Faço parte de um grupo de cinco amigos dos tempos de universidade. Desde que nos formamos, há quatro anos, nos reunimos todo último sábado de cada mês. É sagrado! Na verdade só deixamos de nos ver, durante esse período, uma única vez. Chovia torrencialmente! Muito granizo e água, naquela noite. Não dava pra sair. Raios cruzando o céu, faíscas violentas, trovões barulhentos. Dava a impressão que o mundo ia acabar. Naquele sábado, resolvemos fazer o encontro por SKYPE. Não foi tão divertido como de costume. Sem vinho, nem cerveja, não era a mesma coisa, mas, deu pra matar a saudade, de certa forma. “Bolamos um jeito” diferente para a reunião do mês seguinte. Cada um dos integrantes escreveria sobre um ” Desejo oculto”, que seria exposto no próximo encontro do grupo. (Talvez fosse legal falarmos de sentimentos pessoais e trocar experiências”. “Sem terapeuta para analisar)! Aliás, temas emocionais sempre mexem nas pessoas. Esperei ansiosamente o próximo encontro. O dia chegou esperado, chegou lindo.. Ao contrário do mês anterior. Sábado de sol. Noite estrelada. Lua cheia, convidando encontro ao ar livre. Procurar algum barzinho animado. Foi o que fizemos. Lugar lindo. Todos empolgados. Cerveja gelada rolando. Batidas de frutas variadas. Pizza. Brincadeiras. Exagero? Não fez bem! Pedro, o menos resistente para bebidas, quis falar de seu desejo oculto, vivenciado num sonho. Visivelmente alterado pelo álcool, começou a falar sobre preferências e qualidades na cama. Abriu sua intimidade. Expôs desejos com detalhes estranhos, preferências masoquistas, que lhe davam incrível prazer. Descreveu o sonho mobilizador que tinha tido com “Clara”, uma de nossas amigas da turma.( Ele sempre teve uma queda por ela). Clara, por sua vez, não estava nem aí, com ele. Clara, sorrindo, ouvia a narrativa, tentando ser simpática. ( O relato foi tomando proporções invasivas, causando certo desconforto na turma). Irremediavelmente gozador, Pedro, foi relatando sexo obsceno, com cenas explícitas. Revelou ao grupo, sem nenhum constrangimento, sua predileção em apanhar e ser chicoteado, no momento da transa, e, que Clara, tinha correspondido plenamente aos seus desejos. Comentou que apanhar até sangrar aumentava ainda mais o seu prazer! Debochado, disse que no sonho, Clara presenteou-o com mais de vinte chibatadas. O relato foi ficando cansativo e pesado. “Caipirinha rolando solta”. A turma em coro gritando para ele parar. Clara, estava se contendo para não explodir. “O que de início foi engraçado se transformou em invasão a sua pessoa”. Raiva absurda, crescente! De repente, ela não se conteve. Em alto e bom tom, disse:-Cala a boca seu babaca! Não admito ser invadida desse jeito. Constrangimento geral. (Chamou-o de doente e desestruturado emocionalmente). Pedro, com expressão esquisita, calado, levantou-se. Foi embora. Acabou a noite, para todos! Acabando de chegar em casa, o telefone tocou. Estranhou pelo horário. Duas e meia da manhã. Quem seria? Do outro lado a voz inconfundível de Pedro. Sóbrio, pedia desculpas. Mil perdões! Disse que tinha brincado e exagerado. A malvada pinga recebeu a culpa. Disse que não esperava aquela reação da Clara. Nem do grupo. Não achava que tinha ofendido ninguém. Apenas contou um sonho divertido e normal. “Sexo, dor e prazer!” Nesse instante, interrompi Pedro e dei razão a Clara. Aproveitei para falar de minhas últimas leituras sobre masoquismo. Indiquei à ele. Comentei ser importante ele conhecer causas e efeitos desse tipo de preferencia, segundo a psicologia. Sobretudo indiquei o estudo de Reich sobre a couraça muscular do caráter e suas funções. Falei rapidamente, do caráter masoquista na visão de Reicheana. Pedro, ficou num longo silêncio. Apenas ouvindo! Respeitei. Finalizei, dizendo que Clara era muito delicada e genuína ao expressar emoções. A forma que ele usara como abordagem sobre seu sonho, tinha sido muito invasora e agressiva. O inverso do que uma mulher romântica e sensível espera de um homem estruturado. (Sentimentos saudáveis vêm de dentro para fora). Não precisam de chicotadas. “NASCEM NO CORAÇÃO”!
AMOR BANDIDO! ( EMOCÃO AUTO DESTRUTIVA).
Sentada em minha varanda, tomando uma taça de vinho tinto, para enganar a tristeza, observo a imensidão do mar. Gaivotas voando livremente aproveitam o movimento dos ventos de outono. Os barcos sumindo de vista. A brisa morna aquecendo a minha pele, me convidando à preguiça. Preguiça gostosa. Não fazer nada. Nada mesmo! Deixar o corpo conduzir os desejos que emergem das vísceras. Observo pessoas caminhando. Outras correndo pelo calçadão da praia. Buscando oxigenar as células. Eu ali, parada em minha preguiça. Isso me dá certa culpa! Sou profissional da área da saúde e sei bem da necessidade que o corpo tem de se movimentar para reequilibrar a energia. Decido não ter culpa. Entrego-me às sensações. Fecho os olhos e me deixo levar. O sol vai aquecendo suavemente a minha pele. Os poros recebendo esse calor invadindo todos os pontos do meu organismo. Estou me sentindo meio entorpecida. Em meio a essa sensação, ouço o som de um navio passando e o barulho das ondas cochichando histórias para a areia. Fico imaginando que histórias serão essas? Quantas dores. Quantos amores perdidos! Minha mente vive ancorando em temas angustiantes. Ando fugindo da tristeza, como louca. Agora me acontece essa! Não adianta. Esses sons vão me envolvendo e despertando momentos de uma paixão intensa vivida com você, Carlos. “Grande desilusão de minha vida”! Como eu sofri em suas mãos! De repente, retorna uma dor absurda em meu peito. Desesperada. tento fugir desviando os pensamentos. Não consigo! Já nem ouço mais o som das ondas. Só o som da sua voz invade todos os meus sentidos. Essa voz que sabia me enlouquecer. Quente. Energética. Tantas loucuras. Tantos desatinos. Promessas de paixão eterna. Quantas saudades meu Deus! Você é cruel. Não foi capaz de me perdoar uma única vez! Eu soube te perdoar tanto! Dava sempre uma nova chance para o nosso amor. Mas da última vez eu bem que te avisei. Não iria mais suportar a humilhação de ser traída. Você não levou a sério. Novamente me desrespeitou. Estava me sentindo sem identidade nessa relação doente. Quando incorpora esse seu jeito cínico e violento, que só você sabe ter, fica repugnante. Assustador. Tenho vontade de esganar você. Carlos a sua sedução acaba ali! Juro que não o reconheço. Muitas vezes pensei em ir dar queixa na delegacia da mulher. Desisti. Minhas amigas sempre diziam que eu parecia “MARIA SEM VERGONHA”. Perdoava sempre. Bastava você vir com essa sua voz dizendo coisas que eu queria ouvir. Minhas pernas bambeavam. Entregava-me ali mesmo. Estava enfeitiçada! Até nisso você era canalha. Sabia que esse era o meu fraco! Há algum tempo já estava concluindo que você não mudaria. Precisava sofrer na pele o preço de suas atitudes imaturas e inconsequentes. “Machão inveterado”, isso é você! Quer respeito, mas não dá. Não sabe o que é amar. Naquela tarde em que você chegou embriagado e com uma nota fiscal de motel no bolso da camisa, não briguei. Congelei o meu amor. Friamente arquitetei uma vingança à altura. Foi a primeira vez que resolvi dar um troco perfeito. Bem dado. Na semana seguinte sai com o Antônio, o seu rival dos tempos de colégio. Você detestava que ele me paquerasse, lembra? Queria que sentisse um pouco da dor que eu tinha guardado no peito, por todos esses anos. Fui ao mesmo motel em que você foi! Precisava sentir o gosto de estar lá também. Desta vez a sua voz rouca e sensual não teve a expressão de sempre. Confesso que nunca pensei que você reagisse assim. Nunca presenciei tanta fúria em um homem! Colocar um detetive atrás de mim? “Quem deve, teme”, né Carlos? Parecia uma fera ferida querendo atacar. Confesso que fiquei com medo. Pedi perdão. Tantas vezes te perdoei! Nada adiantou. Fiquei com a alma lavada. Coração partido. Nunca mais o vi. A vingança não alimentou o meu coração. Nesses últimos dois meses, sonho acordada com você. Pra saciar a dor, durmo todas as noites ouvindo “YOU ARE MY LOVE” que você gravou, cantando no meu celular. Me pego aqui na varanda inundada em emoções confusas. Ambivalentes. Respiro fundo. O forte cheiro de maresia me arranca desse estado. Fico em pé, e percebo como o tempo passou. No horizonte, um por de sol lindo. A campainha toca: Maria, a professora de yoga chegou. Vou tentar deletar das entranhas qualquer vestígio desse amor bandido. MARIA está me ensinando a ouvir o SOM SAUDÁVEL DO MEU CORAÇÃO!
E ELE NÃO MUDOU! (CARÁTER RÍGIDO).
Fui uma criança sonhadora e muito criativa. O mundo da imaginação me estimulava a sair da pobreza em que vivia. Nunca tive uma boneca, nem uma pequenina, como normalmente toda menina tem. Resolvi esse problema adotando o meu travesseiro como minha filhinha em minhas brincadeiras de criança. Quando sozinha, eu o enrolava num pano qualquer e desse jeito ela era o meu bebê. Ficava horas reproduzindo tudo que eu via minha mãe fazer com meu irmãozinho. Minha mãe dava um duro danado. Além de cuidar de seus dois filhos e da casa, ainda era costureira. Lembro dela horas a fio atrás daquela máquina. Muitas vezes percebi que chorava, quietinha no canto da cozinha, perto do fogão a lenha, onde ela fazia a macarronada mais gostosa do mundo. Todo domingo era dia de macarrão! Eu me deliciava. Não fosse o homem estúpido com quem ela se casou pela segunda vez, acho que eu teria sido uma criança feliz. Quando ela se separou de meu pai eu tinha nove anos e um amor infinito por ele. Sofri muito com essa separação. Por ser criança, naquela época, não pude entender os seus justos motivos. Meu pai tinha muitas qualidades, era honesto e trabalhador. Não tinha formação. Trabalhava onde surgia chance. Não tinha tempo ruim para ele. O problema era o seu jeito duro e insensível de ser. Homem rígido. Pai carinhoso do seu jeito. Voz forte, que me transmitia muita segurança. Algumas vezes, muito medo. Nunca voltava atrás de uma opinião formada. Enxergava o casamento como um machão. Só ele decidia. A esposa não tinha espaço para isso. Anulava a identidade de minha mãe. Não valorizava os esforços contínuos que ela fazia em sua máquina de costura! Muito menos a percebia como mulher. Diga-se, uma bela fêmea. Com uma sensibilidade exagerada. Muito sonhadora, assim como eu. Um belo dia, ela se encantou com o jornaleiro do bairro em que a gente morava. Um grande sedutor. Virou sua cabeça! Começou a fazer loucuras. Tenho na memória cenas de violência doméstica. Eu e meu irmãozinho nos escondíamos atrás da porta, até a briga acabar. Meu pai não queria a separação. Minha mãe não quis saber. Estava louca de paixão! Meu pai foi embora junto com a minha alegria. Passado pouquíssimo tempo, o jornaleiro entrou em casa. Estranhei e adoeci muito. Aquele homem desconhecido, querendo ocupar um espaço que não era o dele. ELE NÃO ERA O MEU PAI! “Afetos verdadeiros só se constroem ao longo da vida”. Rafael, meu padrasto, era um estrangeiro em minhas emoções. Ele não tinha o cheiro de meu pai, o seu olhar não me protegia. Essa nova relação de minha mãe durou o tempo que dura a paixão, com muitos altos e baixos. Nunca consegui gostar dele. Acho que nem ele de mim! Hoje compreendo que minha mãe idealizou em Rafael o homem de seus sonhos. Quando, na convivência, emergiu a real pessoa encoberta por toda aquela sedução, a máscara caiu. Então ela resolveu nunca mais ter alguém. Foi decidida. Ficou mais feliz assim. Envelheceu sozinha. Ainda vive só! Hoje se dedica à caridade. Faz costuras para crianças carentes. A parte financeira ficou mais tranquila. Nada mais justo que eu e meu irmão a ajudemos. Cuidou da gente com tanto sacrifício e amor! Formados, cada um foi buscar sua realização e deu muito certo. Por outro lado, fiquei distante de meu pai por vinte e cinco anos. Durante esse tempo todo ele nunca mais me procurou. Sempre que ele surgia em memoria, eu desviava o pensamento. Não queria sofrer! Fugia mesmo! Hoje, fazendo psicoterapia, viajando pelo meu coração, nasceu uma necessidade enorme de conferir o pai que tive. Alguma esperança brincava dentro de meus sentimentos. Será que ele havia sentido a minha falta? Será que havia mudado o seu jeito de ser? E o amor? Como louca iniciei uma busca desenfreada. Precisava saber de seu paradeiro. Se ainda estava vivo! Na verdade era um resgate de mim mesma. Tentar limpar amarguras ancoradas. Talvez continuar mais leve e resolvida. Depois de muitas buscas, veio a confirmação. Encontrei o meu velho, internado numa casa de repouso. Percebi em seus olhos uma imensa solidão. Tentei contato com aquela solidão. Não consegui! Ela fugia de mim. Num segundo momento, surgiu aquele olhar duro, tão conhecido em minha infância. Não desisti. Instintivamente, coloquei as suas mãos entre as minhas. Estavam meio frias, sem vida. Fui tocando-as com toda a delicadeza que os meus sentidos permitiram. Comecei a falar de amor. Algumas lágrimas rolaram em nossos olhos. Me aproximei um pouco mais. Contendo os meus soluços, com dificuldades, pude dizer “Eu te amo!”. Ele apenas me olhou no fundo dos olhos e apertou suavemente a minha mão. Essa foi a forma que conseguiu me falar de amor. Rapidamente, novamente, aquele olhar fugiu para sua conhecida solidão! Acho que é nesse lugar que se sente mais seguro. Para ele nunca foi possível verbalizar o Amor. Constatei que ele não mudou! Continua ancorado na dificuldade de se expressar. Seus sentimentos ficaram prisioneiros de sua própria rigidez de caráter. Confesso que fiquei impotente. Rapidamente me apropriei da vontade de o conhecer melhor. Toda semana estamos nos vendo. Noutro dia até consegui que minha mãe fosse lá. Quem sabe esse meu velho, querido e rabugento, aprenda a falar de amor! SERÁ QUE UM BOM VINHO TINTO AJUDA?
O VENTO E AS FORMIGAS! (CUIDAR DE SEU AMOR).
Através da janela do meu estúdio, vejo as folhas da pitangueira, dançando sem censura. O vento do outono, morno e suave, soprando folhas pra lá, pra cá… Anunciando as mudanças da estação. Meus olhos se fixam nessa dança. Despertam sensações tão antigas, tão conhecidas, que se misturam com os meus conflitos atuais. Confusão de sentimentos acelera meus pensamentos. Meu coração, neste momento, está começando a disparar… Angústias, desejos querendo emergir. Sinto-me em desequilíbrio energético. Dificuldade de organizar os pensamentos. Nossa! Estou adoecida, impotente. Não quero pensar nisso agora! Queria apenas ficar na saudade da infância. Lá encontro um porto seguro. Olhar o meu antigo quintal. Conversar de novo com a minha pitangueira. Com ela vivi tantas histórias. Momentos únicos. Toda vez que eu ficava triste, corria para o quintal e sentava ao pé da minha árvore. Longas conversas… Eu contava a ela todas as minhas mágoas. Queixumes, caprichos que me atormentavam. Ela sempre me ouvia. Como uma boa amiga faz. Oferecia acolhimento, em sua sombra frondosa e doces pitangas. Temos muitos, muitos segredos guardados. Amiga eterna! Bastava abraçar o seu tronco pra eu me acalmar. Contato quente e energético. “Árvores sentem e falam”! Assim que me formei em paisagismo, fiz questão de construir um espaço de trabalho integrado à natureza. Ficou perfeito na casa onde cresci. Há nove anos, pitangas brincam em cima de meu computador e de minha mesa de trabalho. Elas sempre me inspiraram. Adoçavam o meu humor. Tento fazer esforço pra não cair na depressão que está querendo me invadir. Não estou bem. Faço esforço pra fugir da minha tristeza. Está difícil! Quando me transporto para o passado, meus pensamentos são interrompidos abruptamente pelos últimos acontecimentos, que drenam minha pouca energia. Tento me enganar. Abafo a angústia que teima em voltar. Necessidade enorme de superar essa dor bloqueada no peito. Estou me sentindo fragilizada. Ambivalente! Confusão de sentimentos! “Às vezes, conciliar emoção com razão, fica quase impossível”. Tenho que admitir que a ruptura daquele amor, dilacerou meu coração. Reconstruir uma vida, me parece impossível. “Esse é um exercício árduo e muito sutil”. Exige busca de equilíbrio entre a mente e o corpo. A taquicardia não está passando! Isso me assusta! O peito aperta. Sinto as pernas bambas, meu Deus! Não, não vou me entregar a uma síndrome do pânico. Tenho muito medo desse transtorno. Não quero pensar mais em nenhuma tristeza. A falta de ar aumenta. Pensamentos e sensações se guerreando. Tento desviar meu foco mental. Não vou me permitir sofrer desse jeito. Reagir é a minha saída. Vou cuidar de resgatar o que perdi. “Amores fortes não podem morrer!”. Entrego-me novamente às recordações. Emergem ondas de raivas e de carinhos. Começo a respirar com pausas, para me acalmar dessa angústia. Vou me livrar dessas sensações que estão me machucando tanto. Dirijo-me até a janela do estúdio, buscando ar mais fresco. Ufa! Acho que já estou melhorando. O vento continua a balançar o galhos de minha velha amiga. Não se dá conta da intensidade da minha dor! Retomo a respiração normal e a taquicardia melhora. Olho o sol me aquecendo. Ele se mistura com o vento. As folhas caindo pelo chão. Busco na pitangueira, como antigamente, aquele afago energético tão conhecido! Parece que ela está sorrindo para mim. Continua saudável e forte. Só está perdendo folhas fracas ou talvez antigas! Outras nascerão em seu lugar. Mudanças necessárias para um novo ciclo. Faço simultaneamente uma analogia com o que estou sentindo. Isso me dá um certo alívio! Com essa sensação forte, desvio meu olhar das folhas para o caule. Fico assustada pela invasão de formigas vorazes que ali estão. Isso me arrepia. Uma atitude se faz necessária! Conflito intenso se instala novamente. Essas formigas invadiram a árvore errada. A MINHA PITANGUEIRA NÃO!
O SILÊNCIO DA DOR! (EMPATIA).
Há trinta anos sou uma profissional da área da saúde. Fiz essa escolha muito consciente. Sabia o que queria para minha vida. Meus pais não me apoiaram nessa escolha. Queriam que eu seguisse na área de exatas e me especializasse em finanças. Não se conformavam que, sendo filha única, não me interessasse pelos negócios da família. Meu pai tinha uma grande empresa de brinquedos, muito conceituada no meio empresarial. O grande sonho dele era me preparar para dar continuidade aos negócios. Sofri um bocado! Edson, meu pai, era articulado e rígido. Não se conformava com a minha decisão. Ficou uns tempos sem falar comigo. Confesso que, muitas vezes, pressionada, entrei em grandes conflitos. Cheguei a encostar na depressão. Reagi! No momento decisivo, decidi leal a mim mesma. Fui fazer psicologia. Sempre me intrigou os desajustes do comportamento humano, queria entender a natureza do desequilíbrio psicológicos e mentais. Porque tantas dores e sofrimentos? Tantos sentimentos contraditórios que levavam as pessoas a entrar num beco sem saída. Exatamente no lugar temido! Queria estudar muito e poder ajudar. Precisava disso para dar sentido a minha vida. Não hesitei em nenhum instante pelo caminho escolhido. Fui em frente. Me formei. Fiz especializações. Doutorado. Trabalhei duro! Pude compreender em meu trabalho que, existem dores tão intensas que chegam a anestesiar os sentidos. Despersonalizam. A pessoa se transforma numa caricatura dela mesma. Na maioria dos casos que acompanhei, pude me deparar com os reflexos dos danos que o desequilíbrio emocional acarreta na mente e muitas vezes no corpo também, em maior ou menor grau. Tanto em homens quanto em mulheres. Neste momento estou atendendo em minha clínica uma mulher de trinta e poucos anos. Há alguns meses, desolada, veio buscar ajuda. Expressando muito cansaço de viver. Muito abatida. Pálida. Triste. Nos olhos sem brilho, um grito de socorro. Derradeiro! Estava no limite de suas forças. Aquela figura frágil, descabelada e meio trêmula, voz baixa e rouca, me tocou profundamente. Me transportei por instantes, para o lugar emocional em que ela se encontrava. Sem identidade. Sem desejos. Sem vida. Apenas sobrevivendo do jeito que dava. Assim como um animal muito ferido. Abandonado no meio da rua. O pedido de socorro em seu olhar me sensibilizou. Senti que ainda havia chances! Aqueles olhos tristes, mostrou o caminho que deveríamos iniciar naquele momento. O meu acolhimento se fez vital. O choro chegou. Chegou forte. Assim como uma represa quando abre as comportas. Choro forte e revelador. Expressou mágoas profundas. Feridas mal cuidadas. Trouxe o recente amor perdido na esquina do destino. A inconformidade com a traição. Loucuras não assumidas. Auto- destruição e auto- sabotagem! Nos instantes em que me senti como no lugar dela, esmoreci energeticamente. Perdi as pernas, no entanto, rapidamente me recompus. Busquei contato com o meu lado saudável. Naquele momento consegui lhe oferecer um útero. Clara se entregou. Naquele momento, seu coração se aquietou. Dai em diante, um novo processo de vida. Gestação de sua nova identidade emocional. Nesses poucos meses de gestação, dá para perceber movimentos e sensações de renascimento. Noutro dia, numa sessão mais mobilizadora, Clara conseguiu se olhar no espelho. Olhou no fundo de seus olhos e num tom forte e incisivo gritou: Clara eu te amo! Ficou repetindo. Muitas vezes, até à exaustão. Acho que aquele confronto foi salutar. De lá para cá, Clara ficou mais leve. Organizada e feliz. Muitos planos e sonhos a caminho. “SOL ESTÁ NASCENDO”! (Corpo e mente, unidade funcional). REICH.
JARDIM DOS DEUSES! (AMORES VISCERAIS).
Amor verdadeiro transcende. Ele é sentido pela sua leveza e intensidade. Foi construído delicadamente, assim como a seda. Esses amores nunca morrem. Nasceram para a eternidade! São alimentos essenciais para a nossa essência. Devem ser cultivados com muito contato saudável e aceitação. Muito perdão. Amores verdadeiros, dependendo da situação, podem ter caras diferentes. Algumas vezes são macios, leves. Risonhos! Oxigenam a alma. Lindos de se ver. Dá vontade de prendê-los entre as mãos e nunca mais soltar. Têm aromas e contornos próprios. Nossa! Como são bons, os amores ternos! São como o sol, preenchem a vida de luz. Há situações em que esse mesmo amor pode ter uma cara carrancuda. Amarrada. Pesada. São aqueles momentos difíceis, em que se esbarram em obstáculos que impedem o livre fluir dos sentimentos. Muitas vezes o ser amado nos magoa ou nos causa conflitos intensos. Desestabiliza os nossos sentimentos. Na maioria das vezes por motivo banal, fútil. Muito comuns na convivência humana. Principalmente na intimidade das relações. Nesses momentos, podem surgir muitos questionamentos. Vontade de romper. Necessidades de mudanças. “Crises são importantes desestabilizadores para renovações ou resoluções”. Quando a base do amor é sólida, pode se fortalecer mais ainda. Faz brotar sorrisos mais genuínos! Pode também acontecer um processamento que estimule a “novos caminhos”! No amor conjugal, a crise tem uma cara diferente. Envolve a Paixão. É mais intensa. Sexualidade envolve sentimentos agressivos e egoístas. Muita posse. Geneticamente tem a sua explicação. A paixão é agridoce. Parece vampirismo: lambe e suga! “Delícia e tortura”. A paixão, por ter natureza idealizada, confunde os sentidos! Muitas vezes é confundida com o Amor. O caminho colorido da paixão, se não houver sintonias de almas, é tão envolvente quanto curto. Só sexo e química não estruturam e nem alimentam o amor. O impulso sexual, que nutre a paixão, funciona com muita ambivalência: força e fragilidade. Dura só o tempo que se sustenta nas nuvens! Para alcançar o “status” de Amor, tem uma estrada longa e, na maioria das vezes, tortuosa. Sair da fantasia é difícil mas é fundamental. Enfrentar a realidade da vida. Reconhecer, sentir e construir, com dados. A vida é cruel com a paixão. Desmancha sonhos e fantasias coloridas. O amor, nesse momento, pode sutilmente ser alimentado e desenvolvido nos detalhes. Imperceptíveis a olho nu. Muito vivos na sensibilidade. Pode ser um instante mágico. Junção dos sentimentos, sentidos e vísceras. O coração se vitaliza. Coração e sexo. Sexo e coração! Entrega. Volúpia! Amor integrado com a paixão. Naturalmente intenso. Paraquedas com arco-íris e terra firme esperando! JARDIM DOS DEUSES É PARA QUEM APRENDEU A AMAR!
RESPOSTA AOS QUERIDOS LEITORES.
BOA TARDE. ESTOU MUITO FELIZ PELA COMPANHIA DE TODOS VOCÊS. ESPERO QUE O NOSSO TRABALHO ESTEJA COLABORANDO, EM ALGUM ASPECTO, NA EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA , AUTO CONHECIMENTO E AUTO DESENVOLVIMENTO. É MUITO IMPORTANTE CULTIVAR A INTEGRAÇÃO PSÍQUICA, FÍSICA E SOCIAL, NA BUSCA DO EQUILÍBRIO E DA FELICIDADE. DESCULPEM- ME POR NÃO CONSEGUIR RESPONDER AOS COMENTÁRIOS INDIVIDUALMENTE . ESSE ESPAÇO É DE VOCÊS! BEIJOS . QUALQUER DÚVIDA , MEU E-MAIL leilafavrin@outlook.com
O ABUTRE HUMANO! (IMPIEDADE).
A qualidade dos alimentos que ingerimos determina o nosso equilíbrio energético e orgânico. É como um divisor de águas entre a saúde e a doença. É incrível a diferença entre as pessoas que vivenciam este conceito. Nos últimos tempos tem havido muita divulgação através das mídias e uma crescente ampliação da consciência sobre o tema. Toda a alimentação natural é mais saudável. Dá mais prazer! A natureza nos oferece uma gama incrível de sabores para os mais diferentes gostos. A criatividade da gastronomia moderna oferece alternativas deliciosamente surpreendentes. Há nove meses, chegou uma pessoa em minha clínica, um tanto fragilizada, mas com muita determinação. Queria reeducar suas vontades e necessidades alimentares. Ela chegou dizendo se sentir compulsiva em “comer”. Inteligente e interessada, pesquisou sobre o tema. Percebeu que sua gula estava relacionada a muita ansiedade e dificuldade de resolver os seus conflitos. Todas as vezes em que se sentia angustiada, corria pra cozinha. Abria a geladeira e se atolava nas guloseimas. Isso acontecia principalmente durante as madrugadas. É como se, preenchendo o estômago, o coração não tivesse espaço pra sofrer! Se deu conta que essa situação estava cada vez mais recorrente. A balança não cansava de acusar esse seu comportamento doentio. Percebeu também que, dependendo do que ingeria o seu organismo, tinha uma resposta específica. Todas as vezes que comia carne, sentia a digestão mais lenta e pesada. Empachada mesmo! Apesar disso, a compulsão em comer só aumentava. Não conseguia se desvencilhar. Sentia-se presa em teias ocultas, inconscientes. Era como se, ao não obedecer a esse impulso compulsivo, iria morrer de angústia. Enorme dificuldade em lidar com suas questões emocionais, veio buscar ajuda. Na medida em que foi realizando a sua “viagem interna”, começaram a aflorar situações de carências. Medos e muitas raivas inconscientes. Ficou ambivalente: entrar em contato com sentimentos tão intensos, bloqueados, há muito, em seu peito, era difícil, mas lhe trazia imenso alívio e uma expansão de consciência. “Quantos alimentos nocivos à alma e ao corpo envenenando o seu organismo!”. Numa das sessões, reviveu a situação emocional mais dolorosa que tinha experienciado. Cena intensa. Destruidora. Qualificou de “abutre humano”, sua melhor amiga. Roubou o seu amor. Sem piedade e friamente. Sentiu-se invadida. Traída duplamente. Humilhada. Quanta rejeição e raiva armazenou desde então. Não tinha se dado conta disso. Defendeu-se no orgulho. Cabeça erguida e coração esmagado! “Defesas não resolvem nenhum conflito”! Engordou catorze quilos. Não se reconhecia mais. Tinha perdido o seu amor e a sua identidade! Percebeu que se auto sabotara. Agora, está fazendo um caminho de volta a si mesma. Transformação radical! Aderiu a uma alimentação vegetariana. Não soube explicar o porque, mas, decidiu nunca mais comer carne. Disse que não foi só pela lenta digestão que sentia, mas, principalmente, por respeito à vida. Compaixão aos animais! Seres sensíveis e amorosos. Precisam ser respeitados e amados. Parece que suas dores a deixaram mais sensível ao sofrimento do outro. Mais capacidade de empatia. Mudou todo o costumeiro cardápio. Diz que sua mesa ficou colorida e energética. Está paulatinamente recuperando o equilíbrio emocional e físico. Voltou a se sentir bonita. Mais atraente. Fortalecida. Já consegue se auto controlar. Resolveu trabalhar contra matanças de animais. Está participando de uma ONG. Diz que não precisa da vida deles pra ter saúde e alegria de viver! Quanto à sua amiga traíra? Outro abutre a atacou. NÃO SOBROU NEM PENAS!
PAIXÃO! ( DISTÚRBIO DA ALMA).
Estar apaixonada por alguém. Quantas vezes me perdi nesses caminhos. Confusão intensa! Fixação mental. Sensação de cisão. Não conseguia me auto reconhecer, naquela condição. Sem chão. Adoentado. Não é fácil estar apaixonado! Parece que a bandida quer testar a nossa sanidade e capacidade de equilíbrio. A paixão intensa fantasia lados irreais, idealizados. Ela finca fundo seus dentes. Dói! Desestabiliza! A paixão é casada com o medo. Medo do medo de sofrer! Insônia, taquicardia, tremedeira. Paixão é uma droga! Vicia e acelera a mente. Sonhamos e construímos, mentalmente, o impossível. Rimos à toa. A paixão é engraçada. Viramos palhaços! Falamos bobagens. Falamos mentiras. Até verdades! Sentimentos desconexos. Vontade de voar. De sumir, de permanecer. A paixão é ambivalente! A alma fica dançando nesses dois polos: liberdade e prisão. A paixão é masoquista! Egoísta. O acordar saudável de uma paixão vai depender dos hormônios, do reequilíbrio emocional. Se houver combustível de qualidade, suficiente, poderá acontecer um bom nascimento por ai. O TÚNEL DO AMOR É UM FUNIL SELETIVO!
FURA OLHO! ( EGOÍSMO/ IMATURIDADE EMOCIONAL).
Conhecemos o ser humano quanto à sua raça e origem. Negros, amarelos e brancos são prontamente visualizados e reconhecidos. A aparência física é fácil visualizar e perceber características, diferenças e semelhanças. O lado complexo, escuro de se olhar é o aspecto psíquico. Com todos os seus mistérios, funções e disfunções, determinando o comportamento. Nele que estão armazenados conteúdos emocionais de uma vida! Tudo se inicia na gestação. Recebemos desde o útero materno “alimento emocional determinante”, podendo ser saudável ou não. Qualidade do contato que recebemos é fundamental! Um útero quente e cheio de amor ou um útero frio e sem acolhimento, fará toda diferença na distribuição energética do “ser” em formação e na saúde como um todo. Gestação nutrida com muito amor é um ótimo começo! Todas as vivências emocionais, nas mais variadas fases, são registros internos importantes, tendo uma relação com o aparelho psíquico. Podemos recalcar no inconsciente traumas e estresses profundos, como forma de nos proteger da dor. Ficam lá, como inimigo oculto, podendo emergir em situações de carências e fragilidades intensas. Difícil diagnostico, em nós mesmos ou no outro! Por isso nos iludimos tanto com pessoas, fazendo escolhas erradas. “As aparências enganam”! Cada um age e reage de forma própria diante da vida. Estou com uma paciente a quem vou chamar “Fabiana”. Fruto de uma gravidez indesejada. Sua mãe, mulher mal amada, não conseguiu abortar em tempo. Nunca a desejou! Assim que Fabiana nasceu foi entregue para a adoção. Ela não pode sentir das entranhas de sua mãe o acolhimento amoroso a que toda criança tem direito! Adotada com nove meses, por uma família rígida e formal. Cresceu rebelde e agressiva. Fazia o jogo da boa menina, até certo ponto, por conveniência. Muitos problemas emocionais! A adolescência foi um horror! Fugiu várias vezes de casa. Parou de estudar. Não tinha o menor interesse por nada que fosse construtivo. Revoltada, mesmo! Envolveu-se com más companhias. Quase matou Ana Cláudia, sua mãe adotiva, tantos os desgostos. Passada a adolescência, fase hormonal crítica, depois de muitas punições e advertências, voltou finalmente aos estudos. Transformou-se numa moça astuta, charmosa e envolvente. Ainda com comportamento cheio de atitudes negativas, recorrentes e auto destrutivas. Fabiana, desenvolveu fama de mau caráter. Adorava destruir relacionamentos de outras mulheres. Simples prazer. Sentia-se, poderosa e nutrida! Alimentava o seu ego! Aprendeu a seduzir e conquistar com palavras e gestos falsos. Para se relacionar, preferia homens comprometidos. Usava todo o seu charme! Não tinha a menor piedade da mulher de quem furava o olho! Também tem uma coisa, só caiam no seu jogo homens carentes e fragilizados, buscando autoafirmação. (Essa foi a forma que Fabiana desenvolveu para sentir-se importante, valorizada e acolhida). Talvez amada! Não se dava conta da sua falta de ética e de respeito ao próximo. Extremo egoísmo. Nunca pensava na dor do outro. Revanche da vida! Essa moça articulada, aparentemente boazinha, foi pega de surpresa em seu último jogo de sedução. Aconteceu quando resolveu conquistar Pedro, marido de Juliana. Uma conhecida do pedaço. Se deu mal! Foi mexer com a pessoa errada! Jogou charme. Usou todos seus instrumentos de sedução, conhecidos e eficazes. Pedro, homem viril, machão, caiu na armadilha. Quis mostrar sua força de macho. Tentou corresponder às expectativas de Fabiana, testando sua sexualidade. Até esqueceu que era casado e com dois filhos pra sustentar. Fabiana , também, nem um pouco preocupada se iria destruir uma família. Era excitante para ela. Só que Juliana, mulher atenta, desconfiou do comportamento Pedro. Resolveu investigar. Lutar pelo seu casamento. Sabia que estava em crise. Sabia, também, que ela e Pedro se amavam! Luciana, determinada, foi tirar satisfação direta com Fabiana. Sem briga. Muito diálogo. Defendeu o seu casamento com todas as armas que uma mulher inteligente pode usar. Conversou longamente. Falou de sua história. Dos conflitos e angústias. Desnudou-se. Mostrou-se verdadeira. Íntegra! Fabiana ficou perplexa com a honestidade e a exposição emocional de Juliana. Não tinha até então conhecido esse modelo de mulher. Sensível, leal e forte. Algo se mobilizou no interior de Fabiana. Nasceu uma admiração inesperada pela atitude íntegra e transparente de Juliana. Viu-se pequena diante daquela mulher! Sensações novas, ambivalentes, começaram a incomodar. ( Fabiana, veio buscar terapia há um tempinho). Está num processo de abrir o coração. Na última sessão, tivemos um indício importante de nascimento saudável. Uma semente ligada ao amor genuíno parece que está brotando. Germinando. Processo mágico! A empatia e o respeito estão metendo o nariz em seus sentimentos. Está numa fase de gestar suas emoções. Vamos trabalhar com muito cuidado e sensibilidade para que essa gestação não seja de alto risco! FURAR OLHO É CEGUEIRA NA ALMA!