Colégio interno! Vocês não sabem como é difícil para uma criança, sensível como eu, ficar isolado de sua família, de sua fonte de afeto! A cabeça começa a entrar em pensamentos obsessivos, doentios. Eu buscava os motivos daquela prisão. Perguntava pra mim mesmo : -“o que fiz de errado? “Porque estou sendo punido “? A consciência vai desenvolvendo defesas pra nos proteger do inimigo oculto. Sim, oculto! Não podia imaginar que minha mãe me desejasse tanto sofrimento. Seria insano pensar isso! Logo ela por quem eu sentia um desejo tão grande de estar próximo. De sentir seu cheiro tão gostoso! Seu hálito morno!” SUA PRESENÇA TÃO FORTE”! Não eu não podia pensar dessa forma. Tentava me convencer que forças maiores fizeram com que ela me prendesse, lá! Pensei muito. Na minha loucura concluí que foi , “DEUS”! Talvez “ELE” achasse que seria bom para mim. Ela sempre falava do grande poder e sabedoria que ” ELE” tinha! Fiquei nesses intensos conflitos, dias e noites seguidos. O que me aliviava, de vez em quando, eram os momentos de esportes que a gente praticava. Lá eu soltava parte da raiva contida ! Mas o alívio era rápido, à noite tudo voltava novamente. Isso virou um ciclo vicioso em minha vida! Não dava mais pra aguentar! Lembro que quando chegava as férias de fim de ano, eu me sentia como um passarinho solto da gaiola. Feliz, mas com muito medo de voar. Numa dessas férias, quando já fazia quatro anos de “cárcere”, resolvi que não voltaria nunca mais pra lá! Enquanto estive em casa naquelas férias, não contei meu plano à ninguém. Quando foi chegando a hora da volta, foi batendo o desespero! Não é possível que minha mãe não percebesse.Ela me conhecia tão bem! No dia do regresso ela me deu o beijo frio de sempre! Recomendou juízo e cuidado! Colocou eu e a minha prima no ônibus que iria nos levar para o interior, onde era o internato. Ela desceria na metade do caminho. Essa prima tinha a mesma idade que eu! Estava indo numa festa na casa de uma tia nossa. Era aniversário dela! Não fui convidado! Havia uma comunicação não verbal me impedindo de expressar a enorme tristeza que eu estava sentindo.! Ninguém sabia que a minha decisão já estava tomada! Na hora em que Carla foi descer do ônibus, eu, num impulso, desci também ! Fui procurar viver a minha festa! Me enchi de coragem! Voltei para casa de meus pais, novamente. Agora com menos algemas mentais! Estava no auge dos hormônios e dos sonhos! Rasquei o coração! Chorei muito! Falei de todas as dores contidas! Da enorme solidão e angústia que eu sofria naquele lugar. Para surpresa minha recebi um enorme abraço e acolhimento de minha mãe. Conheci o mel que estava escondido atrás do beijo frio! Nunca mais fugi de mim!
Autor: Leila Tereza
QUERIA TE FALAR! (PRECONCEITO)
Estou numa confusão danada. Já nem sei ao certo por onde devo começar ! Estou apaixonada ou não? Tudo começou tão natural. A nossa história é muito antiga, somos amigos há tanto tempo! Tenho a impressão de que a gente se conhece de outras vidas. Lembra quando tínhamos oito anos? Naquele tempo era só brincadeira e diversão. Você vivia me dizendo que era mais velho que eu, imagina, só vinte dias de diferença. Só você mesmo! A gente ria de tudo, simplesmente. E aquela vez na igreja quando eu tive um ataque de riso? Não conseguia parar de rir, era mais forte que eu! Todas as pessoas olhando com censura! Lembro também, que sua mãe era muito chata, ela não falava, gritava… Hoje eu entendo! Era uma pessoa muito nervosa, descontrolada; também pudera, ter que viver com aquele babaca de seu pai. Galinha e mulherengo! Para ele, qualquer rabo de saia servia. Pensando bem, a dona Glória, sua mãe, era uma coitada, acho que nunca foi feliz! Sempre mal cuidada, trazendo uma imagem de sofrimento! Não tinha vaidade nenhuma! Pior ainda quando seu pai começou a se embriagar, de ficar caído na rua! Você queria se esconder daquilo tudo. Morria de vergonha! Sabe, eu era pequena mas percebia toda a sua aflição! Muitas vezes sentia vontade de te alegrar e, na minha cabeça, se eu te desse o meu álbum de figurinhas você ficaria feliz. Foi o que eu fiz num domingo de sol,quando a gente foi andar de bicicleta. Lembra? Naquele domingo eu também, estava muito triste. Minha mãe informou que estava se separando de meu pai. A gente iria mudar para outra cidade. Quando te contei, choramos juntos! Não teve jeito, quinze dias depois eu já estava morando na casa de minha avó. No começo da nossa separação, tudo foi difícil. Além de me separar do meu pai, que sempre foi legal comigo, perdi também o meu querido amigo! Sofri muito! Com o passar do tempo, como é natural, fui me adaptando à nova realidade. Nova escola, novos amigos, mas ninguém tão especial como você! Hoje, passados quase nove anos, quis o destino que a gente se cruzasse, naquele encontro de estudantes, no mês passado. Fiquei muito surpresa e feliz! Você não mudou quase nada, só cresceu. E lindo! Você também me reconheceu imediatamente. Achei incrível. A gente não se falava e nem se via há tanto tempo! Conversamos, matamos saudades e combinamos de manter contato, apesar de ainda morarmos em cidades diferentes. Desde aquele dia, fiquei muito mexida emocionalmente! Tem algo dentro de mim, muito forte, que está me assustando. Não paro de pensar em você! Nem dormir direito estou conseguindo. Me pergunto o que é isso. Tem vindo uma resposta que me excita mas que tento rejeitar! Resolvi te escrever e encarar essa situação de angústia e conflito intenso. PODEMOS CONVERSAR?
EU REINVENTEI UM AMOR! (IDEALIZAÇÃO)
A porta bateu! Bateu tão forte, tão de-repente! Naquele domingo chuvoso, depois de um lauto café da manhã, depois de momentos deliciosos, começou do nada uma discussão sem fim… Me dei conta que estava aos berros, tentando me defender da enorme agressividade do homem que sempre chamei de ” MEU AMOR”! Quando conheci André, há uns sete anos atrás, tudo era encantamento. Seus olhos azuis, sorridentes, continham um mistério dos céus! Nossa atração foi mútua e muito forte. Adorava seu cheiro, a sua barba me roçando o pescoço, meu corpo todo. Era um arrepio só! A gente tinha altos momentos de um incrível tesão. As nossas peles se conversavam! Infelizmente, a rotina da vida envolve questões muito práticas e, algumas vezes cansativas demais. Mudanças na nossa relação foram acontecendo gradativamente, só percebi quando foi se evidenciando em André, um humor ácido, crítico e egoísta. Se revelou uma pessoa de uma intolerância absurda em que eu não o reconhecia mais. Dentro do meu peito foram acontecendo abruptas alterações. Já não suportava mais que ele se aproximasse de mim. Só conseguia sentir fragmentos daquele amor! O meu coração igual uma pedra, parecia que nem pulsava mais. Fui ficando assustada e infeliz! O meu marido se tornou um irmão chato e mesquinho. A separação foi inevitável! Foi um momento muito difícil, avassalador! Com uma sensação profunda de solidão, depois de estar solteira há dois meses, assim como uma louca, resolvi inventar um amor. Era noite do “dia dos namorados”! Estava tomando um café quente e bem forte, sentada na varanda da minha nova casa, me sentindo abandonada na vida. Surgiu a ideia reconfortante de inventar um amor! Entrei nesse devaneio e fui dando formas ao meu novo projeto. Construí antes de tudo o caráter. Depois fui montando em minha mente, o perfil físico e por último coloquei a expressão que sonhava que esse novo amor devia ter. Fiquei assim por quase duas horas. Já quase terminando o meu café, nesta altura gelado, busquei visualizar a imagem produzida pelo meu desejo. UAU!!! Me deu aquele arrepio antigo, tão conhecido. Pulei da cadeira! ERA O ANDRÉ! Com um olhar um tanto triste, choroso, mas ainda com seus mistérios. Meu coração se derreteu e chorou! Como assim? Fiquei meditando muito sobre isso. Toda essa experiência fez com que eu repensasse a minha vida e as formas que uso para administrar situações emocionais. Me vi um tanto rígida e controladora, incapaz de lidar com o diferente. Resolvi dar uma chance ao destino. Acho que vou procurar meu antigo amor! Talvez ele também tenha me reinventado! Ser feliz envolve mudanças e riscos! QUEM SABE?
CENA DE UM CRIME (MEDO/BLOQUEIO EMOCIONAL)
Algumas vezes na vida a gente se assusta com certas sensações que se afloram! Nossa tendência é negar alguns registros emocionais, na tentativa de não sofrer dores, que ficaram recalcadas em nosso interno. Saber disso pode ser muito importante para a busca do equilíbrio energético e psicológico. Todas as nossas experiências de vida ficam registradas no sistema psico-corporal. As situações traumáticas são as mais importantes! Existe uma defesa tentando dificultar o acesso mental à elas. Dependendo do grau do bloqueio, fica muito difícil conhecer e expressar esse sentimento! Essa defesa foi desenvolvida com a função de evitar a dor e de reviver o trauma sofrido! Só que ele continua lá , bem guardadinho! Com o passar do tempo, essa contenção, inconsciente, pode alterar a qualidade de vida emocional, sem a gente perceber a razão. O caso de Mônica reflete bem o que está sendo descrito aqui! Uma mulher que tinha tudo para ser feliz! Bem amada pelo marido, que a enchia de mimos e carinhos, tentando adivinhar todos os seus desejos. Fazia de tudo para vê-la feliz ! Tinha uma vida financeira segura. Realizada profissionalmente. Conheci Monica, numa tarde de primavera! Eu estava em meu consultório, me preparando para dar uma caminhada, num sol delicioso, quando escuto a campainha e, abrindo a porta, vejo uma mulher visivelmente deprimida. Pedindo socorro! Sentindo o quadro emocional, me prontifiquei à atendê-la! Sentia vontade de morrer, dizia ela. Impotente, não conseguia se livrar do vazio interno que estava destruindo a sua vida. Falou que o início dessa sensação se deu numa noite, quente de amor, enquanto transava com o seu marido, por quem tinha muita paixão e atração! Durante a transa, o seu companheiro, muito empolgado, começou sussurrar ” coisinhas” em seu ouvido, apimentando o momento! Numa dessas”expressões picantes”, murmurou:- “VEM AQUI MENININHA DO PAPAI”! Naquele instante foi como se todo o seu corpo ficasse contraído. Sem vida! Num impulso ela gritou “CHEGA”! Caiu num pranto compulsivo! Seu marido ficou chocado com essa reação tão inesperada. Ele não sabia do abuso sexual que ela tinha sofrido na infância! Nunca contou essa história à ninguém, por ter sofrido severas ameaças. Bloqueou em seu coração, muito medo e insegurança.! Houve um mecanismo que apagou esse trauma de sua mente. Mas, naquela noite, enquanto fazia amor, a frase que ouviu despertou todo o pavor que ficou contido por tantos anos. Depois disso, ela ficou totalmente desestruturada emocionalmente, entrando em depressão! Seu casamento entrou numa crise brava! Ela, assim como seu marido, não tinha noção porque passou a se sentir tão mal assim! Não queria mais nenhum contato íntimo! Começou a se fechar em si mesma! Foi ficando contraída e apática, chegando a sentir nojo de seu companheiro! Tomou calmantes na tentativa de resgatar sua identidade. Não melhorou! Esse quadro emocional não dava mais pra suportar! Pensou até em suicídio! Naquela tarde de setembro, de algum jeito, a vida soprou mais forte! Talvez o sol daquela tarde, tenha aquecido seu coração e fez com que ela viesse buscar ajuda. Queria sair daquele drama. Queria viver! Iniciou um processo terapêutico onde, paulatinamente, foram surgindo sensações da violência vivida! Compreendeu que as ameaças e sensações blindadas dentro de si, não poderiam continuar destruindo a sua vida emocional. Trabalhando o seu interno foi percebendo que quando criança, foi sim, vítima de um homem doente, criminoso! Não teve escolha! Como adulta, no entanto, já tinha discernimento para saber o que queria e o quanto poderia se cuidar! Não iria continuar sofrendo pelo crime que não cometera! Foi se desfazendo de sentimentos destrutivos que trancaram sua alma numa prisão. Começou a focar o que tinha de bom em si. A culpa e o perdão foram abrindo espaço para o resgate da menina alegre e feliz. Hoje, ela já não é mais, prisioneira de um crime!
O MONSTRO DESTRUÍDO ( VAZIO EMOCIONAL)
Mauro é um homem bonito, inteligente, bem sucedido profissionalmente e com as mulheres, mas, sofre vinte quatro horas por dia. Nunca se sente feliz! Tem quarenta e quatro anos de vida mal vivida. Sabe muito bem exercer a arte de conquistar. Porém, tem uma grande dificuldade, não se envolve emocionalmente com ninguém. Quando ele sai com garotas, elas ficam loucas de tesão, insistindo em serem lembradas, ou quem sabe amadas! Essas garotas só não sabem que ele, simplesmente, não consegue amar. O seu coração está bloqueado. A história desse “menino”, justifica o seu comportamento emocional. Ele sentiu as dores da vida bem cedo! Teve uma mãe desconectada dos valores familiares e éticos. Mulher bonita e sensual. Fazia sexo com quem pagasse o seu preço! Para ela, isso era o suficiente. Não precisava sentir amor! Necessitava sobreviver, e sexo, é o que ela fazia muito bem! Ganhou muito dinheiro, e nesse meio tempo , ficou grávida de um desses homens com quem se relacionava . Desta vez, a vida lhe aprontou uma surpresa. Ela se apaixonou! Foi mais forte que ela! Resolveu assumir solitariamente essa criança. O pai nem soube desse filho, e como todos os outros homens que passaram pelo seu caminho, foi embora, sem olhar para trás. Marina, esse era seu nome, resolveu ter ” seu fruto”, secretamente e sumir por uns tempos. Só contou o seu segredo à sua grande amiga Susana , também garota de programa. Sabia que podia confiar nela. Foi ter seu filho lá no interior do Maranhão, numa cidade calma e distante da capital. Quando a criança nasceu, um saudável e lindo menino, ela se apaixonou imediatamente. Ele despertou nela um sentimento novo. Ficou assustada. Era um sentimento muito forte, mobilizador! Nesse encantamento, cuidou de sua prenha, amamentou o tempo que conseguiu. De repente, ficou muito preocupada com o futuro, afinal, ela era pai e mãe, ao mesmo tempo. Sentiu uma necessidade muito forte de ter que voltar à trabalhar. Tinha que correr contra o tempo! O seu corpo era o instrumento de seu trabalho, e já não se sentia tão nova! Na verdade , ela tinha uma boa quantia em dinheiro guardada, era uma “garota de luxo” ! Marina tinha se acostumado à esse luxo, ter tudo do bom e do melhor. Pensando nisso tudo, marcou seu regresso de imediato. Ficou num grande conflito, mas não teve jeito. Queria aproveitar o tempo que ainda lhe restava! Deixou sua criança com quatro meses de idade, em uma instituição de bom nível, e partiu com a intenção de voltar assim que a vida permitisse. A vontade do destino, muitas vezes é cruel! Na volta à capital, Marina sofreu um acidente de avião terrível. Ninguém sobreviveu! Mauro, seu filho, herdou da mãe o suficiente para ser educado em boas instituições. Cresceu , virou um homem profissionalmente bem preparado, na área de engenharia, ganhando muito dinheiro. Faltava algo em sua vida, que o dinheiro não conseguia comprar. Não conseguia amar! Sentia um grande vazio no coração! Tinha um monstro interno congelado que o consumia! Procurou terapia, buscando se livrar desse monstro que o impedia de sentir a vida! O fogo já começou a aquecer ! Quem sabe?
INFIDELIDADE (expectativa de mim)
Muito sonhadora, romântica e solitária. Quem sabe uma fantasia me faria bem? Meu casamento anda num tédio! Quase nem vejo Eduardo. Sai de casa cedinho para trabalhar, e a noitinha, todos os dias, happy hour. Quer me enrolar dizendo ser importante ele reforçar relações profissionais. Toda turma do escritório costuma ir, diz ele. Enquanto isso fico eu e minha solidão, caladas. Esperando Eduardo voltar. Deve pensar que sou idiota. Não é possível. Cansei! Eduardo merece um chifrão bem no meio da testa. Na melhor das hipóteses! Outro dia chegou, alta madrugada, cheirando um perfume de mulher. Descarado negou. Veementemente. Disse que eu estava louca. Que agora dei para imaginar cheiros. Fiquei muito puta da vida! Quebrei o maior pau, espatifei louças no chão da cozinha. A vontade era jogar na cabeça dele. Controlei minha raiva. Não seria desiquilibrada a esse ponto. Não seria a louca que ele me chamava. O malandro do Eduardo, como sempre, com seu jeito, cínico, único, seduziu novamente meu bom senso. Acabei, novamente, na cama com ele. Depois daquele orgasmo incrível, a raiva amenizou, mas, sinto que não o perdoei. Já conclui que ele é um sem vergonha inveterado. Não tem atitude de homem casado. Seu caráter não vai mudar. Tenho muita vontade de me vingar. Confesso que tenho dificuldade em ser infiel. Fui criada numa família com valores morais. Trair em minha família era pecado e crime! Evito pensar em vingança, por isso. Porém, está acontecendo algo estranho em minha cabeça. De uns tempos para cá, anda rolando em meus pensamentos, fantasias sexuais com o Bruno da quitanda. Viril e forte. Não tem muita beleza física, mas, e daí? Tem charme e está me trazendo vida. Bruno é danado, vive me seduzindo com olhares e morangos. Nunca comi tantos morangos! Toda tarde dou um jeito, me arrumo toda cheirosa e vou buscar verdura fresca e alguma fruta para o meu jantar solitário. Bruno já percebeu minha carência e como macho alfa que se acha, não desiste, tenta aquecer meus sentimentos de mulher com olhares sedutores e pacotinhos de morangos. Noutro dia, audacioso, colocou um morango enorme em minha boca. Confesso que estava uma delícia. Adorei aquele imenso morango doce! Porém, confesso que a noite em meu travesseiro, só quero Eduardo. Na verdade Eduardo é minha paixão! Os pensamentos fantasiosos tem vindo como uma brincadeira nutrindo minha carência. Não pode haver pecado! Imagens se afloram coloridas em minha mente, repletas do Bruno. Cenas pegando fogo entre quatro paredes. Como num filme. Sinto que acendem meu lado adormecido de mulher. Saio da cova emocional em que me meti. Não estou feliz! – Na última segunda feira, atormentada e angustiada, chegou em meu consultório, Ana Lúcia. Precisava se entender! Sair dessa cilada emocional em que se colocou. Queria obter respostas viscerais de seu coração contraditório. Sentir. Expressar. Ter atitudes assertivas. Lidar com sentimentos bloqueados que a estavam sabotando. Rever valores e culpas. Sentiu que estava sendo infiel a si mesma! Precisava colocar no paredão de seu coração, Eduardo e Bruno. Que mistério a prendia nessa situação energeticamente desgastante, alimentando tanta insegurança e fragilidade? Precisava desvencilhar as tramas de seu coração!
DINHEIRO: QUAL SEU VALOR? (auto-sabotagem)
Ando pensando muito neste tema! Olho a dimensão que ” Ele” ocupa no mundo! Preocupa como será o futuro da humanidade! Parece que o homem ficou pequeno demais perto dele! A força que ele atingiu supera os valores naturais da vida. Os crimes, traições e mortes que dele decorrem, mostram como ficou o psiquismo humano! Com o transcorrer do tempo, está ficando potencialmente pior. O dinheiro está ligado a morte e a vida! É um paradoxo! Sem dinheiro na nossa sociedade não se vive! Essa é uma realidade! Estamos ficando cada vez mais submissos a importância que ele ocupa e o seu significado! Socialmente seu valor dá o status de “PODER”! E os outros aspectos da vida? Como fazer os nossos sentidos se aflorarem e conseguir perceber no meio desse caós , a importância de um sorriso, de um olhar carinhoso, de um gesto de amor? Como identificar a alegria e a felicidade em coisas simples do dia/dia? Sensações que não custam nada e podem trazer à vida sabores tão essenciais? Que você diria de um simples vento acariciando sua pele numa tarde de outono? O som das ondas do mar? Uma noite enluarada, cheia de estrelas? O nascer do sol? Essas podem ser algumas das formas naturais de sentir a vida sem a presença do vilão! Ninguém pode roubar isso de alguém. Esse poder não tem preço! Só você pode se roubar!!!
MORCEGO COLORIDO ( IMATURIDADE EMOCIONAL)
Como é gostoso aquele chamego! Aquele beijo no pescoço! Aquele abraço quente! Nossa!!! A sensação é tão intensa que chega a amolecer as pernas! Naquele momento a gente esquece de tudo! Fica nas nuvens! Quando esse carinho vem desintegrado de cumplicidade e respeito à identidade do outro, resulta num grande desgaste dessa relação! Há relações que funcionam com esse padrão, por um tempo ou por longo tempo. Vão depender de como foram construídas e o “jeitão”, de cada casal! Um tempinho atrás, recebi em meu consultório uma linda moça com o nome de “FLOR”! Era uma pessoa delicada e muito cheirosa. Fazia jus ao nome! Tinha uma pele macia, lembrando “pêssego”, e um sorriso encantador! FLOR estava com vinte e oito anos, mal vividos no amor! Tinha uma sensibilidade muito aguçada e timidez respeitável. ” UM FOGO INTERNO” queimando suas entranhas! Ouvia elogios sobre sua beleza, mas na verdade, não se sentia assim. Suas histórias nos relacionamentos era assustadora de,” auto- anulação”! Com seu jeitinho delicado e indefeso, era facilmente seduzida com palavras sedutoras, esvaziados de amor! Havia algo nela que a impossibilitava de atrair pessoas equilibradas e disponíveis à amar! Estava quase desistindo de ser feliz! Dessa forma ela relatou sua queixa no nosso primeiro encontro. Estava tão desencantada pela vida, pelos homens, como se eles tivessem tido o poder de lhe causar tanto desencanto! Não sabia onde estava o erro! Segundo o seu relato, no início de seus envolvimentos, era tratada como uma rainha. Cheia de mimos e carinhos. Soberana! Com o passar do tempo percebia sua energia sugada e não entendia muito o porque! Sentia-se esmorecida e de certa forma perdia a vontade de estar naquele envolvimento.! Havia um vazio interno que não compreendia! Terminou várias relações por se sentir assim! Esse padrão emocional já não dava mais pra ela bancar. Na verdade nunca se sentia amada! Começou a ter crise de depressão! Numa dessas fases, quase deu um fim a vida! Sentia-se vítima do destino. Sem saída! Por ter muito medo de perder o pouco de vitalidade que ainda sobrava, buscou ajuda na terapia. Depois de algum tempo de tratamento, pode identificar que seu próprio comportamento alimentava esse tipo de situação, que tanto lhe fazia mal! Percebeu que em suas relações, havia da parte dela escolhas inadequadas. Ela estava afastada de seu coração! Tinha uma necessidade muito grande de agradar o outro, muitas vezes em detrimento de si própria. Se entregava de tal maneira sem entrar em contato com seus sentimentos! Identificou também que só atraia pessoas desajustadas, com dificuldades de relacionamento adulto e equilibrado. Essas pessoas, assim como ela, estavam afastadas de seus corações. O “MEDO “, de rejeição e abandono fazia com que” FLÔR” aceitasse tudo do outro. Sem nenhuma discriminação. Se anulava como pessoa! Em terapia pode ir assumindo as rédeas profundas de sua vida e buscar a mulher perdida dentro de si! Ainda está buscando conhecer seu jardim e semear suas flores! Desta vez com escolhas conscientes!
O DROGADO! (ALMA VAZIA)
Alma preenchida, sinônimo de vida plena! A plenitude é um estado energético de profundo equilíbrio emocional! Não é necessário buscar outras fontes! A vida parece leve e com ritmo próprio. É pra poucos! Tive um paciente, Rafael, jovem de vinte e seis anos, num quadro emocional muito difícil pra ele administrar! Estava ancorado num núcleo confusional muito acentuado, com grandes dificuldades de focar objetivos e metas. A vida pra ele não tinha sentido algum! Se perdia nos fatos, sem a menor importância no dia/dia! Tinha momentos em que o vazio era tanto, que sentindo que iria entrar em depressão, se drogava muito! Depois de um tempo fumando maconha, ela já não satisfazia suas necessidades. Precisava de drogas mais pesadas! Foi desta forma que acostumou a se preencher! Assim foi se enganando! Ficou por muito tempo!!! Normalmente entrava numa enorme depressão após o efeito da droga e, quando isso acontecia, consumia mais droga ainda, tentando parar de sofrer! Esse quadro emocional virou um ciclo vicioso! Rafael vinha de uma família desestruturada, com um pai extremamente austero e rígido! Tinha uma mãe com identidade fragilizada e uma irmã que tentava driblar os grandes conflitos e angústias gerado por seus pais. Ela buscava seu próprio equilíbrio, fazendo terapia, tentando organizar a cabeça! O pai sempre exigiu de RAFAEL, o reflexo de si próprio, em todos os níveis! Por ele não responder as suas expectativas, esse pai o desqualificava e o criticava, exaustivamente! Essa rejeição tornou a vida do moço insuportável! Ele tentou fugir desse sofrimento entrando nas drogas! No início era só maconha, depois, quando isso já não abastecia sua enorme carência, foi entrando em drogas mais pesadas! Foi se transformando numa caricatura de si próprio. Extremamente magro, não queria mais se alimentar entrando num caminho com poucas chances de volta. Analisando seu caráter, notava-se uma enorme imaturidade emocional. Ele se expressava como um menino assustado diante da vida! A relação emocional vivida no campo familiar inviabilizou seu amadurecimento, tornando-o um adulto-criança! Não houve chances desenvolver autonomia e auto- confiança! Teve muito medo de crescer e se expressar nas diversas fases da vida! Não houve acolhimento! Com um tratamento prolongado, no seu ritmo, foi enfrentando as dores caladas e as frustrações mal resolvidas de sua vida! Depois de um bom tempo percebeu que podia ser ele mesmo, com qualidades e defeitos! Foi buscando o seu melhor! Se aceitando! Reconhecendo sua força, percebeu que era mais forte do que as drogas que o dominavam! LIBERTOU-SE!
VIZINHO DO LADO! (FANTASIA)!
Tenho andado muito excitada com alguns encontros casuais que tenho vivido, nos últimos dois meses! Também pudera, não deve ser fácil pra qualquer mortal! Trata-se de um homem que tem uma sensualidade incrível, seus olhos emitem uma luz, que paralisa os meus sentidos! Ontem, distraída no elevador, quando parou no quinto andar, essa tentação, subitamente entrou! Gelei! Fiquei transtornada! Frio na barriga! Rubor no rosto! Pernas tremendo! Uf! Muito lindo! Uma camisa verde, igual a seus olhos, que refletia aquela energia mágica e um convite proibido! Pensei, não posso ceder! Não devo! Não é justo! Pensei no meu casamento! Pensei em meu marido! Resolvi, naquele segundo, não alimentar essa fantasia que poderia destruir minha vida. Tudo foi tão rápido! De repente o elevador parou na garagem! Desci apressadamente, nem consegui falar ” tchau”! Fui andando sem olhar para trás, quase correndo, ofegante, até chegar ao meu carro estacionado! Assim que entrei e dei a partida, escuto alguém me chamando com insistência. Olhei pelo retrovisor, não acreditei! “A tentação de olhos verdes estava com minha blusa vermelha nas mãos, que em meio à correria, nem percebi que tinha deixado cair. Desta vez, não tive como evitar seu olhar! Foi incrível o que senti! Ele, assim como eu, também estava visivelmente alterado e trêmulo! Não sei bem o que aconteceu, só sei que desci do carro e num impulso acalentado, nos entregamos e nos beijamos ardentemente! Foi o beijo derradeiro!