RENÚNCIA DOS DEUSES! ( DESCRIÇÃO DE UM DEVANEIO).

Duas e meia da madruga. Insônia terrível insistindo em atormentar a minha noite. Arrumo o travesseiro. Quem sabe assim melhora o peso na cabeça! Viro para o lado direito. Para o esquerdo. De bruços. Que nada! Droga!  Levanto-me. Vou fazer xixi. Aproveito e pingo um colírio nos olhos, para aliviar a queimação. Tomo um copo d’água quase gelada. Sinto-me melhor. Olho no relógio. Duas e quarenta e cinco. Rapidamente passa pela cabeça que, dali a pouco, terei que me  levantar. O trabalho me espera! Resolvo desligar o despertador. Tenho que dormir, nem que seja um pouquinho. Quinze minutos já vão ajudar. Será difícil encarar o dia assim! Areia em meus olhos continua. Não adiantou nada o colírio. Pareço insana. Colírio nunca curou sono! Muita excitação. Não consigo dormir. Saio do quarto. Decido ir ao computador. Antes, lavo o rosto no lavabo. Água fria no rosto alivia os olhos pesados. Vou tentar escrever um pouco em meu blog. Talvez assim o sono chegue mais fácil. Mal me acomodo na cadeira em frente à máquina, o coração dispara. De novo aquela imagem. Fixa. Par de olhos rasgados. Cor de mel. Estranhamente sedutores. Carregados de magia e mistério, que fazem aflorar os meus sentidos mais loucos. Aperto no peito começa a incomodar. Frio na barriga. Gostoso. Ruim! Sei lá! Não estou me entendendo. Será que Deus me entende? Será que ELE já sentiu isso? Nossa! Estou enlouquecida. “Louca e pecadora”. Não consigo me concentrar nos textos que trabalho. Sensações ambivalentes. “Preto e branco”! Contraste angustiante. Cabeça começa a doer. Alma e entranha se misturam. Devastadora perda do auto controle. Estou péssima. Sou ridícula, escrava dos sentidos. Ventre arde como um vulcão em erupção. Num repente, minha mente quer ser ouvida. Fico surpresa e aliviada. Saio do transe. Volto os olhos para o artigo que estou escrevendo .  Respiro fundo e busco lucidez. Começo a escrever sobre “revolução dos sentidos”. As lavas do vulcão querem destruir toda a carne de meu corpo. Toda a serenidade. Não quero mais sangue escorrendo pelos poros. Esvaindo toda a  energia. Ficar como um carro desenfreado passando por cima de meu equilíbrio. Preciso de cores! Árvores frondosas. Sombras e ventos. Preciso do sol. Arco íris da vida. Pausa. Necessito, por alguns segundos, inspirar e expirar novamente. Retomo o texto. Não serei escrava dos desejos. Pausa novamente. Leio o que escrevo. Acho tudo confuso. Não importa! Tenho que ser fiel ao que sinto. Volto a teclar:- Pensando bem é uma grande bobagem sentir desejos. Para que? Submete. Despersonaliza. Desejo não tem cura! Doença incurável. Pausa para nova respiração. Capricho, principalmente na expiração. Preciso concluir esse ensaio. Certa vez li um livro que dizia para não sermos escravos dos sentidos. Essa dependência é como droga. Tira o chão. Ridiculariza a alma. É como se atolar na areia movediça. Asfixia. Alma se enterra nas vísceras. Vira fantoche. Sem rumo! O desejo é corrosivo. O desejo mata. Renuncio! Penso num título para esse devaneio: RENÚNCIA DOS DEUSES!

( Relato de Clarice, em terapia. Jovem escritora. Momento de angústia e conflito em sua jornada).

 

A MAGIA DA ROTEIRISTA! ( REENCONTRO).

Lena, desde criança, demonstrou ser  muito sensível e criativa. Adorava viver no mundo da imaginação. Muito expressiva. Bastava alguma amiguinha contar uma história interessante que sabia colocar sua criatividade, dando vida e movimento. Outras vezes, quando lia algum livro infantil, representava a história lida num teatrinho. Atribuía características singulares às cenas da peça. Certa vez Lena transformou totalmente alguns dos personagens da história do chapeuzinho vermelho. Foi no teatrinho da escola quando tinha onze anos de idade. A vovozinha da história era uma senhora moderna. Vaidosa e atual. Gostava de dançar e fazer compras. Chapeuzinho, por sua vez, era representada por uma menina muito esperta que não entrava na história do lobo. Humilhando-o através de magias. Transformando-o num pobre e fraco ratinho. Anulava todo o poder de maldade que o lobo tinha. Essa adaptação fez o maior sucesso na escola. Tanto que ela foi convidada a exibir a peça em outras escolas. Muitos aplausos! Lena pegou gosto. Não parou por ai. Fez muitos  outros trabalhos criativos e singulares. Cresceu determinada. Queria ser roteirista na vida adulta. Terminou o colégio e foi fazer cinema. Especializou-se em roteiros. Charmosa, curiosa, inteligente e sensível, soube buscar caminhos no meio artístico. Conquistou um bom espaço profissional. Muitos trabalhos floresceram. O problema de lena é que não sabia lidar com seus próprios limites. Envolvia-se profundamente nas histórias que criava. Muitas vezes perdia o chão! Foi se transformando numa mulher muito ansiosa. Agitada. Isso começou a perturbar seu psiquismo. Começou a passar longos períodos de insônia com seus pensamentos fixados tão somente nas emoções  das personagens que construía. Era excitante e devastador. Sentia-se acabada. Baixo saldo energético para bancar compromissos profissionais e pessoais. “É como se ela ficasse no palco vinte e quatro horas, ininterruptamente”. Com um trabalho engatando ao outro, todo esse processo mental se tornou muito desgastante. Estressada e alterada emocionalmente tentou sair desse quadro. A forma que encontrou não podia ser mais degradante! Envolveu-se com pessoas tão fragilizadas quanto ela. Usuários de drogas! Experimentou. “Luz vermelha em seu caminho”. No início foi como uma brincadeira. Ilusão de leveza. Risos bobos. Palavras sem sentido. Descontração momentânea. Total imaturidade diante da vida. Alegria artificial! Desconexão total da realidade. O que estava ruim, piorou! Mesmo assim, esporadicamente, conseguia desenvolver ideias novas e admiradas em seus roteiros. Simultaneamente, foi se tornando dependente química num grau acelerado. Auto destruição abrindo espaço em sua vida! Receita certa:-  drogas e más companhias! Lena, sem perceber, foi se transformando numa caricatura de si própria. Alienada, magra e abatida! Tornou-se rotina ir com esses companheiros a grandes festas. Lá rolava de tudo. Saia acabada. Acordava péssima no outro dia. Não sabia mais o que queria da vida. “Muito triste a decadência de Lena!” Quando batia uma certa lucidez, ela decidia que queria mudar essa situação caótica. Queria mudar de vida! Mudar de turma! Até abandonaria os roteiros se precisasse! Durava pouco essa decisão. A tentação das drogas e os convites do grupo que frequentava sempre venciam. Depois de uns tempos, Lena já nem conseguia mais bons trabalhos. (Estava se arruinando emocional, física e financeiramente). Numa segunda feira fria de julho, logo cedo, o telefone da clínica tocou. Atendi! Do outro lado uma voz chorosa de uma mulher. Desesperada. “Por favor, é do consultório? Preciso marcar um horário. Muito urgente!”. Lena foi atendida naquele mesmo dia. Desde então, lentamente, sua delicadeza e sensibilidade estão procurando se integrar com a realidade da vida. Lena entrou num processo de limpeza e organização, química e emocional. Não foi nada fácil! Muita respiração. Caminhadas. Alongamentos. Alimentação leve e natural. As dificuldades são naturais no recomeço. Drogas? Nem pensar! Decidiu que não quer mais rumos escuros. Conversa muito com o seu coração. Meta: ampliação da consciência e integração emocional. LENA ESTÁ SURPRESA COM A FORÇA E MAGIA QUE ESTÁ ENCONTRANDO DENTRO DE SI!

MINHA RELAÇÃO COM O TEMPO! (SABOR AGRIDOCE).

Quem entende de sabores pode entender sobre o tempo. Ele, mais que tudo, oferece uma diversidade incrível deles. Sentada numa poltrona branca e macia, na sala de estar, em frente à lareira acesa, deliciosamente aconchegante, comecei a pensar na vida. Tantas histórias que nos deixam doces saudades. Outras nem tanto. Fugimos de seu amargor. Ouço ao fundo Mozart. Esse som me remonta a sensações muito ambivalentes. Me entrego. Viajo nesse tempo. De repente estou com quatro anos de idade. Deitada, com a cabeça no colo da minha mãe. Como se fosse agora, ouço meu pai tocar  piano. Mozart! Adorava ouvi-lo. Sensação de felicidade. “Meu pai e seu piano”. Sala com ampla varanda. Iluminada pelo sol daquela tarde de primavera. Roseiras floridas. Coloridas! Vermelhas. Brancas e amarelas. Muitas margaridas pelo jardim. Tinha até amores perfeitos. Tão perfeitos! Como o amor fortalece… Sou gigante nesse momento. Fonte de afeto é imprescindível ao coração! Distraída nas lembranças e sensações, de repente levo um susto. Meu gato angorá branco, pula para o meu colo. Abruptamente. Imediatamente retorno ao momento presente. Nem deu tempo de me despedir daquela energia tão boa. Daquela saudade tremenda. Abandonei meus pais e o som do piano, por causa do Nino. Meu lindo gato angorá. Senti uma raiva repentina, mas passageira. Pensei:- Poxa. logo agora, Nino? Devia ser mais criativo e ter ido brincar com  borboletas no jardim. Quem sabe tirar uma soneca na caminha nova que ganhou. Mas não tem jeito, Nino é mesmo assim. Eu o amo de qualquer forma. Sua presença sempre me alegra. É dele esse comportamento. Não consegue me ver quietinha. Acho que tem medo de me perder. Amor é assim mesmo! Ele é ciumento. Me quer inteira. Só pra ele. Vê se pode? Ele não me divide nem com meus amigos. Fica irritado, arisco. Eriça os  lindos pelos longos. Parece mais um ouriço. Um lindo ouriço branco. Tão matreiro! Nem consigo dar bronca nele quando faz  suas artes. Adora comer rosas do jardim. Gato vegetariano, esse meu! Não gosta de carne. Come alface, tomate e banana. É um banquete pra ele. Quando quer algo mia muito alto. Parece até um choro. Não um miado. Olhando esse meu filho felino, entregue em meu colo, deslizo os dedos entre seus pelos macios. Sinto uma energia revigorante circular em mim. Seus olhos azuis insistem em olhar em meus olhos.  Transmitem contato de afeto e carinho. Assim como uma criança. Me perco naquele azul. O vento que vem da varanda traz, com ele, um aroma incrível de café, vindo da cozinha. Começa a se espalhar pela sala inteira. Só de imaginar o delicioso sabor, dá água na boca! A campainha tocou. QUEM SERÁ? SÃO TANTOS OS SABORES!

O DRAGÃO ME PEGOU! ( ALUCINAÇÃO).

Estive perdida  nas selvas. Ora, circulava entre emaranhados intrincados e escuros, repletos de besouros enormes. Carnívoros. Muitos animais assustadores. Peçonhentos. Ora, entre rochas ardentes. Chãos escaldantes, queimando a alma. Sentia-me devorada viva. Impiedosamente! As lágrimas secaram. Os ouvidos ensurdeceram-se. Nem os cheiros intensos da selva se faziam mais presentes. A cabeça pegando fogo. É como se os sentidos estivessem enlouquecido. Sem chão! Duvidei da vida. Duvidei de mim. Fiquei petrificada. O DRAGÃO ME PEGOU!

TORMENTO DOS SENTIDOS! (DESEJO)

Vulcão em erupção dentro de mim. Lavas quentes. Incandescentes. Queimam o peito. Sensações confusas. Instáveis. Deliciosa confusão! Excitação! Entre pensamentos libidinosos e sentimentos primitivos sou refém dessa paixão. Nada faz sentido a não ser essa sensação. O meu corpo está enlouquecido. Meus poros transpiram gotas salgadas de felicidade. A barriga dói. Coração dispara do nada. Sou nada. Sou tudo! Começo a dançar. Movimentos espontâneos brotam como se fizessem parte da minha coreografia interna. O ritmo não importa. Os movimentos vêm das entranhas. Cabeça gira em torno do pescoço. Braços e pernas numa louca subida e descida me exaurindo de cansaço. Giro. Giro, Giro! Faíscas queimando o ventre. Coração na boca. Respiração ofegante. Como um índio em transe. Giro mais forte ainda. Chego ao meu limite. Jogo-me no tapete vermelho da sala onde você me enfeitiçou. Sensação de embriaguez. Como se eu tivesse bebido muitas taças de vinho. Fecho os olhos. Pensamentos em você. “Eu em você”! Viro a cabeça no tapete macio. Seu forte cheiro. Nosso cheiro. NOSSA! ASSIM ENLOUQUEÇO DE VEZ!

QUEM DIRIA? (CONTROLE MENTAL).

Tarde morna. Verão dando sinais de partida. Natureza abrindo as portas para o outono. Sentada na rede em frente ao mar, sentia o cheiro forte da maresia. As águas do mar se revelavam em variados tons de azuis. Ondas incríveis se formavam. Quase dois metros. Convite aos surfistas. Inspirei fundo. Queria sentir a intensidade daquele aroma. “O mar me traz vida”! Fechei os olhos pesados de sono pela noite mal dormida. Doloridos de tanto chorar. Tentei focar os sentidos no aroma do  mar. Não queria pensar no pesadelo horrível que tinha tido. Não queria mesmo! “Viver duas vezes a mesma coisa ruim é burrice. Insano! “Aprendi que estou na vida onde minha cabeça me coloca”. Balancei um pouco mais forte a rede. Queria desviar os pensamentos. As cenas do pesadelo insistiam. Eu tentando sair delas. Não queria continuar naquela angústia absurda. O pesadelo foi tão claro! Impulsionei a rede um pouquinho mais! O vai e vem. O cheiro do mar. Sensações foram mudando dentro de mim. Envolvendo mais e mais os meus sentidos. Enquanto isso, brigava comigo mesma. “Precisava aprender a não me ancorar mentalmente naquilo que faz mal”. Queria muito conseguir mudar rumos mentais. Eram tantos os pensamentos ruins ultimamente! Resolvi tentar. Iniciei um exercício que aprendi na meditação. “Contar até dez. Nenhum pensamento deveria atravessar a mente”. Se isso acontecesse, reiniciar a contagem. (Esse exercício trabalha a paciência, limpeza e controle mental). Nem sei quantas vezes retomei a contagem naquele dia. Até que adormeci. Acordei duas horas mais tarde sendo beijada freneticamente pelos meus amores peludos. (Tinham ido caminhar na praia com o cuidador deles). Eles detestam me ver dormindo. Sempre que podiam me acordavam. Despertei com bom humor. Nem me reconheci! Sensação de vida. Sentia-me incrivelmente bem. Nessa bagunça de afagos e sons de carinhos,  sai da rede. Peguei  meu violão. Dedilhei uma canção. “COMEÇAR DE NOVO”!

POR UM TRIZ! (FELICIDADE/ PRAZER).

A mente é poderosa! Não dá pra mensurar seus poderes com exatidão. Através da integração da mente com o emocional poderemos organizar o equilíbrio psíquico. Esse equilíbrio é tênue diante dos fatos da vida. Estamos expostos a sucessivos acontecimentos que podem alterar o nosso campo energético. O organismo se desorganiza constantemente e tenta se reorganizar novamente. Se houver um bom padrão de respiração fica mais fácil esse reequilíbrio (respiração equilibrada estimula sensação de plenitude). Plenitude e felicidade são “irmãs gêmeas”.  Estão relacionadas a um ritmo saudável da respiração. A maioria das pessoas confunde felicidade com prazer e se perde nesse caminho. Busca sucesso, fortuna, fama, numa corrida louca atrás da felicidade. Ignora que ser feliz, antes de tudo, é uma conquista da alma. Com peso e medida. Essa conexão com o nosso profundo é fundamental para vivenciar a felicidade. Nessa cegueira maluca não consegue vislumbrar o que é ser feliz. Sofre, muitas vezes, angústias sem entender o porquê. Percebe que falta algo! Adoece. Sente-se num beco sem saída. Busca viver o melhor que pode através das aquisições materiais que conseguiu. Quando percebe que não preenche o vazio do peito, adoece. “Felicidade gera prazer. Prazer não gera felicidade”. A busca pelo prazer contínuo faz parte da estrutura emocional infantil. No adulto, o princípio da realidade deve ser preponderante. “Postergar o prazer para um momento mais adequado, quando houver oportunidade”, faz parte de uma mente saudável. Integrar o sentir com o  fazer pode ser terapêutico! A vida humana ficou banalizada com tantos valores fúteis. O homem, com sua onipotência diante da vida, desenvolveu um falso valor sobre o que é ser feliz! Age como se fosse imortal. Através de expectativas voltadas apenas para o campo social, constrói a auto imagem diante do mundo. Ignora o seu coração! A maioria adoece seriamente. Não percebe o quadro encrencado que está desenvolvendo dentro de si. Não escuta a voz interna. Fica intoxicado psicologicamente. Quer viver! Apenas sobrevive. “Instinto de vida,” (inconscientemente ninguém quer morrer). Essa condição é inerente ao ser minimamente equilibrado! Só o muito desestruturado e fragilizado psiquicamente perde essa força vital. Já dizia Reich:- Mente e corpo, Unidade funcional. Cada um funciona como consegue. Muitas vezes,  no limite mínimo, inferir! Então, o que seria felicidade? Como atingirmos o nirvana? Tantas as respostas…”Para muitos seria a perspectiva de uma melhora de vida. Seria o futuro”. Não viver o presente. Projetar tudo no amanhã (isso pode comprometer o equilíbrio emocional). Com o passar do tempo vão ficando espaços vazios dentro do peito. Sensações negadas de experiências valiosas de um momento de vida. Negar a realidade pode também desenvolver quadro de ansiedade que num grau elevado pode  comprometer todo o metabolismo. Desorganiza o sistema energético corporal. Na ansiedade, os sentidos ficam desconectados da realidade. Respiração alterada. “O filósofo grego Aristóteles afirmava que a felicidade se atinge pelo exercício da virtude e não do poder”. Tema simples e complexo! Uma pessoa amadurecida e equilibrada vai conseguir experimentar a sensação de “felicidade”, aprendendo a viver o aqui e agora, com lucidez e leveza. Importante também desenvolver a inteligência emocional. Vivenciar intensamente o momento presente e tudo que nele contém. Isso fortalece! Integrar sentimentos com atitudes construtivas diante da vida. Valorizar o aspecto positivo de todas as situações que a vida trás. Por piores que sejam as circunstâncias haverá sempre uma possibilidade! Buscar formas para sair dos conflitos inerentes ao ser humano. Dar-se  pequenos prazeres. Um sorvete na praça. Um bom filme. Uma viagem sonhada ou, simplesmente, sentar-se numa poltrona e ouvir músicas preferidas. Sei lá! São tantas as opções.  Renovar sensações internas através desses pequenos prazeres. Eles podem não curar, porém aliviam momentaneamente! Sim, porque prazer passa! O remédio fundamental para a busca do bem estar que a felicidade provoca é a  integração do que sentimos com o que vivemos. Isso só será possível num corpo descontraído. (A energia não flui num corpo estressado). Alongar os músculos e respirar amplia a consciência harmoniosamente. Eu, pessoalmente, adoro yoga. Alongo, respiro, medito e busco luz! Ela é completa. Propicia tomar as rédeas da respiração e ancorar a mente nos momentos positivos. Entrar em contato com o instinto. Criar e recriar situações que façam sentido na ousadia e alegria de viver. Esses aspectos são práticas saudáveis e transformadoras para o resgate de vida. (Respiração e alongamento são exercícios imprescindíveis). Músculos encurtados, diafragma contraído, comprometem o organismo como um todo. A oxigenação estará comprometida e o sistema energético também. Dai fica difícil sentir a amplitude da felicidade! O organismo contraído  esmaga a sensação de leveza da pluma levada pelo vento. Alongamento/Respiração conseguem  fazer milagres na recuperação de um ser. O coração passa a interagir de uma forma mais saudável com a realidade. Facilita  encarar a vida com naturalidade e aceitação. O verdadeiro poder flui! Conquistas genuínas nascem dentro de cada um. A transformação saudável sempre será de dentro para fora (do coração para as extremidades). Não precisa muito. A forma como nos sentimos internamente aliada ao jeito que lidamos com a vida podem definir a sensação da almejada felicidade. “Corpo casa da alma”. POR UM TRIZ  A GENTE PODE SER FELIZ!

OS SONHOS DE MARIA ROSA! (MENSAGENS DO INCONSCIENTE).

Foi assim: Maria Rosa sonhava demais. Sonhos normais. Sonhos recorrentes. Sonhos pesadelos! Andava confusa em seus sentimentos e percepções. Sonhava acordada! Esta condição emocional estava desgastando muito sua energia. Totalmente fora  da realidade. Alimentando-se só de ilusões fortuitas. Moça sensível e sonhadora, desenvolveu fantasias eróticas emocionais com uma pessoa que tinha conhecido virtualmente há mais ou menos dois anos. Esteve com ele uma única vez. O restante do tempo se comunicavam apenas e tão somente através de símbolos virtuais ou monossílabos. Um simples “oi” ou um “coração” enviado via zap já estimulava toda sua carência de mulher. Valia como uma declaração de amor! Subia nas nuvens. O quadro foi se agravando. “Dependência afetiva idealizada”, sonhos cada vez mais intrigantes, desafiando sua capacidade de elucidá-los. Conflitos constantes. Desgastes energéticos. Brigas entre realidade e fantasia. A fantasia sempre vencia. Depressão! Dependência emocional! Buscou ajuda terapêutica. Dois últimos sonhos trazidos. Primeiro: Local – Faculdade. Primeiro dia de aula. Maria Rosa senta-se no fundão da sala. Com ela um grupo de colegas conversando animadamente, trocando contato. Na primeira carteira, sozinho, Régis, sua paixão virtual platônica. Quieto e isolado dos demais! Organizado e focado somente no estudo. Todos os seus pertences postos perfeitamente sobre a carteira. Notava-se uma extrema organização. Em nenhum momento ele deu a entender que tinha percebido a presença de Maria Rosa. Ela, lá no fundão, de olho nele. Tagarelando com amigas pra disfarçar. Sempre de olho nele! De repente Régis se levanta e sai da sala. Deixa todos os pertences sobre a carteira. Maria Rosa, sorrateiramente, vai até lá e mexe em seus documentos e pertences. Verifica que há muito dinheiro na carteira deixada por ele. (Dado de realidade: Régis é um homem que só pensa em trabalhar. O trabalho é tudo pra ele! Fala pouco de si. Raramente conversa. Denotou  um pequeníssimo interesse por Maria Rosa durante esse tempo em que se conheciam. Desprovido de emoção). No fim do sonho ele abandona a classe e vai embora sem olhar para trás. Ela, como uma gazela frágil, disfarça mais uma vez o seu sentimento platônico. Ninguém da turma percebe. Segundo sonho: Maria Rosa estava na casa da avó. Lá havia outras pessoas. Maria Rosa, estava na sala parada. Sua mãe, em pé, catatônica. Todos diziam que a mãe estava morta, mesmo estando em pé. Estava inerte. Somente Maria Rosa percebia um pequeno movimento nas mãos da mãe. Sabia que ela estava viva. ( Identificou esse aspecto como parte de sua própria identidade). As pessoas queriam enterrá-la. A ideia de enterrar a mãe viva causou pânico em Maria Rosa. Esses dois sonhos foram sequenciais. Estão interligados e intrincados num mesmo contexto emocional. PROCESSAMENTO: Deitada numa poltrona. Alongada e relaxada. Respirando calmamente. Olhos fechados. Maria Rosa começou uma caminhada interna através das cenas de seu PRIMEIRO SONHO. Saiu do concreto das cenas. Foi buscar, dentro de seu peito, o que representava Régis, sozinho e isolado na primeira carteira.  (Dificuldades de contato e expressar emoções). Não sabia muito bem como cuidar de sua identidade (deixou seus documentos abandonados em cima da carteira e saiu da aula). Caminhada pelo SEGUNDO SONHO:- Casa da avó.  A  mãe catatônica. Maria Rosa percebeu um leve movimento em suas mãos. As demais pessoas diziam  que  estava morta e queriam enterrá-la. (Dificuldade de se comunicar e ser creditada/ de expressar suas emoções/de “tomar seu tempo”, sem ansiedade/Medo ao não encontrar saída numa situação social. Pânico por não conseguir valorização e reconhecimento).  Conciliando todos os aspectos que puderam emergir desses dois sonhos, MARIA ROSA pode reconhecer em si, num plano mais íntimo, traços importantes de seu caráter que a impedem de fazer escolhas saudáveis e equilibradas. Sentiu que sua identidade biológica, tem uma defasagem com sua identidade social. (Sentir/organizar/expressar).  Deu início ao processo de se auto conhecer mais profundamente. Buscar entender as ansiedades intensas e as inseguranças que a acometem em momentos decisivos. Percebe que Régis foi um instrumento importante. Um sinalizador! Podia até ser uma boa pessoa. Mas, definitivamente, não era o homem que queria. ” Foi um encontro de neuroses semelhantes!” Está em busca de sua integração no plano saudável da vida. DEFINITIVAMENTE ELE NÃO SERÁ O HOMEM ESCOLHIDO!

SENSAÇAO DE DESCARTÁVEL! (RECADO).

Estranho. Muito estranho o que estou sentindo. É como um divisor de águas. Tudo mudou dentro de mim. Nada do que eu queria faz mais sentido. É como se tivesse acordado no meio da escuridão. Perdi as referências. Pior que não tenho a menor ideia de onde buscar motivações para continuar. Por maiores que sejam as explicações do sucedido. Não faz mais sentido! Elas caem no vazio da alma. Não foi o fato em si. Foi a soma de toda uma vida! Foi a gota d’agua que faltava para transbordar no copo. “Você transbordou”! Nada será como antes. Ultrapassou todos os limites da falta de ética, respeito e consideração. Palavras são fracas diante de atitudes. Você ainda não percebeu isso? Tenho pena. Muita pena de você! Se perde em atitudes e gestos doentios achando que sou o remédio disponível sempre que precisar. Hoje eu me amo mais. Mudei a bula.  Indicação:- EXCLUSIVO:- PESSOAS EQUILIBRADAS E FELIZES!

SONHO RECORRENTE! ( ANCORADA NA INFÂNCIA/ADOLESCÊNCIA).

Sabrina, vinte e nove anos, anda atormentada com um mesmo sonho há meses. Acorda angustiada e intrigada. Precisa entender que mensagens são essas de seu inconsciente. Sonho:- “Sabrina está num hotel de veraneio. Cinco estrelas. Lá tem tudo que gosta na vida. Comida boa. Diversão. Beleza natural. Luxo. Pessoas interessantes. Último dia de viagem. Está ansiosa e com dificuldade de arrumar as malas pra voltar. Suas irmãs  já estão com malas fechadas. Tudo pronto, pra irem ao aeroporto pegar o avião de volta. Sabrina não consegue juntar todas as suas coisas. Está tudo esparramado pelo quarto. Tem peças e objetos que não consegue achar. Dificuldades pra fechar as malas. Muito ansiosa ao sentir o tempo passando e as irmãs pressionando que irão perder o avião. Ameaças de deixá-la lá. Sozinha! Ambivalência:- “Necessidade de voltar para casa/ Desejo de continuar no hotel.  (Princípio do prazer/ princípio da realidade!) Dificuldade de postergar o prazer e encarar a realidade.”. Trabalhando esse sonho com Sabrina e ouvindo sua história de vida, foi ficando claro a dificuldade que ela sente de encarar a vida de frente. “A realidade tem cara feia”. Se enquadrar e ter atitude de adulto diante da vida para ela é assustador. Assim como uma criança, Carina persiste, ( muitas vezes inconsciente) em continuar no prazer. Sua história mostra que foi uma criança carente. Sanduiche entre duas irmãs. Sua mãe deu o máximo que pode. Tentou lhe dar o melhor. Não foi o suficiente. Seu pai, constantemente ausente em situações fundamentais. Sempre correndo atrás de negócios. Sabrina ficou com um buraco nas relações de afetos primordiais. Não recebeu uma carga suficiente pra se auto estruturar emocionalmente. Extremamente sensível. Reprimiu expressões de afeto e de contato afetivo. ” Ninguém dá o que não tem”! Desenvolveu atitudes inseguras. Inapropriadas diante da realidade.  Sua expressão verbal ficou limitada e imatura. Na infância e adolescência foi vítima de bullying na escola. Dificilmente fazia amigos. Menina extremamente boa e honesta. Honesta até demais! Contida. Não percebia, muitas vezes, malícias próprias da idade”. Dificuldade de se inserir no social. Muitas vezes era  descartada da turma por isso. Restavam apenas e tão somente suas duas irmãs, que nem sempre lhe acolhiam calorosamente. Tinham seus próprios interesses! O sonho recorrente teve início depois que iniciou um processo terapêutico na tentativa de resgatar sua auto- estima e se entender melhor. Está sendo um grande suporte para alavancar e fazer emergir conteúdos emocionais incrustrados em seu peito. Já consegue sentir sua menina interna chorosa e insegura, querendo se reabilitar ao momento de vida. Crescer e usufruir o que lhe é de direito. NÃO QUER MAIS SER LANTERNINHA DE NINGUEM!