi intenso e rápido. Lentamente levantei a cabeça, dei de cara com um olhar terno e meigo, oferendo o meu quitute preferido, (rolinhos de tofu com o molho especial da Lourdes). Delicia! Com carinho na voz, baixinho, disse ter feito especialmente pra mim, insistindo para eu provar. Eu já estava sob o efeito de quatro taças de vinho e toda essa gama de emoções invadindo meu ser. Ela nem notou! Meio zonza, porém em meu equilíbrio ainda, olhei fundo nos olhos de mamãe. Ela esboçou um sorriso tão seu! Com brilho no olhar, olhou também, bem no fundo de meus olhos, naquele momento, nossos olhares conversaram de alma para alma. ALI, DANÇAMOS A NOSSA MÚSICA COMO NUNCA ANTES!
AVALIAÇÃO TARDIA. (CONVICÇÃO).
Foi preciso passar uma vida inteira para entender que não vivi. Aniquilei meus sonhos. Esquartejei-os em pedaços tão pequenos que nem me dei conta. Só agora percebi que os sepultei. Sensação horrível! Estava suportando a vida. Fui percebendo isso na medida em que perdi o tesão por coisas que antigamente acendia meu fogo interno. Bifurcações. Rupturas violentas abrindo abismos no peito, destruindo desejos. Antigos. Atuais. Figuras emocionais estranhas ocupando a mente. Paulatinamente, passei a não me reconhecer mais. Gradativa auto- sabotagem foi sendo parceira constante nesse longo período. Hoje sei disso! Querendo buscar a cura, tentei analisar porque me permiti essa autodestruição. Seria masoquismo? Estava tão cega! Sei lá. Só sei que fui a única culpada. Errei em sufocar minha identidade. Ser uma pessoa mascarada, falsa comigo mesma. Responder expectativas de alguém? Miséria! Não bastasse, era um ser, prepotente. Machista. Um zero! Baixa auto estima encoberta por ego inflado, esse era o padrão do vampiro! Burra. Imatura, só eu mesma! Sonhadora demais, idealizava a vida. Destemperei minha alma. Deprimi. Sem vontade de nada, precisava de novos temperos pra me sentir viva. Busquei alívio. Tarja preta? Não! Esse caminho não quero. O psiquiatra me desculpe. Dores da alma não se alivia com comprimidos! Preciso voltar a dançar. Todos os ritmos que a vida pode oferecer. Sentir a leveza dos ventos. A energia de um abraço quente. O calor de uma paixão. Reacender meu bicho interno, afiar garras. Deletar o lixo. RESGATAR SORRISO DA MENINA QUE SE PERDEU PELO CAMINHO!
-/Sandra Helena, buscou na psicoterapia, o caminho do auto conhecimento. Foi tentar se entender melhor, e, desenvolver auto- estima vitalizadora/.
FIAPOS DE JONAS! (DESCONFIANÇA).
Fiar a confiança exige tempo. Mesmo tomando muito cuidado, pode-se desfiar ao longo do caminho. É muito fácil. Um simples vacilar é o suficiente. “Assim aconteceu entre a gente”. (sic). Comentário de Kátia. Acabou a confiança. Quebrou -se o cristal. Muito triste. Pedaços espalhados por todos os cantos. Desesperada, Katia, tentou rejuntá-los. Exausta, desiquilibrou-se. Não deu conta. Eram tantos os pedaços! Estilhaços esparramados. Alguns muito escondidos. Cansou-se. Não tinha mais energia e nem vontade de repetir atitudes desgastadas, nessa tarefa insana. Algumas vezes, tentou sabotar seus sentidos, acreditando no impossível. Por fim, entendeu que Jonas, jamais iria mudar! Difícil para Katia admitir o fracasso em sua expectativa sobre ele. Buscou respostas às suas dúvidas até na psicologia pra poder entender onde cometeu o grande engano. Encontrou a resposta desejada. “Caráter patológico não se muda”. Sentiu um certo alívio. Não. Não tinha se auto sabotado! Simplesmente, foi envolvida por uma pessoa muito sedutora e patologicamente carente. Portadora de núcleos mentais perigosos, com necessidade de se auto afirmar em cima de alguém mais frágil. Esse tipo faz qualquer coisa para manter seu ego idealizado. Qualquer coisa, mesmo! -“Você não vai matar minha alegria de viver”! Foi essa a última frase que ele ouviu da boca dela. Assim, Katia correu para sua vida. NÃO IRIA MAIS CULTIVAR UVAS E COLHER COGUMELOS VENENOSOS!
NÃO SEJA RIDÍCULO! (REAVALIAÇÃO),
Não é possível que eu seja tão idiota. Não! Não é possível. Quando conheci Luiz, apostei na sorte. Não acreditei em minha intuição. Seu olhar me encantou. Melou meu coração. Porém, durou pouco! Bem pouco. Seus doces olhos caramelos, escureceram minha vida. Desde então busco a luz perdida. Quando me olho no espelho, reflete uma imagem que estranho. Essa não sou eu! Cadê minha leveza? Cadê o brilho de meu olhar. Estão tão tristes! Sei que sou a única culpada dessa qualidade de vida que me condenei. Foi escolha minha. ( Estamos onde nos colocamos). Reavaliando os detalhes de toda a minha história com você, percebo exatamente o momento de minha covardia. Nunca devia ter lhe dado uma segunda chance. Realmente você não presta! Caráter doente. Duvidoso. Engana bem. Seu jeito amável e cordial é capaz de seduzir facilmente pessoas ingênuas e carentes. Assim como eu fui! Acordei. Hoje, mais amadurecida e menos carente você não me alcança mais. Só as sequelas que ainda estão aqui, preciso me cuidar, ampliar a consciência. Aliás, sinto que já estou mudando. Hoje, quando você surge diante de mim, vejo uma figura frágil e com enorme baixa auto estima. Chego a sentir pena. Percebi como precisa se auto afirmar em cima do alguém, íntimo, que te ame. Que miséria! A grande vingança é que para mim, acabou! Simplesmente desmontei o padrão idealizado que eu havia construído sobre sua imagem. “Você nunca existiu”! Hoje entendo. Nunca o conheci de verdade. Luiz, Desista. Cresça. NÃO SEJA RIDÍCULO!
(Despertar de uma cegueira emocional ).
ENSAIO DA LOUCURA! (INSANIDADE).
Penso. Penso. Penso! Pensamentos insistentes. Eles se repetem sem parar. Tormento mental. Socorro! São enlouquecedores. Cabeça dói tanto. Melhor pensar que não tenho cabeça. Quem sabe assim cessem, esses pensamentos. Tudo na mente. Penso! Sem cabeça não se pensa. É isso. Tudo bem! Acabei de cortar a minha cabeça. Pronto. Vazio escuro encima do pescoço. Nova estranha. sensação Espera aí. Coração também pensa? O meu está pensando. Estou ouvindo seus recados. Descobri. Meu coração pensa. Também fala e pulsa. Pulsa muito! Parece um martelo no peito. Bate rápido. Dói. Dispara. Igual cavalo selvagem. Sem controle sobre ele, fico mais ansiosa ainda. Trégua! Alguma coisa mudou. Cabeça voltou ao pescoço. Coração começa martelar na cabeça. Pensamentos e coração martelam na cabeça. Pobre coração! Martelo e pensamento, dupla sanguinária! Jugular inchando! Acho que vai estourar, junto com o coração. Sangue vai jorrando nos pensamentos. O cérebro fica vermelho com o sangue. Socorro! Sombras escuras assustam meus pensamentos. Confusão mental. Olhos turvos. Não enxergo nada. Não penso em mais nada. Vermelho escureceu. Pensamentos escureceram. Nuvem pesada paira. Já não sinto nada. Não ouço mais o coração. Não penso mais. Não sou mais, nem cérebro, nem coração. Jugular explodiu. Vida interrompida. LUZ LILÁS. (sic)
- “Pesadelo de MARIA JOANA ao chegar a terapia com sintomas de depressão e pensamentos suicidas. Logo de início foi trabalhado o grounding, respiração, energia mental. Muito acolhimento! Trabalho de integração entre o interno e externo. Buscar novos ares emocionais! “A jugular anda contando suas histórias de vida”.
SAMIRA VOLTOU A AMAR! ( EMOÇÕES CONTURBADAS).
História de Samira:- mulher livre e determinada, às vezes sonhadora demais, ficou distante de Estevão por sete longos anos. Durante esse tempo, evitou com todas as forças pensar nele. Saudades de vez em quando desbancavam suas defesas. Algumas vezes vinham pontiagudas, machucando mesmo! Samira se protegia para não sofrer, “Fugir das mágoas e sentimentos ruins, desviava o mental para focos externos”. Dessa forma, tinha a falsa impressão que aliviaria seu estresse. Ignorar o coração choroso, se fazer linda e correr ao shopping, era o remédio fácil e conhecido. Lá, ela se transformava. Olhava vitrine, fazia suas compras. Comprava tudo o que podia. Compulsivamente, fugindo da depressão! Procurava, desesperadamente, se apaixonar pela vida, fugir das dores da alma. Buscou mudanças emocionais, da forma errada. (Mudanças consistentes acontecem de dentro para fora). Por força da dor, buscou conversar com seu coração. Está num começo de aprendizagem. Tem aprendido a valorizar o momento, e, coisas desse momento. Talvez, tenha sido o aspecto mais saudável do que viveu! A ausência de Estevão foi o motivo que descoloriu grande parte de seu mundo. Sua história com esse homem foi construída numa base de muita amizade, carinho e paixão. Evoluindo para paixão brava! Muito sexo. Muita posse! Samira enfrentou sérias dificuldades em lidar com aquelas emoções. Ficou sem condições psicológicas para administrar o relacionamento conturbado com o difícil Estevão. Numa de suas crises agudas, não aguentou. Rompeu a relação. O casamento acabou ali. Excesso de ciúmes e brigas transformou a convivência num inferno! Após esse terremoto, solteira e desiludida, continuou vivendo por viver. Não se reestruturou emocionalmente. Agia apenas pelo racional, desvinculando -se o quanto conseguia das emoções que sentia (negação). Depois de quatro anos da separação, carente, buscando companhia, casou-se com o bonachão do João. Ele surgiu de repente em sua vida. ” Encontro no caixa do super mercado”. Casou-se rapidamente na tentativa de fugir do buraco interno do peito. Decisão impensada. Engano imperdoável! Casamento sem sabor. Sem tesão. Dificuldade de entrega. Por absoluto medo da solidão, deu sequência à fracassada união. Já, no quarto mês de casada, infeliz e sem sonhos, fugindo da depressão, novamente, começou a desenvolver fantasias com o charmoso professor Hélio, recente colega da escola onde trabalhava. Galinha como ele só! Essas fantasias secretas deram um novo estímulo à sua vida cinza. Abasteceu parcialmente, carências de seu coração sonhador. Assim, como louca, em suas fantasias, transava com o professor em sua cama de casal, enquanto dormia com João. Nas cenas criadas, ficava no meio, entre os dois. O pobre do João nunca percebeu. Roncava, enquanto Samira fazia sexo com Hélio. Isso tudo abasteceu seu casamento morno, fazendo com que ela ficasse mais tolerante e terna com o seu bonachão! Tudo funcionava como uma brincadeira. Era uma forma para se sentir viva. Não estava apaixonada por Hélio. Absolutamente. Ele representava apenas um brinquedo em suas noites vazias. Enquanto isso, Estevão continuava adormecido em seu coração, como se estivesse preso! Em meio à essa confusão emocional, o destino caprichoso trouxe o inusitado. Surpreendeu Samira. Num repente, naquela tarde de setembro, o ressurgimento de Estevão! Tarde linda. Ensolarada. Flores enfeitando alamedas. Samira saiu somente com a intenção de caminhar um pouco sob o sol da primavera. Caminhando, imersa em pensamentos, o celular vibrou. Sinal de mensagem. Samira deu uma espiada. Tremeu! Não acreditou! Estremeceu inteira. Palpitação no coração. Até se beliscou. Seria ele mesmo? Estevão! Propunha um café e um abraço. Estava na cidade por uns dias. Queria vê-la! Samira ficou transtornada. Deixou para responder só no dia seguinte. Foi se entregando lentamente aos sentimentos repletos de conflitos que emergiram. Discriminando-os! A partir dai, foi revendo seus desejos. Saudáveis e os insanos. O desejo de vê-lo foi crescendo. Ocupando espaço, bem dentro do coração. Nesse estado energético, foi liberando pensamentos que ousavam subornar suas vontades. Encheu-se de coragem. Pousou nas nuvens. OI, TUDO BEM?
AS TRIGÊMEAS! (QUEM É ESSA FILHA?).
Sonhos acalentados. Amor incondicional. Noites e noites acordada. Choros. Risos no meio da madrugada. Dores de barriga. Leite quente escorrendo dos seios fartos. Enrijecidos de tanto leite! Olhos fixos nos meus enquanto mamava. Brilho das estrelas1 Sensação de vida intensa. Extrema felicidade. Muitas vezes cansada, dormia com uma delas no colo. Crianças amadas! Frutos de intensa paixão nascida lá na adolescência. Eduardo o grande escolhido. Meu homem das cavernas! Fase dos hormônios loucos. Sonhava ser mãe. Tudo tão intenso. Deus foi generoso comigo. Ganhei logo trigêmeas. Quis o universo que fossem extremamente diferentes, umas das outras, tanto na fisionomia, quanto, principalmente, na personalidade. Loira, morena e ruiva. Lindas. Lindas! Tentei dar o meu melhor, igualzinho, à todas elas. Cuidado e amor esbanjando pelas células, mãos e olhar. Cada uma é única com sua própria sensibilidade e expressão. Reagem e agem, singularmente. Enquanto pequenas, era tão fácil lidar com essas diferenças, no entanto, após a adolescência, a vida tem feito estragos emocionais entre elas. Relações bagunçadas. Difícil de se lidar com os insistentes e inevitáveis conflitos. Angústias recorrentes. Baixa de energia. Das trigêmeas, destaque especial à Camila. Exageradamente individualista. Segura de si. Tornou-se uma criatura distante, indiferente. Fechada em seu mundo idealizado. Sofro! Simplesmente não tenho acesso ao seu emocional. “Coração dela anda blindado”! Temo que desmorone anos de construções emocionais, focados na união, carinho, respeito, confiança. Simplesmente não a reconheço mais. Cristine e Carla são mais Humanas. Não se escondem. Têm a coragem de expressar sentimentos. Será que idealizei as minhas meninas? Errei na educação? Muitas vezes sinto culpa mesclada com mágoa. Já Eduardo transformou-se num sapo! Muitas vezes sozinha, choro a dor da ausência. Minhas meninas Cristine e Carla já saíram mais meigas. Gênios complicados, sim, porém, mais doces, presentes. Que saudades das tardes chuvosas com bolinhos de chuva regado a carinho. Lá assistíamos muito desenho animado, agarradinhas no sofá da sala de estar. Lembro que em dias de chuvas fortes, durante, raios e trovões, a gente se enrolava uma na outra, feito sanduíche de gente. Muito contato. Medo e afeto misturados invadiam o coração. Muita vida! O tempo passou. Caminhos e escolhas diferentes foram acontecendo. Batalhei como uma guerreira louca tentando manter a família unida. Ganhei algumas batalhas. Outras perdi. Vida seguindo! Retaliações e emendas acontecendo. Dores e separações fizeram parte. Lágrimas salgadas. Tudo bem! Fui e sou paciente. Aguardo o universo conspirar a nosso favor. O amor há de vencer! Trabalho arduamente a dissolução dessa nuvem destrutiva que ousa invadir o meu jardim. E VAI PASSAR. ESSA NUVEM VAI PASSAR, SIM!
Queixa/conflito de Jéssica. Mãe das trigêmeas, do grupo psicoterapêutico em que participou. ( Workshop).
-GRUPO COM QUATRO MULHERES:- Cada integrante escreveria numa folha de papel o conflito presente em seu coração. Textos foram colocados numa caixa. Seriam sorteados. Cada situação seria trabalhada durante o workshop, na forma de psicodrama. (A psicoterapeuta coordenaria o trabalho). Objetivo- Expor e mobilizar o conflito, através de vivencia emocional, com a finalidade de buscar formas saudáveis de administrá-lo. Expandir a consciência em busca de resolução. Seriam trabalhados, também, aspectos importantes como empatia, identificação, acolhimento e contato. A Finalização seria com um trabalho energético de integração entre as participantes.
CONVIVER !(PRECONCEITO)
Preconceito. Expressão muito usada. Muitas vezes, mal interpretada. Formar conceitos sobre temas importantes, possibilitam desenvolvimentos e novas amplitudes sobre o assunto em questão. O conceito formulado hoje poderá servir como “preconceito”, amanhã, no intuito de evoluir enquanto conceito ou transformar-se numa nova concepção. O outro lado da palavra “preconceito” é o seu significado socialmente. Expressado e usado de forma corrosiva, provoca injustiça e dor. É discriminatória! Coloca o ser humano numa qualificação inferior e desalmada. Um individuo preconceituoso não tem sensibilidade e nem empatia. Na verdade é regredido, inseguro. Não conseguiu desenvolver-se, no tempo e espaço, como uma pessoa minimamente integrada. Tem ego idealizado. É cego! Não percebe que todos os humanos são iguais em essência. Mesmos direitos e deveres diante de Deus e do social. Tem dificuldade em perceber que o mundo nos oferece possibilidades de conviver com diversidades de raças, ideias, costumes, culturas que podem expandir a consciência e os sentidos, ampliando aspectos referentes ao ser humano. “Funil dourado”! Sabemos que a convivência humana não é fácil! A bagagem educacional, emocional e a genética tem um peso que resulta no indivíduo. ” Somos vitimas de nossa historia”. Conviver, evoluir e superar, serão desafios imprescindíveis para reorganizar essa herança! Daí a importância de expandir a mente e focar num crescimento saudável, investindo- se numa pessoa melhor. Repudiar o preconceito obsoleto! Buscar transformá-lo numa base saudável de possíveis novos conceitos que exterminem qualquer negatividade que possa afetar as relações entre os seres humanos. A beleza da vida é muito simples. A aceitação do diferente, em todos os níveis, enriquece a alma do “SER HUMANO”!